impactos da greve

Sem acordo, movimento se mantém

Algumas entidades que representam os caminhoneiros aceitam 'trégua', mas a maior delas, não

Estadão Conteúdo
25/05/2018 às 07:42.
Atualizado em 28/04/2022 às 09:59
  (AFP)

(AFP)

Na primeira divisão do movimento de paralisação dos caminhoneiros, parte das entidades representativas da categoria aceitou ontem o pedido de trégua feito pelo governo para que sejam examinadas as reivindicações. Mas o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca, deixou a reunião antes do fim afirmando que orientará sua base a manter a greve até que seja aprovada e sancionada a lei que desonera o diesel do PIS/Cofins e da Cide. Questionado se a maioria havia aceitado o pedido de trégua do governo, ele afirmou: “A maioria que está aí dentro sim, mas a que está lá fora, não. Estão esperando o meu pronunciamento. E o meu pronunciamento é para continuarmos em greve”. Fonseca diz liderar 700.000 caminhoneiros distribuídos em 60 sindicatos e 7 federações. O presidente da Abcam afirmou que seu objetivo é resolver definitivamente o problema do PIS, da Cofins e da Cide. Ele lembrou que deu um prazo até hoje para uma resposta do governo. “A Câmara fez a lição de casa: votou e encaminhou para o Senado”, disse. “Mas temos um presidente do Senado e do Congresso que acha que é o maior brasileiro do mundo. Pegou o avião dele e foi embora. Por causa disso, eu, que estou na frente desse movimento, vou falar com o meu pessoal e não vamos levantar o movimento enquanto esse homem não chegar, convocar os senadores, votar e aprovar a lei. Aí sim, encerramos o movimento”, afirmou. Fonseca se referia ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), que viajou ontem de manhã para Fortaleza - mas, diante da repercussão negativa, resolveu voltar e tentar convocar uma reunião do Senado para o início da noite. Informado da volta de Eunício, Fonseca não se impressionou. “O que interessa é ver a lei aprovada”. Sobre a proposta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) de reduzir o PIS-Cofins de R$ 0,46 para R$ 0,29, Fonseca mostrou irritação. “Isso não foi o que falaram para mim. Falaram em redução integral. Mas não importa. A cada problema que eles arrumarem para nos atender, o movimento vai continuar, e cada vez mais forte. Se quiserem pôr fogo no País, que fiquem à vontade”, disse. Maia apresentou a sugestão depois que o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que a Câmara havia aprovado o projeto de lei com a desoneração do PIS-Cofins sobre o diesel “com base em cálculos errados”. “O movimento vai continuar enquanto não houver um preço convincente e definitivo para o óleo diesel”, disse. “Quando o governo não quer fazer nada, cria os tais grupos de trabalho. É isso que está acontecendo. Mas não vão nos convencer”, concluiu.

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