Os 1,13 milhão de inadimplentes da Região Metropolitana de Campinas (RMC) também podem se beneficiar das propostas de acordo
De acordo com a empresa de análise de crédito, o número de inadimplentes na RMC teve alta de 3,77% em um ano; o total era de 1,08 milhão em agosto de 2023, mas 41.056 nomes foram incluídos na lista de devedores em 12 meses, o equivalente a toda a população de uma cidade do porte de Pedreira (Rodrigo Zanotto)
A Serasa, maior empresa de análise de crédito do país, está com 177,24 milhões de ofertas no Estado para pagamento de dívidas com até 90% de desconto, o que inclui propostas para quitar pendências dos 1,13 milhão de inadimplentes da Região Metropolitana de Campinas (RMC), número que voltou a subir em agosto, alta de 0,51%. O Estado São Paulo tem o maior número de débitos liberados para negociação, representando 32,23% do total de 550 milhões em todo o país, somando R$ 940 bilhões. A disponibilidade paulista é superior à soma de todos os outros Estados da Região Sudeste. Juntos, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo têm 122,7 milhões de ofertas na campanha Serasa Limpa Nome.
Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, é uma oportunidade para os consumidores renegociarem as dívidas e voltar a ter crédito para as compras de final de ano. Até o final de novembro, explicou, deverá ser paga a primeira parcela do 13º salário, com o dinheiro extra podendo ajudar na busca pelo equilíbrio nas contas. “Tente renegociar esses valores com o credor e veja a possibilidade de usar o 13º para quitar uma dívida e resolver o problema”, aconselhou.
Ele alertou, contudo, para a necessidade de o consumidor fazer as contas para ter a certeza de que conseguirá manter o pagamento do acordo após o fim do recurso suplementar. “Para aqueles que estão endividados e veem esse dinheiro extra como a solução dos problemas, saiba que ele não é. O ideal é que os compromissos financeiros caibam no orçamento mensal”, orientou o educador. As financeiras representam 43,59% das ofertas disponíveis para negociação na Serasa. A segunda colocação é ocupada pelos bancos e cartões de crédito, com 11,91%, seguido por telecomunicações (9,28%) e varejo (5,38%).
RMC
Em agosto, a inadimplência voltou a subir depois de cair em junho e apresentar estabilidade em julho. No oitavo mês do ano, 5.735 nomes na Grande Campinas foram incluídos na lista de devedores da empresa. Em julho, o total era de 1,12 milhão, aproximadamente. Já o total das dívidas chegou a R$ 7,26 bilhões em julho, elevação de 0,97% em comparação aos R$ 7,19 bilhões do mês anterior. O operador de tomografia José Arnaldo da Silva Nascimento é um dos consumidores com dívidas. Ele tem contas de energia elétrica atrasadas, mas evita acumular bastante para não ter o serviço cortado. “As coisas estão muito caras, subindo, e o salário não acompanha”, relatou.
Arnaldo Nascimento espera o pagamento do 13º salário no próximo mês para quitar as contas em atraso. Desempregada há três meses, a auxiliar de limpeza Marlene de Souza Nunes também tem enfrentado dificuldades para manter as contas em dia. O pagamento do seguro-desemprego e os bicos são insuficientes para cobrir todas as despesas. “O salário já deixava bem a desejar, mas agora está mais difícil”, disse. Ela espera conseguir uma nova colocação a curto prazo para evitar um volume maior de dívidas. Atualmente, ela tem faturas do cartão de crédito em atraso.
As dívidas incluídas na campanha podem ser negociadas por cinco canais. Na internet, através do site Serasa Limpa Nome, pelo aplicativo disponível no Google Play ou App Store, pelo telefone 0800 591 1212, pelo WhatsApp da empresa, (11) 99575-2096, ou em uma agência dos Correios.
Segundo a empresa, a negociação é feita em poucos minutos. O prazo para que a dívida seja retirada do CPF é de cinco dias úteis após o pagamento. Depois de pagar a primeira parcela do acordo realizado, a própria credora deve enviar essa informação à Serasa para que a informação seja atualizada no site. Essa etapa leva, no máximo, mais sete dias úteis.
CRESCIMENTO
De acordo com a empresa de análise de crédito, o número de inadimplentes na RMC teve alta de 3,77% em um ano. O total era de 1,08 milhão em agosto de 2023. Em 12 meses, 41.056 nomes foram incluídos na lista de devedores, o equivalente a toda a população de uma cidade do porte de Pedreira. Em Campinas, o aumento dos consumidores com contas em atraso subiu abaixo da média da Região Metropolitana. Em agosto, a cidade, tinha 449.167 nomes inscritos, alta de 0,41% em comparação aos 447.335 de julho. A elevação chegou a 2,13% em relação a igual mês de 2023, quando eram 439.788 devedores. Valinhos continua apresentado o maior tíquete médio de dívidas por inadimplente, R$ 7.297,42. Em Campinas, a média ficou em R$ 6.556,15 em agosto.
A elevação do número de devedores na Região Metropolitana foi na contramão do resultado nacional, que apresentou queda de 0,28%. O país fechou agosto com 72,46 milhões de devedores, segundo a empresa de análise de crédito. O valor total de dívidas ficou estável em R$ 390,5 bilhões, assim como o número de contas em atraso – 271,8 milhões. De acordo com a Serasa, os devedores equivalem a 44,79% da população brasileira. O Rio de Janeiro é o Estado com a maior proporção de pessoas com contas em atraso, 54,77% da população. Em São Paulo, a taxa é de 47,37%.
CORRENDO ATRÁS
Uma pesquisa da empresa apontou que apenas 35% dos brasileiros acreditam ter alcançado a independência financeira. O levantamento inédito foi feita pelo Instituto Opinion Box, que ouviu 1,2 mil entrevistados de todo o país, de 18 anos a mais de 60, inclusive da RMC.
De acordo com o trabalho, 77% dos brasileiros afirmaram que a independência financeira é uma “realidade distante” para boa parte da população. Entre aqueles que ainda são dependentes de alguém para arcar com suas despesas, 49% admitiram sentir culpa por estar nesta situação, e 43% temem nunca conseguir sair dela.
Para quem ainda não conseguiu alcançar a independência financeira, as prioridades são pagar as dívidas (41%), conseguir um emprego (25%) e ter um investimento (24%). “A independência financeira precisa de planejamento financeiro, controle do orçamento e informações suficientes para tomar decisões assertivas”, ressaltou o especialista em finanças pessoais da Serasa, Thiago Ramos.
Segundo a pesquisa, as principais atitudes apontadas pelos entrevistados para alcançar a independência são controlar os gastos (57%), ter planejamento financeiro (36%) e ter renda extra (29%). Entre a parcela que acredita ter atingido esse ponto, 44% disseram que a conquista aconteceu entre os 18 e os 24 anos, e outros 21% entre os 25 e os 30 anos. Houve ainda 5% que conquistaram a independência financeira antes mesmo dos 18 anos.
“Os dados mostram que para a maior parte dos brasileiros essa sensação de autonomia chega junto com a inserção no mercado de trabalho, uma promoção profissional ou coincide com o período de mudança da casa dos pais”, destacou Thiago Ramos. “A chamada independência, por sua vez, demanda cautela e exige cuidados necessários sobre o que fazer com os primeiros salários, como organizar as novas contas básicas e como utilizar a obtenção de crédito da forma mais consciente possível”, alertou o especialista em finanças pessoais.