Estiagem vai até a Primavera, com prejuízos ao abastecimento e à agricultura
O monitoramento da seca no Estado de São Paulo feito pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) aponta que o período de chuvas, de outubro de 2013 a março de 2014, foi o mais seco dos últimos 123 anos em Campinas. As perspectivas de melhora não são boas e uma projeção com as médias históricas de chuvas de abril a setembro apontam que a seca irá até a Primavera, pelo menos, afetando os cultivos, processos agrícolas e o abastecimento público. O estudo, feito com base no banco de dados do IAC, o mais completo do Brasil, com registros desde 1890, mostra que a segurança hídrica do Estado está ameaçada pelo comprometimento dos reservatórios e pela falta de chuva, que podem trazer sérios problemas, como racionamento de água e de energia.O período de janeiro a março, tradicionalmente o mais chuvoso, foi o segundo mais seco da série histórica do IAC. O primeiro deles, segundo o pesquisador, ocorreu em 1978. O planejamento do uso dos recursos hídricos já deveria ser iniciado, segundo o pesquisador do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro), Orivaldo Brunini, que coordena o trabalho feito pelo IAC com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro), participação da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) e da Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (Fundag), responsável por procedimentos administrativos.“Como não temos mecanismos para evitar o fenômeno da seca, devemos adotar técnicas e ações que possam mitigar, ao longo do tempo, os efeitos danosos desta situação”, disse. Segundo ele, a probabilidade de seca elevada como a que está ocorrendo é de uma a duas vezes em 100 anos.As chuvas da semana passada, no entanto, não alteram o quadro. “Pode ter havido alteração momentânea da situação de seca agrícola, mas os aspectos meteorológicos e hidrológicos ainda são sérios”, afirmou. Isso porque, do ponto de vista agrícola, ainda não teve início a estação seca no Estado. O IAC vai realizar semanalmente a análise de seca e nos próximos 15 dias a situação será avaliada para as diversas culturas.O monitoramento das condições agrometerológicas é feito pelo IAC em 145 pontos no Estado de São Paulo e essa rede vai a 181 até junho, ampliando a capacidade do Ciiagro em dar subsídios para previsão e suporte para programas de sustentabilidade da agricultura, segurança alimentar e segurança hídrica.Os dados do sistema são usados para planejamento em diversas áreas como pecuária, agricultura, saúde e também para a Defesa Civil, que há mais de 20 anos utiliza as informações do IAC para o planejamento antecipado e prevenção de desastres, como ações junto aos moradores de rua, fechamento de vias, remoção de pessoas de área de risco, entre outras. Além dessas ações pontuais, os dados do IAC contribuem para duas operações importantes da Defesa Civil: Operação Verão e Estiagem. Os dados também são utilizados por outras instituições de pesquisas brasileiras e universidades e ainda compõem os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).A estrutura da rede de monitoramento, segundo o IAC, fornece dados atualizados a cada 20 minutos, a cada hora e totais diários de chuva, temperatura e umidade relativa do ar. Desde 2005, a instituição passou a utilizar um parâmetro agrometeorológico para análise de seca, baseado na diferenciação das culturas e em suas capacidades de retenção de água no solo.Seca prolongada prejudica desenvolvimento de culturasA seca prolongada vai trazer sérios problemas para a agricultura paulista, principalmente porque nem todos os agricultores estão preparados para enfrentá-la. “Embora se possa pensar em irrigação, nem todos os agricultores estavam preparados para esta técnica, seja no aspecto técnico ou legal e, além disso, não existe reserva hídrica adequada para tal prática”, disse o pesquisador Orivaldo Brunini. O estudo sobre os efeitos do período de seca prolongada aponta que a produtividade da cana será afetada porque a rebrota da soqueira dessa planta é desfavorecida pela baixa reserva hídrica no solo. A estiagem favorece a colheita do milho safrinha, mas é prejudicial a seu desenvolvimento. A falta de chuva, informa o estudo, pode comprometer a indução floral e a brota de novos ramos para a próxima safra de café. A seca já afeta a produção na Fazenda Tozan, tradicional produtora de café. O solo seco compromete o controle químico de pragas e ervas daninhas, porque as plantas tem baixa absorção de água. As características gerais analisadas em diversas regiões, envolvendo diferentes culturas, apontam uma situação muito difícil para a agricultura. Nível de água acumulada no Cantareira cai para 25%O nível de água acumulado no Sistema Cantareira caiu ontem para 25,05% no chamado sistema equivalente, formado pelas represas que estão nas Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). A região de Campinas recebeu 3m3/s, sendo 1m3/s no Rio Jaguari, que está com vazão bastante baixa em Pedreira, e 2m3/s no Atibaia — 17,9m3/s foram enviados para a Grande São Paulo. O comitê anticrise, o Gtag-Cantareira, recomendou à Companhia de Saneamento Básico (Sabesp) que reavalie a sua operação do sistema e leve em consideração um cenário mais desfavorável no seu plano de transferência de água do Cantareira para São Paulo. A empresa planejava transferir 22,6m3/s em junho; 22,9m3/s em julho, 22,5m3/s em agosto, 22,8m3/s em setembro, 20,9m3/s em outubro e 21,4m3/s em novembro, quando terminaria o volume morto, que vem sendo retirado desde 15 de maio. Segundo comitê, a quantidade de água que entrou no sistema este ano foi 28% menor do que o mínimo registrado entre 1930 e 2013. A redução na retirada de água das represas do Cantareira vem sendo adotada desde o início do ano. Em 13 de março a vazão captada caiu de 33 para 27,9m3/s.Nível de água acumulada no Cantareira cai para 25% O nível de água acumulado no Sistema Cantareira caiu ontem para 25,05% no chamado sistema equivalente, formado pelas represas que estão nas Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). A região de Campinas recebeu 3m3/s, sendo 1m3/s no Rio Jaguari, que está com vazão bastante baixa em Pedreira, e 2m3/s no Atibaia — 17,9m3/s foram enviados para a Grande São Paulo. O comitê anticrise, o Gtag-Cantareira, recomendou à Companhia de Saneamento Básico (Sabesp) que reavalie a sua operação do sistema e leve em consideração um cenário mais desfavorável no seu plano de transferência de água do Cantareira para São Paulo. A empresa planejava transferir 22,6m3/s em junho; 22,9m3/s em julho, 22,5m3/s em agosto, 22,8m3/s em setembro, 20,9m3/s em outubro e 21,4m3/s em novembro, quando terminaria o volume morto, que vem sendo retirado desde 15 de maio. Segundo comitê, a quantidade de água que entrou no sistema este ano foi 28% menor do que o mínimo registrado entre 1930 e 2013. A redução na retirada de água das represas do Cantareira vem sendo adotada desde o início do ano. Em 13 de março a vazão captada caiu de 33 para 27,9m3/s.