ALIMENTOS

Sem trégua no clima, consumidor sente o peso no bolso

Seca prolongada volta a prejudicar a produção no campo, e os preços, mais uma vez, disparam

Adriana Leite
11/03/2014 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 15:21

A seca prolongada piora a situação de plantio de várias culturas agrícolas e faz subir os preços dos alimentos nos varejões. O custo para o consumidor de produtos como alface, tomate e chuchu dobrou nos últimos dois meses. Quebra de safra e recomposição de preços são apontados como os principais motivos para a forte alta.Os consumidores buscam saídas para economizar, como cortar a quantidade comprada ou substituir os alimentos mais caros por outros mais em conta.O quilo do tomate chega a custar mais de R$ 8,00 e o pé de alface atingiu até R$ 6,00. O problema é que nos próximos meses entra o período de estiagem e o cenário pode ficar ainda mais crítico.Os agricultores afirmaram que o importante para o setor é um equilíbrio entre a quantidade de chuvas e os períodos com Sol - os extremos com seca ou fortes tempestades prejudicam o cultivo dos hortifrútis.O último balanço de preços da Ceasa Campinas mostrou que há uma gangorra de preços com produtos em queda e outros ainda em alta. A análise com a comparação entre as semanas de 28 de fevereiro e 7 de março apontou que no conjunto geral de produtos houve uma queda de 3,4% nos preços no atacado. A cesta com frutas, legumes, verduras e raízes custava R$ 76,55 e caiu para R$ 73,97.Embora a tendência tenha sido de baixa, foi registrado aumento no quilo da alface, que passou de R$ 3,80 para R$ 5,30 (39,5%). O maracujá azedo também teve uma elevação de R$ 3,63 para R$ 4,36 (20,1%). O coordenador do Departamento de Mercado de Hortifrutigranjeiros da Ceasa, Márcio de Lima, afirmou que existem produtos com os preços em declínio e outros que ainda apresentam aumentos.“As folhas são mais sensíveis ao clima seco. Em compensação, a falta de chuvas beneficiou as raízes”, comentou. O diretor afirmou que não é possível comparar os preços atuais com os de janeiro. “A melhor avaliação de preços é com o mesmo período do ano passado, e nesse caso os valores são equivalentes. O maior problema que o mercado enfrenta é a qualidade de alguns produtos, e não a escassez. No caso da alface, a média normal para essa época é de plantas com 600 gramas. Com a estiagem, o peso caiu para 400 gramas”, apontou. Lima acredita que entre dez a 12 dias o mercado de verduras voltará à normalidade - dependendo do volume de chuvas. Ele ressaltou que também não há como comparar o preço atual do tomate com o valor de dois meses atrás. “Em janeiro e até o início de fevereiro, o preço do tomate estava baixíssimo. O valor não remunerava o produtor, chegando a R$ 0,70 no atacado. Havia excesso do produto, e agora há uma acomodação”, disse.O engenheiro agrônomo da Casa do Tomateiro de Sumaré, Marcos Ravagnani, reforçou a análise do diretor da Ceasa. Ele comentou que os agricultores de importantes regiões do País deixaram de investir na cultura e agora diminuiu a quantidade de tomates disponíveis no mercado. “Há produtores no Paraná que abandonaram a produção porque o preço não compensava.Agora os preços se adequaram à oferta e à demanda”, disse. Ravagnani salientou que a produção da região deve chegar ao mercado em abril e maio. “Atualmente, os produtos estão chegando do Sul, de Goiás, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro”.

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