REFORÇO É ESSENCIAL

Secretaria de Saúde de Campinas alerta sobre vencimento de vacinas

Devido à baixa procura da população, 20 mil doses de imunizantes poderão ser perdidos

Ronnie Romanini/ [email protected]
21/10/2022 às 08:48.
Atualizado em 21/10/2022 às 08:48
Enfermeira do CS São Cristóvão, no Jd. Adhemar de Barros, com uma dose da vacina: em 2022, a variante Ômicron respondeu por um grande número de casos, mas com menor gravidade (Kamá Ribeiro)

Enfermeira do CS São Cristóvão, no Jd. Adhemar de Barros, com uma dose da vacina: em 2022, a variante Ômicron respondeu por um grande número de casos, mas com menor gravidade (Kamá Ribeiro)

A Secretaria de Saúde de Campinas emitiu um alerta sobre a baixa procura por doses de reforço contra a covid-19. Das 1.845.562 doses adicionais que deveriam ser aplicadas em pessoas com mais de 18 anos, apenas 955,6 mil foram aplicadas, o equivalente a 51,78% do esperado. Cerca de 20 mil doses (1,08% do total necessário para garantir os reforços a todos) de vacinas estão prestes a vencer. A Pasta informou que essa quantidade terá o prazo de validade expirado entre o final de outubro e o início do mês de, novembro. 

No alerta, a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea von Zuben, disse que a situação preocupa, pois se não houver procura os imunizantes serão perdidos. Ainda, os reforços são tidos como essenciais para que o nível de proteção contra a doença não sofra prejuízo. "É um número pequeno para a população. Se fossem tomar a vacina, daria para em uma semana usar tudo, porque temos a capacidade para isso, mas estamos vendo que as pessoas não estão acreditando muito na importância da terceira e da quarta dose (...) já foi provado por inúmeros trabalhos científicos que após quatro a seis meses a nossa quantidade de anticorpos de proteção diminui. Então quem tomou duas doses e não buscou as demais, não está com o mesmo nível de proteção." 

Andrea lembrou que a vacina é eficaz para impedir o agravamento e a evolução para óbito, mas que não impede a infecção e que ainda há casos e óbitos acontecendo. Além disso, a diretora do Devisa sugeriu que o próprio termo utilizado para as doses de reforço não contribui. "Adicional parece algo que não está no protocolo, no critério, e está. Não é um bom termo".

A baixa procura pelas doses de reforço não é uma exclusividade da cidade de Campinas. O Devisa informou que, inclusive, cidades menores estão oferecendo vacinas que estão sobrando para Campinas, mas diante da estagnação na vacinação a metrópole não tem condições de absorver esses imunizantes. "É uma realidade que não é apenas nossa, então não temos como redistribuir. Infelizmente, pois é um insumo que foi tão procurado no início, com brigas e tudo mais, e nesse momento as pessoas entendem que não é mais necessário tomar."

E as crianças?

Depois de muita expectativa, enfim as crianças de 3 e 4 anos começaram a receber a vacina contra a covid-19 no dia 20 de agosto, dois meses atrás. Apenas a CoronaVac é administrada para essa faixa etária. Entretanto, da população alvo de 29.289 crianças, apenas 4.310 - 14,72% do total - receberam a primeira dose da vacina até o início da tarde de segunda-feira. Das pouco mais de 4 mil, apenas 1.081 (3,7%) foram tomar a segunda dose.

No Boletim de Imunização Covid-19, disponibilizado on-line pela Prefeitura de Campinas, fica evidente que quanto mais jovem, menor o comparecimento e a cobertura vacinal. "Os pais, mães, os responsáveis realmente não estão levando as crianças para vacinar. A gente esperava uma velocidade bem maior. Novamente, essa falsa impressão de que as doenças sumiram ou que elas não são um problema, e com isso as pessoas estão abrindo mão da imunização."

Nos últimos anos, houve um aumento nos casos de covid-19 entre o final e o início do ano. Em 2022, o responsável foi a variante Ômicron, que levou a recorde em número de casos, mas com menos gravidade e óbitos, algo que, dentre outros motivos, também pode ser atribuído à vacinação. "Os casos ainda estão estáveis, mas nós estamos bastante atentos a todos os países do mundo para ver se há a possibilidade de termos uma subvariante mais geneticamente modificada da Ômicron, que pode vir ser algo que o nosso sistema imune não está totalmente preparado, e aí poderia haver um número grande de casos de novo. Por isso é importante manter a vacinação em dia. Há um grau de imprevisibilidade muito grande quando a gente fala em covid-19, pode acontecer de outra variante surgir e não podemos ser pegos desprevenidos, por isso a vacinação tem que estar em dia", concluiu Andrea.

Vulnerabilidade

Para chegar até às pessoas em situação de rua, o Consultório na Rua está realizando uma busca ativa para que as doses de reforço sejam oferecidas. De segunda até quarta-feira, 135 doses foram aplicadas nessa população. Os imunizantes estão disponíveis nos Centros de Saúde, com exceção do CS Boa Esperança e daqueles que estão passando por reformas.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por