Sindicato que representa os vigilantes debateu o problema com as policiais civil e militar
Audiência ocorreu nesta quinta-feira (2), na Câmara municipal (Janaína Maciel/Especial para a AAN)
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) concentra todas as ocorrências de sequestros de vigilantes seguidos de roubos a carros-fortes do Estado. Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Valores do Estado de São Paulo e o Sindforte, a nova modalidade de crime vem sendo cometida somente nessa região do Estado. As categorias se reuniram nesta quinta-feira (2), na Câmara de Campinas, com representantes da Polícia Militar e Civil para debater o assunto. Desde os últimos meses de 2012 até está quinta (2), foram registrados 15 casos na região, sempre com o mesmo modo de ação. "Campinas é a única região do Estado de São Paulo que tem essa modalidade de crime. Isso não vem ocorrendo nem mesmo na Grande São Paulo", afirmou o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Valores do Estado de São Paulo, Marcos Totoro.As empresas e os vigilantes dizem que é preciso entender os motivos da região concentrar todos os casos e combater as facilidades que os criminosos vêm encontrando aqui. "Se sabemos onde estão ocorrendo os sequestros e os crimes, é preciso melhorar a segurança nesses locais", afirma Totoro.O major Euclides Vieira, representante do Comando de Policiamento do Interior (CPI) 2 afirmou que a Polícia Militar, a quem compete a prevenção à criminalidade, não tem como agir nesses casos. "Esse tipo de delito não está na nossa mão. A PM é comunicada após o exaurimento do crime", afirmou.Os sindicalistas presentes no encontro, no entanto, discordam. Dizem que é preciso reforçar o policiamento preventivo nas regiões e rodovias em que os crimes costumam ocorrer. "A gente que trabalha na escolta de valores sabe, por exemplo, que falta policiamento rodoviário em determinado local e é nesses locais que os bandidos agem. Se melhorar o policiamento preventivo, os crimes diminuem", afirmou um dos sindicalistas que acompanhou a reunião, mas não se identificou.DificuldadesO tipo de crime, que costuma render cerca de R$ 1 milhão por ação, vem sendo praticado por quadrilhas especializadas e já está sendo replicado por muitos criminosos. "Que outra modalidade de crime garante um ganho como esse? E é esse motivo que vem atraindo mais criminosos e dificultando o trabalho da polícia", afirmou a delegada Denise Margarido.O delegado Carlos Henrique Fernandes, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), disse que a Polícia Civil está empenhada em identificar e prender os bandidos. "Mas temos um problema real, são muitos casos, os grupos se multiplicam e a forma de agir tem sido replicada", disse o delegado.Outro fator que vem dificultando o trabalho da polícia é o fato de os sequestros só serem comunicados após a concretização do roubo. "Isso dificulta nossa ação, é preciso que as categorias entendam que a nossa meta principal é sempre preservar a vida da família dos vigilantes", afirma Denise.MoçãoDurante a reunião desta quinta-feira (2), os vereadores afirmaram que vão encaminhar uma moção ao Ministério da Justiça pedindo que seja adotado um protocolo único de segurança por todas as empresas de transporte de valores. O objetivo é facilitar a proteção aos trabalhadores e aos familiares, já que atualmente cada empresa possui um protocolo diferente.SequestrosOs sequestros de vigilantes e familiares vem obedecendo a um padrão. Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Valores de São Paulo, os criminosos procuram vigilantes que sejam casados, tenham filhos pequenos e morem em Sumaré, Hortolândia e Monte Mor. "Eles preferem famílias com crianças novas, de 5 a 10 anos de idade. Procuram mulheres que não trabalhem fora e que morem em casas", afirmou o presidente do sindicato, Marcos Totoro.Com base dessas informações, diz o sindicalista, as empresas montaram um plano de proteção aos funcionários. "Nós deslocamos seguranças para proteger os funcionários que se encaixam nesse perfil", disse Totoro.Segundo ele, as empresas dão todo apoio às vítimas do crime e oferecem acompanhamento psicológico. O presidente da regional do Sindforte, Cláudio Lima, conta que os funcionários são os mais prejudicados pelo problema e ressalta que o número de licenças médicas vem aumentando nos últimos meses por causa dos crimes. "Eles são penalizados pelos bandidos e, depois pelos patrões, que muitas vezes demitem os vigilantes que foram vítimas de roubos", afirmou.O presidente da Federação dos Seguranças e Vigilantes do Estado de São Paulo disse que a categoria não irá se calar diante de eventuais abusos cometidos pelas empresas. "Se houver casos como o da empresa que demitiu por justa causa um vigilante que foi vítima do crime, nós levaremos o caso até a Justiça do Trabalho" , contou José de Souza Lima, presidente da Federação.