Sede do Clube Cultura sofre depredação

O prédio do Clube Semanal de Cultura Artística, localizado na Avenida Irmã Serafina, no Centro de Campinas, está sendo depredado por vândalos há pelo menos cinco anos, desde que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que funcionava no local foi desativada. Este ano o clube completa 164 anos de história, mas a sua antiga sede social passa despercebida pela população em meio ao abandono e à degradação. O Cultura é o primeiro clube social inaugurado no Estado de São Paulo e o quarto no Brasil.

De acordo com Claudinei Cremonesi, atual presidente do Cultura, desde 2016 o clube está fechado, ano em que a UPA mudou de endereço. No ano seguinte, as invasões tiveram início. No interior do imóvel é possível observar um cenário de destruição. Claudinei entrou na antiga sede há um mês, e afirmou que o local está irreconhecível. "A minha formatura ocorreu lá. Quando entrei, tomei um choque. Sempre recebemos reclamações dos vizinhos por causa das pessoas que vivem dentro do prédio. Os invasores furtaram os cabos de energia, as mangueiras de extintores e até mesmo a estrutura do forro do antigo salão de festas", explicou.

Para tentar solucionar o problema, o clube colocou uma cerca de arame farpado sobre o muro e trancou as portas com correntes e cadeados. A precaução, porém, não foi suficiente para conter o ataque dos vândalos, que ocorre diariamente. "Há anos o prédio está disponível para venda ou locação. Quando isso ocorrer, o local será revitalizado. É triste ver o palco de tantas histórias, bailes e comemorações da sociedade campineira sem nenhum resquício desse período de ascensão", afirmou.

O clube foi fundado em julho em 1857 e ocupou sedes provisórias até 1959, quando foi inaugurado o prédio da Irmã Serafina. O imóvel tem três pavimentos. No térreo funcionava um centro comercial. Os outros dois andares eram ocupados pelo Cultura. "O prédio era usado para festas de aniversário, casamentos, formaturas e bailes. Além disso, era palco de atividades culturais, como apresentações de peças de teatro e exposições de arte. As atividades de esportes e lazer foram concentradas na sede de campo do clube. O local foi inaugurado em 1970 e funciona até hoje, em Sousas", explicou o presidente.

As celebrações que ocorriam no prédio situado no Centro da cidade recebiam um grande público. No início dos anos 2000, no entanto, o número de sócios começou a diminuir, assim como os eventos. "Naquele momento, começamos a ter problemas com a vizinhança por causa do som alto, devido às festas noturnas. A Lei do Silêncio fez com que as os eventos acontecessem apenas durante o dia", contou Cremonesi. A sede do Centro permaneceu em atividade até 2010. "O último evento social que sediamos no imóvel foi uma apresentação da Orquestra Sinfônica de Campinas", lembrou o dirigente.

Cremonesi revelou que há cerca de seis meses o clube foi procurado por um possível locatório. "Estamos na expectativa de finalizar a negociação. Se tudo der certo, o prédio vai passar por uma reforma e a sua estrutura arquitetônica será preservada", concluiu Cremonesi. Atualmente, o Cultura tem 1.500 sócios proprietários e em torno de 5.000 frequentadores na sua sede de campo.