Problema atinge a Visa Noroeste, que possui o maior número de casos da doença
A Vigilância em Saúde (Visa) Noroeste, no Jardim Novo Campos Elíseos — onde foi registrado o maior número de casos de dengue na cidade — está sem internet há pelo menos cinco meses, o que impossibilita o registro on-line dos prontuários e dados dos pacientes. Com isso, a própria equipe de servidores têm feito a digitalização das fichas de investigação epidemiológica em casa. São seis funcionários que fazem o serviço, e acumulam por mês 70 horas extras cada. O número equivale a duas semanas de expediente. Até quinta-feira (29), haviam sido digitalizadas 9 mil fichas na região de suspeitas de dengue — todas que chegaram na Visa.No total são dez sistemas de informação on-line. Entre eles, o que atualiza os dados da dengue, tuberculose, imunização e vigilância sanitária. Apesar do esforços dos funcionários, alguns sistemas estão com as fichas atrasadas. Um exemplo é o Sistema de Informação em Vigilância Sanitária (Sivisa) — que atualiza pedidos de licença sanitária em estabelecimentos — e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que reúne dados de doenças como febre maculosa, sarampo e outros surtos que têm notificação compulsória.Mas, a dengue é a que mais consome tempo. A região Noroeste é a mais infectada desde o primeiro balanço da doença na cidade. No último levantamento, a região contabilizou 6.233 casos — 28,3% do total na ocasião (21.967). Os funcionários da Visa Noroeste afirmaram que fizeram durante a semana uma força-tarefa para digitalizar quase 400 fichas de notificação, solicitadas pela Secretaria de Saúde.Outro serviço da dengue que tem sido afetado é o trabalho em campo, que necessita de georreferenciamento. É necessária a conexão para criar mapas, localizar pontos para visitação e, após a conclusão, reunir as informações no sistema on-line. Sem ele, não é possível filtrar os resultados por semana ou mês — essencial para acompanhar a evolução da epidemia.O grupo de servidores, que pediu para não ser identificado, informou que desde a mudança de prédio— em 18 de dezembro — não há conexão de internet. No período, três modens 3G foram disponibilizados, mas não suportam os programas e não funcionam juntos em uma mesma sala. Já a Informática de Municípios Associados (IMA), que instala o serviço, esteve no local há um mês, mas não retornou até quinta-feira.“Isso reflete não só no fornecimento de dados ou informação. Mas, se alguém do Centro de Saúde ou paciente têm alguma dúvida não temos como responder”, afirmou uma funcionária. São 13 Centros de Saúde assistidos pela Visa Noroeste, além do Pronto Atendimento (PA) do Campo Grande. A unidade também é referência para o Hospital e Maternidade Celso Pierro, da PUC-Campinas.“Estamos esgotados, muito cansados. Algumas pessoas têm usado a internet do celular pessoal para tentar agilizar. Nossa equipe fica separada, porque alguns vão para casa digitar”, afirmou outra funcionária. Segundo ela, o horário mais ágil do sistema remoto para digitalizar as fichas de investigação é de madrugada.A Visa Noroeste possui 40 funcionários, divididos em Vigilâncias Epidemiológica, Sanitária e Ambiental. Há ainda o departamento de Saúde do Trabalhador e o Controle da dengue, que faz os serviços em campo. PrefeituraA Prefeitura de Campinas, por meio de assessoria de imprensa, informou que o sinal de internet hoje na Visa Noroeste é de má qualidade. Segundo a Administração, a IMA tentou uma série de soluções, entre elas a internet por modem 3G, mas como a unidade fica num vale, há problemas de captação. A proposta é instalar fibra ótica no local para melhorar a qualidade da internet, mas não há prazo ainda para que seja instalado. A Secretaria informou que a pasta não orienta aos servidores públicos a levar trabalho extra para casa.