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Sem renovação, PcDs sofrem com ausência de táxis adaptados

Empresas que prestavam serviço não tiveram concessão renovada por irregularidades

Isabella Macinatore/ isabella.macinatore@hotmail.com
13/01/2024 às 09:21.
Atualizado em 13/01/2024 às 09:21
Embora haja grande oferta de táxis convencionais na cidade, as duas empresas que demonstraram interesse, no último edital, em prestar o serviço com veículos adaptados continuam com os alvarás de funcionamento vencidos (Kamá Ribeiro)

Embora haja grande oferta de táxis convencionais na cidade, as duas empresas que demonstraram interesse, no último edital, em prestar o serviço com veículos adaptados continuam com os alvarás de funcionamento vencidos (Kamá Ribeiro)

A cidade de Campinas enfrenta um desafio significativo em relação ao transporte para pessoas com deficiência (PcD), uma vez que as concessões de empresas que ofereciam táxis adaptados não foram renovadas devido a irregularidades. A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) revelou que embora duas empresas tenham demonstrado interesse no último edital, ambas continuam com os alvarás de funcionamento vencidos desde setembro do ano passado.

Em comunicado, a Emdec não deu mais detalhes a respeito da suspensão, mas destacou o empenho na resolução da questão. "Atualmente, nós estamos empenhados em resolver essas questões, pois acreditamos que a oferta de táxis adaptados será reestabelecida em breve.”

A falta desses veículos adaptados tem impactado diretamente a mobilidade das PcD na cidade, tornando essencial a resolução da situação, como ressalta a assessora da Casa da Criança Paralitica de Campinas (CCP), Carol Silveira.

Segundo Carol, a Casa da Criança Paralítica, em conjunto com outras 14 instituições que atendem pessoas com deficiência em Campinas, coletou um total de 1.378 assinaturas de representantes e usuários das instituições. Essas assinaturas estão vinculadas a uma moção que será entregue simbolicamente ao prefeito Dário Saadi (Republicanos), ao presidente da Emdec, Vinicius Riverete, e ao presidente da Câmara Municipal, Luiz Rossini, em data a ser agendada.

A moção foi protocolada na Prefeitura no final do ano passado e aborda diversas questões relacionadas ao transporte público, ao PAI-Serviço e à gratuidade do transporte para pessoas com deficiência e diagnóstico em saúde mental. Originada durante as visitas do projeto REDI, que atende pessoas com deficiência física de 0 a 50 anos que não têm acesso aos serviços de saúde do município, a iniciativa busca facilitar o acesso a esses serviços, melhorar as condições de vida e garantir direitos.

Em meio a esse cenário, um motorista de táxi convencional, Jorge Luiz Pires, compartilhou sua perspectiva sobre os desafios enfrentados pelos profissionais do segmento: "Você compra um táxi, ele vai custar em média R$ 90 mil. Aí você vai adaptar tudo que tem que fazer para transportar uma pessoa que usa cadeira de rodas. Aí o motorista vai pagar o valor extra para adaptar e isso acaba encarecendo muito o valor para ele", explicou Pires.

Já Elder Alecrim Canelas, também motorista de táxi convencional, trabalhou durante um ano com transporte para táxi adaptado e compartilhou sua experiência nesse período. "É um serviço gratificante, porque você conhece pessoas com realidade diferentes da sua. E além de você trabalhar com uma pessoa, você participa da história dela também. É bem interessante. ”Canelas manteve parte dos clientes que conheceu durante o tempo em que esteve no táxi adaptado, mas que hoje não precisam mais do veículo para transporte. “Eu não estou no adaptado hoje, mas eu tenho clientes que não usam mais cadeira de rodas, que me ligam e andam ainda comigo. Eu tenho uma que é a Dona Luzia. Hoje mesmo eu a transportei para a hidroterapia. Então toda quarta e toda sexta eu levo a transporto." O motorista destacou as diferenças que percebeu enquanto dirigia o táxi adaptado.

"A corrida da pessoa que usa cadeira de rodas costuma ser curta. E como a frota de adaptados é reduzida, e na época em que trabalhei eram apenas dois carros, a gente não parava. Era uma corrida atrás da outra”, relembrou Canelas.

A escassez de opções é evidenciada por Kátia Fonseca, que possui Displasia Diastrófica, cuja consequência é o nanismo, e atualmente opta por um serviço de transporte com motorista particular.

Kátia, que paga R$ 1 mil mensais pelo serviço, conta que conheceu o motorista enquanto utilizava o serviço de uma empresa. Atualmente, o veículo que a transporta não é adaptado.

"Por ele já ter trabalhado com transporte antes, ele consegue me colocar e tirar do carro sem problemas. E o fato de eu já ter um acordo com ele me dá muito mais liberdade. Quando saio à noite para jantar ou ir a algum barzinho consigo ficar até tarde sem preocupação, pois ele já está avisado e sei que tenho o transporte garantido."

Diante da frota reduzida de carros adaptados e das limitações financeiras que muitos enfrentam, a população pode recorrer ao PAI-Serviço, da Emdec, que oferece transporte gratuito para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida. Esta alternativa visa a fornecer uma solução para aqueles que enfrentam dificuldades de locomoção e não têm acesso fácil a serviços de transporte adaptado.

PAI-SERVIÇO

O PAI-Serviço em Campinas apresenta-se como uma alternativa crucial para a mobilidade de pessoas com restrições severas de mobilidade. Diferentemente dos ônibus do transporte público coletivo municipal (Sistema InterCamp), os veículos do PAIServiço não têm itinerários fixos, oferecendo um transporte porta a porta para atender às necessidades específicas dos munícipes.

Os veículos do PAI-Serviço circulam de segunda a sextafeira das 6h às 23h. Aos sábados, domingos e feriados, o horário é das 6h30 às 18h. Horários excepcionais podem ser considerados para eventos especiais.

Para utilizar o serviço, é necessário realizar um cadastro. Quem tem restrição severa de mobilidade deve imprimir a ficha do usuário, disponível nos postos de atendimento da Emdec. Após preenchimento, a ficha deve ser avaliada por um médico, que certificará a deficiência, sua natureza (permanente ou temporária) e as necessidades especiais do usuário.

O formulário preenchido, juntamente às cópias simples do RG ou certidão de nascimento, comprovante de residência e uma fotografia 3x4 do interessado, deve ser enviado à Emdec. A empresa entrará em contato por meio do Serviço Social, podendo realizar uma visita técnica na residência do munícipe.

Uma vez cadastrado, o usuário deve agendar todas as viagens com antecedência pelo telefone 118 ou aplicativo da Emdec. Os agendamentos seguem um cronograma específico durante a semana, priorizando as diferentes necessidades dos usuários.

As viagens devem ser confirmadas automaticamente pelo 118 ou aplicativo a partir das 16h do dia anterior. O cancelamento deve ser feito até as 17h do dia anterior à viagem agendada.

O PAI-Serviço destaca-se como uma iniciativa crucial para garantir a mobilidade de pessoas com restrições severas de mobilidade em Campinas, proporcionando um transporte adaptado e flexível para atender às diversas demandas da comunidade.

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