editorial

Se não houver colaboração, é lockdown

Ainda que o custo econômico das restrições seja altíssimo, é preciso reiterar que a batalha contra a pandemia do coronavírus requer esforço coletivo

Correio Popular
13/05/2020 às 09:19.
Atualizado em 29/03/2022 às 12:02

Enquanto em abril a palavra do momento em relação à pandemia do novo coronavírus era o distanciamento social, na última semana um outro termo ganhou visibilidade: o lockdown. A palavra é o correspondente em inglês a confinamento. Mas passou a ser adotada no Brasil pelo seu uso corrente nas discussões internacionais acerca de formas de evitar a circulação de pessoas e a disseminação do vírus. Por ser uma palavra estrangeira, de difícil compreensão e pronúncia para parte da população, especialistas recomendam que as autoridades usem termos mais fáceis e até impactantes, como “tranca-rua”. O lockdown é uma das medidas de distanciamento social, na verdade a mais restritiva. O bloqueio total (como o termo foi traduzido) consiste em cercar um determinado perímetro (estado, cidade ou região), interrompendo toda atividade por um breve período de tempo. Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Noruega, Espanha, Suíça e Reino Unido já adotaram versões de lockdown. No Brasil, a medida faz parte das ações de contenção da pandemia em estados como Maranhão (região metropolitana de São Luís), Ceará (em Fortaleza) e no Rio de Janeiro (Niterói e São Gonçalo). Em São Paulo, ainda não há lockdown, mas a Capital tem adotado medidas duras, como rodízio e restrições de circulação em avenidas de grande movimento. Estudos de instituições renomadas mundo afora apontam que o lockdown obrigatório “se provou efetivo na contenção da difusão do vírus”, aponta reportagem da Agência Brasil publicada pelo Correio Popular no último domingo. Esta intervenção severa, na verdade, só acaba sendo utilizada quando os índices de isolamento social não são apropriados, derivando para alto risco de contaminação. É o que está acontecendo em várias cidades metropolitanas, incluindo Campinas. Anteontem, o Correio mostrou a grande e espantosa circulação de pessoas nos bairros da periferia, no chamado “o outro lado da Anhanguera”, em direção aos distritos do Ouro Verde e do Campo Grande. Aqui há uma equação complexa: sem renda e muitas vezes morando em habitações pouco confortáveis, muitos campineiros vão às ruas atrás de seu ganha-pão. Mas o efeito, obviamente, é dramático mais à frente. Por isso, ainda que o custo econômico das restrições seja altíssimo, é preciso reiterar que a batalha contra a pandemia requer esforço coletivo, não só das autoridades sanitárias. Se o cidadão não fizer a sua parte, estados e municípios recorrerão ao lockdown. 

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por