Frente Nacional de Prefeitos e membros ligados a conselhos veem risco de colapso nos serviços
Campinas perderá 52% dos especialistas que atuam no programa Mais Médicos, caso o governo cubano mantenha a posição de sair da parceria feita com o Brasil desde 2013. Dos 87 profissionais que fazem parte do programa, 46 são cubanos. O anúncio do presidente caribenho aconteceu na tarde de anteontem, sob a alegação de que o presidente eleito, Jair Bolsonaro fez “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras” aos profissionais. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas disse que lamenta a forma abrupta como foi anunciada a saída de Cuba do programa. Até o momento, não foi informado até quando os especialistas seguem nas unidades. “É lamentável tudo isso. Temos quatro médicos na nossa região e todos são excelentes. Eles já se integraram na comunidade. Não sabemos o que fazer”, disse o conselheiro local de Saúde do Centro de Saúde (CS) de Sousas, Aparecido Ferreira da Silva. A Frente Nacional de Prefeitos (FNP), do qual Jonas Donizette (PSB) é presidente, e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), lamentam a interrupção da cooperação técnica entre a organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o governo de Cuba, que possibilitava o trabalho de cerca de 8.500 médicos no Programa Mais Médicos. “Com a decisão do Ministério da Saúde de Cuba, anunciada nesta quarta-feira, de rescindir a parceria, mais de 29 milhões de brasileiros serão desassistidos”, frisou a FNP. De acordo com as instituições, os cubanos representam, atualmente, mais da metade dos médicos do programa. Por isso, a rescisão repentina desses contratos aponta para um cenário preocupante em, pelo menos, 3.243 municípios. Dos 5.570 municípios do País, 3.228 (79,5%) só têm médico pelo programa e 90% dos atendimentos da população indígena são feitos por profissionais de Cuba. “Além disso, o Mais Médicos é amplamente aprovado pelos usuários, 85% afirmam que a assistência em saúde melhorou com o programa. Nos municípios, também é possível verificar maior permanência desses profissionais nas equipes de saúde da família e sua fixação na localidade onde estão inseridos”, destacou a Frente Nacional. Reação O Conselho de Secretários de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems), presidido pelo secretário municipal de Saúde Campinas Carmino Antonio de Souza, além de apoiar a FNP, informou que reivindica que o governo brasileiro, através dos Ministérios da Saúde, da Educação e das Relações Exteriores, com o apoio da OPAS, tome todas as medidas necessárias para evitar a decisão de Cuba de não continuar participando do Programa Mais Médicos. “O COSEMS/SP entende que a suspensão do programa irá provocar um verdadeiro caos no atendimento do SUS, pois deixará milhares de municípios com Unidades Básicas de Saúde sem médicos”, destacou.