UNICAMP

Segurança "humanizada" é apontada como prioridade

Após negativa da reitoria em permitir a PM no campus, comunidade busca novas alternativas

Karina Fusco
13/10/2013 às 22:23.
Atualizado em 25/04/2022 às 00:21
Alunos em frente à prédio da Unicamp durante invasão à reitoria (César Rodrigues/AAN)

Alunos em frente à prédio da Unicamp durante invasão à reitoria (César Rodrigues/AAN)

Pelo menos até a próxima quarta-feira, ao meio dia, a ocupação do prédio da reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) deve continuar. De acordo com Carolina Filho, coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), a próxima assembleia foi marcada para o dia 16 e, até lá, os alunos participarão de diversos grupos de discussão sobre a carta de negociação com a reitoria, resultado da reunião que durou mais de seis horas na última sexta-feira. Os primeiros sinais do final da manifestação dos alunos, que são contra a atuação da Polícia Militar nos campi de Campinas, Piracicaba e Limeira, apareceram já na sexta-feira, após a terceira rodada de negociações entre os estudantes e a alta administração da universidade. Na ocasião, a Unicamp descartou a possibilidade de convênio com a PM para o patrulhamento e se propôs a rever uma deliberação do Conselho Universitário (Consu) para a regulamentação de festas e eventos no campus, desde que haja a segurança necessária.A proposta da presença da PM foi lançada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) cinco dias após a morte do estudante Denis Papa Casagrande, de 21 anos, em uma festa clandestina no ciclo básico, em 21 de setembro. Em entrevista coletiva no dia 27, a pró-reitora de Desenvolvimento Universitário, Teresa Atvars, chegou a anunciar que havia iniciado um planejamento junto a PM para oficializar como seria sua atuação no campus. Em entrevista exclusiva ao Correio, na última quinta-feira, o reitor José Tadeu Jorge contradisse o anúncio de Teresa, e ressaltou que não há convênio com a polícia, nem a necessidade de suas rondas na instituição. Ele afirmou, ainda, que a ocupação na reitoria era desnecessária e que sempre manteve o diálogo aberto com os estudantes.Segundo Carolina, que é aluna do curso de Ciências Sociais, a maior necessidade da Unicamp é a contratação de seguranças por concurso público em substituição à equipe que atua hoje, terceirizada e com foco apenas no patrimônio. “Somos a favor de que 50% dos concursados sejam do sexo feminino, que todo o efetivo passe por treinamentos constantes e que tenham uma atuação mais humanizada. É necessário, ainda, melhorar a iluminação, realizar com frequência a poda de matos e aumentar a circulação de ônibus, tanto os de linhas regulares como os circulares internos, à noite”, afirma.O coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), Antonio Alves Neto, também defende a necessidade da abertura de concurso público para que a instituição conte com seguranças que conheçam bem o dia a dia e também os alunos e funcionários. “Atualmente, mantendo um efetivo terceirizado, existe enorme rotatividade de pessoal e, com isso, o compromisso é apenas com o patrimônio material. Com funcionários concursados, será mais fácil identificar e corrigir os problemas que incluem principalmente pequenos furtos, assaltos e sequestros. O principal bem da Unicamp são as pessoas”, diz.Segundo ele, o STU acredita que o diálogo deve ser mantido entre a administração, os funcionários e os alunos da Unicamp. “Se no primeiro dia a reitoria tivesse dado um passo para trás e dialogado com os estudantes e funcionários sobre como deve ser a segurança no local, já teria resolvido o impasse. Como não fez isso, a pauta foi se abrindo para além do tema segurança”, diz ele, que defende ainda a melhoria do monitoramento por câmeras e a regulamentação para a realização de festas.FaxinaO final de semana foi tranquilo no prédio da Reitoria da Unicamp, ocupada por estudantes desde o dia 3 de outubro. Os manifestantes que conversaram com a imprensa informaram que haveria apenas atividades culturais no fim de semana e debates.No sábado, alguns militantes tocavam e dançavam na rua em frente à entrada do prédio e outros estavam assistindo à apresentação. Algumas alunas, no entanto, retiravam sacos de lixo de dentro do prédio e os colocavam em uma lixeira nas proximidades. Segundo Carolina Filho, do DCE, os alunos fizeram um mutirão de limpeza cumprindo o acordo de que entregarão o prédio limpo.No domingo, poucas pessoas estavam em frente ao prédio e não havia barulho em suas dependências. Até mesmo Carolina, que concedeu entrevista ao Correiopor telefone, afirmou não estar no local. Sem punições Além de reivindicar que a Unicamp tome decisões sobre segurança ouvindo todas as partes envolvidas, incluindo alunos e funcionários, os manifestantes negociam também a não abertura de sindicância para apurar a conduta dos alunos que invadiram a reitoria. “O regimento disciplinar da Unicamp é da época da ditadura e nele há elementos inconstitucionais”, alega Carolina. “Não é um assunto relacionado diretamente com a questão da segurança, mas ele também entrará na discussão”, completa.

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