COMÉRCIO ELETRÔNICO

Sete em cada dez moradores da RMC compram na internet

Segundo pesquisa, 69% das pessoas ouvidas na região utilizam o e-commerce

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
14/06/2025 às 12:45.
Atualizado em 14/06/2025 às 12:45
Eletrodomésticos e eletrônicos estão entre itens mais procurados pelos consumidores que compram pela internet (Alessandro Torres)

Eletrodomésticos e eletrônicos estão entre itens mais procurados pelos consumidores que compram pela internet (Alessandro Torres)

Pesquisa realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) mostrou que sete em cada dez moradores da Região Metropolitana de Campinas (RMC) fizeram compras pela internet nos últimos 12 meses. De acordo com o levantamento, 69% das pessoas declararam ter utilizado o e-commerce, taxa ligeiramente superior a média de 67% do Estado de São Paulo. O perfil do usuário do comércio eletrônico mostra que os homens são maioria, com 68% declarando ter feito compras este ano, enquanto que entre as mulheres a taxa foi de 65%.

A predominância é entre o público com idade até 59 anos. Segundo o levantamento, a faixa etária de 30 a 44 anos é a que mais se utiliza das compras virtuais, com 77% dos entrevistados tendo feito uso nos últimos 12 meses. Entre as pessoas de 45 a 49 anos, a taxa é de 75%, enquanto 74% das pessoas de 18 a 29 anos declararam ter se utilizado do e-commerce. O público com 60 anos ou mais é a com a menor participação no comércio eletrônico, 37%. 

O uso desse meio foi maior entre as pessoas com renda superior a dez salários mínimos (R$ 15.180), 88%. Depois apareceram os consumidores virtuais com ganho de mais de três até dez mínimos, 85%, com os que ganham entre um e três mínimos foi de 67%. A personal trainer Thais Pego, de 28 anos, recorre rotineiramente aos sites de venda e marketplaces, plataformas online reunindo diversos vendedores, fazendo compras pelo menos uma ver por mês, "Mas, nesses últimos meses, com as datas festivais, tenho usado bem mais, pelo menos umas duas vezes por semana", afirmou. 

Ela disse comprar de tudo através da internet, desde roupas, acessórios a peças para manutenção de equipamentos a itens de consumo diário em casa. Para a consumidora, a principal vantagem oferecida pelo comércio eletrônico é o preço mais em conta. "Comparado o preço das lojas, já cheguei a pagar 50% a menos sem nenhuma promoção", afirmou Thais Pego. A personal trainer ressaltou ainda ser comum a oferta de descontos, com as vantagens oferecidas pelos sites tornando ainda mais atrativa compra. Elas incluem os programas de ponto ou milhas e concessão de cashback, programa de recompensas que devolve ao consumidor uma porcentagem do valor gasto em compras. "Muitas vezes, o frete é grátis. Então, não preciso me deslocar para fazer as compras", acrescentou. 

A educadora física Thaynara Santos Silva foi ontem até uma agência de retirada de produtos de um marketplace, no Centro de Campinas, para pegar uma encomenda. Ela disse ser um cliente habitual e comprar de tudo pela internet, incluindo itens para casa e utensílios. A consumidora apontou a praticidade das compras digitais como a principal vantagem, tendo acesso a várias lojas virtuais na ponta dos dedos. "Eu não tenho tempo e nem paciência para ficar percorrendo as lojas físicas", afirmou Thaynara Silva. 

MAIS PROCURADOS 

De acordo com a pesquisa da Seade, os consumidores na internet compram principalmente eletrônicos e eletrodomésticos, com 86% dos pesquisados tendo comprado um item desses segmentos. Além disso, 37% dos compradores desses produtos disserem fazer o uso dos sites de venda com regularidade e 49% eventualmente. O levantamento apontou ainda predominância de pessoas mais escolarizadas, com 26% tendo ensino superior. Entre os consumidores com ensino médio, a taxa foi de 8% e de 5% entre os com ensino fundamental. 

Apesar do comércio pela internet estar bem disseminado, 33% dos residentes em São Paulo não reportaram essa prática em 2025. Segundo a pesquisa, 45% dos entrevistados alegaram não comprar pela internet por não saber lidar com as ferramentas de venda. Além disso, entre essa parcela, 22% disseram se sentir inseguros. Esse argumento afetou mais pessoas com ensino superior (40%) e aquelas cujas famílias se situam na faixa de três até dez salários mínimos (41%). 

"Esse comportamento parece refletir mais uma oportunidade de escolha do que um impedimento, como o que afeta os segmentos que sequer dispõem de conexão à rede", apontou o relatório da Seade. Além disso, 15% dos entrevistados disseram não fazer compras online por não possuírem conexão com a internet. Essa justificativa foi usada por 18% entre as pessoas residentes no interior paulista e 11% dos moradores na Região Metropolitana de São Paulo. 

PARTICIPAÇÃO 

Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o faturamento estimado do e-commerce este ano no país é estimado em R$ 224,7 bilhões, aumento de 10% em relação aos R$ 204,3 bilhões de 2024, Ou seja, o crescimento das vendas online ficará próximo ao do resultado do ano passado, quando houve aumento de 10,5% em comparação aos R$ 184,9 bilhões de 2023. 

Os dados da entidade apontaram ainda que em 2024 foram realizados 414,9 milhões de compras pela internet, com muitos compradores fazendo mais de operação. O número de consumidores online foi de 91,3 milhões de pessoas, com o valor médio de gasto ficando em R$ 492,40. A proporção foi de 4,54 compras por cliente. 

As vendas pela internet representaram 71% das vendas de uma grande rede de lojas de eletrodomésticos e móveis, com 1.286 lojas no Brasil, das quais 35 em 17 cidades da RMC. A empresa faturou no ano passado R$ 46 bilhões com o e-commerce, enquanto as unidades físicas chegaram a R$ 19,33 bilhões. De acordo com a gigante do varejo, as vendas online têm uma importância significativa, impulsionando o crescimento da empresa e transformando a experiência de compra para os clientes. O e-commerce não só amplia a presença da empresa, como também atende a um público que antes dependia de grandes centros urbanos para realizar suas compras. 

INVESTIMENTO 

A rede anunciou há duas semanas um investimento de US$ 50 milhões (R$ 277,55 milhões) para impulsionar as iniciativas de tecnologia, incluindo a plataforma de marketplace, fulfillment (processo completo desde a solicitação de um pedido no e-commerce até a entrega do produto ao cliente). serviços em cloud (nuvem) e fintech (empresa de empréstimo). "Ao mesmo tempo em que nos ajuda a acelerar a estratégia de consolidação de nosso ecossistema de negócios, que inclui a plataforma de varejo, serviços de logística, pagamentos e crédito, ads e cloud, dá chancela importante para nosso negócio", afirmou o CEO da empresa, Frederico Trajano. "É um poderoso sinal de que estamos no caminho certo", acrescentou. 

"O avanço do consumo digital, impulsionado pela internet e pelas tecnologias móveis, tem transformado radicalmente a forma como as pessoas compram e consomem produtos e serviços. A conveniência e a agilidade do comércio eletrônico, aliado à crescente personalização da experiência de compra, são os principais fatores que impulsionam essa mudança", disse o especialista em e-commerce Paulo Henrique Martins. Atualmente, explicou, muitas compras feitas pela internet são entregues no mesmo dia na casa do cliente ou em 24 horas, dependendo da cidade onde reside. 

Para ele, as empresas precisam adaptar suas estratégias, modernizar seus processos e oferecer experiências digitais que atendam às expectativas dos consumidores. "Os consumidores valorizam a conveniência, a personalização e a experiência digital, buscando rapidez, facilidade e informações detalhadas sobre os produtos", afirmou. 

A internet e as plataformas digitais, disse Paulo Martins, também permitem aos consumidores tomarem decisões mais conscientes, comparando preços, avaliando produtos e buscando opções mais sustentáveis. Com o avanço da tecnologia, observou, surgem desafios éticos e de privacidade que as empresas precisam abordar, como a proteção de dados e a transparência na coleta de informações. "O avanço do consumo digital é um processo contínuo e dinâmico, que traz tanto oportunidades quanto desafios para as empresas e consumidores. A adaptação às novas tecnologias e a busca por experiências personalizadas são essenciais para o sucesso no mercado digital", disse o especialista.

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