Estimativa do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) é que 46 mil indústrias podem fechar as portas no Estado até agosto
Indústria de pequeno porte: sem ajuda, poucas vão passar pela crise ( Cedoc/RAC)
A indústria passa por um momento complicado com a crise que afeta a economia nacional. As pequenas empresas sofrem mais ainda. Estimativa do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) é que 46 mil indústrias podem fechar as portas no Estado até agosto. Para ajudar as micro e pequenas indústrias da região de Campinas, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) lançaram na quinta-feira (18) o Programa de Competitividade da Indústria (PCI) que pretende atender há mais de 400 empreendedores da região.Em Campinas, há 5.303 pequenas indústrias instaladas. Os empreendedores afirmaram que no momento de crise surgem oportunidades, mas que para aproveitá-las é necessário se estruturar e ser competitivo. O programa lançado pelo Sebrae e Ciesp terá a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi). Os industriais terão suporte para desenvolver estratégicas que alavanquem os negócios. O gerente Regional do Sebrae-SP, José Carlos Cavalcante, afirmou que o programa estará em operação nas regionais do Ciesp de Campinas e Indaiatuba. "O objetivo é melhorar a competitividade das micro e pequenas indústrias. Os empresários terão apoio para fortalecer a presença do negócio no mercado e competir em igualdade com outras concorrentes", disse. Ele salientou que os primeiros setores a serem atendidos serão as áreas de metalmecânica e alimentação."O foco inicial será nessas duas áreas, mas iremos atender empresários de outros segmentos que quiserem participar do programa. O projeto terá atividades gratuitas e outras pagas, que terão uma parcela subsidiada", explicou. O gerente do Sebrae Campinas disse que espera por um grande número de adesões ao projeto. Ele destacou que a primeira fase vai durar pelo menos quatro meses. "Abriremos outras turmas para atender a demanda dos industriais da região", disse. Cavalcante ressaltou que a crise acentuou a falta de competitividade das pequenas indústrias. O gerente do Sebrae Campinas salientou que o setor industrial é um dos que sente de forma mais aguda os efeitos do baixo crescimento econômico brasileiro. NecessidadeOs pequenos empresários sabem que o apoio de grandes instituições é fundamental para conseguir se manter no mercado. Além de sentir a queda da demanda, os micro e pequenos ainda têm dificuldade para acessar crédito em condições mais favoráveis. Muitos empresários estão demitindo ou pararam de investir em modernização e aumento de produção. O estudo do Simpi mostrou que 66% dos entrevistados informaram que a crise está prejudicando os negócios e colocando o futuro da empresa em risco. Os dados apontaram que 16% das micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo podem fechar as portas no próximo trimestre. O volume equivale a 46 mil empresas. O diretor comercial da Isofer, Alessandro César Esteves, afirmou que o amparo de instituições é importante para dar suporte a estratégias que poderão ser adotadas pelas pequenas empresas. "Trabalhamos no ramo de metalmecânica e empregamos 50 pessoas. A empresa presta serviços de ferramentaria e usinagem para multinacionais", disse. Ele salientou que projetos para elevar a competitividade são relevantes para gerar inovação e ampliar o leque de possibilidades do negócio. O diretor da Twin Peaks Alimentos, Murilo Rodrigues da Cunha, comentou que as pequenas e médias empresas precisam de apoio para investir em inovação tanto na gestão quanto em produtos. "O programa será importante para fortalecer as indústrias na região de Campinas. O governo pouco oferece em programas que ajudem os pequenos empresários apostar na inovação", comentou. Ele afirmou que suspendeu os investimentos previstos neste ano. "Empregamos 40 pessoas", disse. Demissões As indústrias instaladas nas quatro regionais do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) localizadas na Região Metropolitana de Campinas (RMC) terminaram maio demitindo 1.150 trabalhadores. Três regionais fecharam com saldo positivo (Americana, Indaiatuba e Santa Bárbara d'Oeste) que totalizou 700 contratações formais. Mas as indústrias de Campinas dispensaram 1.850 pessoas. De acordo com dados divulgados ontem pelo Ciesp, a Regional de Americana criou 100 postos em maio. Os setores que alavancaram as contratações foram produtos têxteis (0,93%); produtos alimentícios (5,81%) e veículos automotores e autopeças (0,18%). No ano, a Regional amarga a perda de 300 postos de trabalho. Em Indaiatuba, foram gerados 50 empregos com carteira assinada. Os setores que mais contrataram foram produtos alimentícios (2,10%) e produtos de borracha e de material plástico (1,71%). No acumulado de janeiro a maio, o saldo está negativo em 800 demissões. Na Regional de Santa Bárbara d'Oeste, foram admitidas 550 pessoas no mês passado. Os setores que apresentaram crescimento em relação ao ano passado foram produtos alimentícios (48,36%) e produtos têxteis (1,80%). No acumulado deste ano, os cortes já chegam a 500 demissões. Em Campinas, foram demitidas 1.850 pessoas em maio. Os setores que mais cortaram trabalhadores foram equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-9,07%); máquinas e equipamentos (-1,39%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,92%) e produtos têxteis (-1,44%). No ano, a Regional acumula um saldo de 850 contratações formais. SAIBA MAIS Os interessados em participar do PCI podem fazer a inscrição no site do Ciesp-Campinas no www.ciespcampinas.org.br ou no Escritório Regional do Sebrae-SP em Campinas pelo telefone (019) 3243-0277 com Mônica ou Samuel.