A medida, que segundo o autor, vereador Zé Carlos (PSB), foi criada para evitar tumultos, divide opiniões na cidade
Vereador Zé Carlos (PSB) é o autor da lei: a iniciativa divide opiniões (Cedoc/RAC)
A Prefeitura de Campinas sancionou na última quarta-feira, uma lei que obriga seguranças de bares, casas noturnas e eventos com mais de 100 pessoas a usarem coletes refletivos de identificação. A medida, que segundo o autor, vereador Zé Carlos (PSB), foi criada para evitar tumultos, divide opiniões na cidade. “A ideia é facilitar a visualização dos clientes em caso de confusão. Se o local tiver algum imprevisto, como briga ou empurra-empurra, as pessoas poderão identificar com mais facilidade os profissionais aos quais deverão solicitar ajuda. Ainda mais no mundo intolerante em que vivemos. Quanto mais medidas de segurança melhor”, defende. A novidade ainda determina regras. De acordo com a nova norma, os seguranças desses estabelecimentos deverão usar um colete de fácil visualização, contendo, na parte de trás, costas, a palavra ‘SEGURANÇA’ em letras maiúsculas e na cor branca. Mas a regulamentação que define que órgão vai fiscalizar os estabelecimentos ou eventos e se será aplicada multa ou punição, ainda será definida pelo Executivo. Para o empresário Estéfano Bespalec Junior, tudo que se refere à segurança do público é importante e deve ser tratado com atenção. “Em nossas casas, os seguranças são facilmente identificados pela vestimenta, rádios-comunicadores e crachá de identificação. Nesse caso, acredito que mais importante que o colete identificador é o preparo e forma de abordagem da equipe de segurança”, defendeu. Ele é proprietário de duas casas noturnas em Campinas, entre elas o Campinas Hall. “O preparo da equipe desde o posicionamento no local, cobrindo todos os espaços, até a forma como agir em situações extremas é essencial. A responsabilidade da segurança é do profissional e não pode ser repassada ao público. Portanto nos preocupamos com cada detalhe”, explicou. Recentemente, o empresário iniciou um processo de credenciamento de todos os fornecedores de serviços de segurança, cadastrando cada integrante da sua equipe e exigindo treinamentos e atualizações constantes da área. “Essa é mais uma medida que adotamos e consideramos importante para garantir a segurança do público”, concluiu. Para outro empresário do ramo, a medida é desnecessária, já que os estabelecimentos que recebem esse número de pessoas, já possuem profissionais experientes e identificados. “O problema é que quem cria esse tipo de lei não tem conhecimento de como funciona a noite. Caso aconteça algo, antes de a pessoa pensar em chamar o segurança, ele já estará lá”, explicou Abner Calixto. “Todos sabem quem são os seguranças. Eles geralmente estão de terno e gravata, não dançam nunca e usam fones de comunicação interna que geralmente são aparentes. Ou seja, ou são seguranças ou agentes da CIA”, brincou. Segundo o vereador, a medida já tem sido utilizada em grandes eventos como Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas. “Até nos momentos de emergência fica mais fácil a identificação, orientação e auxílio”, disse. “A ideia é interessante para eventos de grande porte como shows, festivais e jogos de futebol. Já para casas noturnas e baladas seria desnecessária, uma vez que esses estabelecimentos já contam com profissionais uniformizados e facilmente identificados”, defende o autônomo Alessandro Ribeiro, que há 18 anos, organiza eventos na noite campineira. O Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Campinas, não comentou a nova norma, mas segundo o assessor de imprensa Moretti Bueno, aqueles empresários sindicalizados que se sentirem lesados poderão consultar o departamento jurídico. “Ainda não recebemos nenhum tipo de reclamação sobre a nova lei, mas estamos à disposição”, afirmou. Para o especialista em segurança pública e patrimonial, vereador Tenente Santini (PSD), a medida é difícil de ser fiscalizada, mas é importante. “O maior desafio quando se trata de segurança hoje são os bares e casas noturnas que dificilmente respeitam a lei. Sabemos ainda das dificuldades de fiscalizar uma regra como essa, mas com um custo mínimo para o empresário, é possível garantir uma atuação ostensiva e evitar tragédias como a da Boate Kiss e até tumultos como o do Rodeio de Jaguariúna em 2009, quando pessoas morreram e centenas foram pisoteadas. Prefiro seguranças com colete”, disse. Antes de virar lei, o projeto passou pela Comissão Permanente de Assuntos de Segurança Pública do Legislativo, presidida por Santini.