levantamento

Saúde pretende ampliar testagem

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio do Devisa, pretende aumentar a testagem dos casos suspeitos de coronavírus

Francisco Lima Neto
15/05/2020 às 08:07.
Atualizado em 29/03/2022 às 11:45

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), pretende aumentar a testagem dos casos suspeitos do novo coronavírus para agir mais rápido no isolamento e tratamento das pessoas, além de estudar o comportamento da doença. Para isso, dois convênios foram acordados com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A Diretora do Devisa, Andrea Von Zuben, informou que a Prefeitura vai implantar a testagem por amostras representativas da população. "Como não temos como fazer a testagem em massa da população, assim como nenhuma cidade do Brasil tem, vamos fazer por amostragem. É como o Ibope faz, por exemplo, para saber as intenções de votos para presidente. Não pergunta para a cidade inteira, faz por amostras", explica. A intenção é saber qual porcentagem da população de Campinas já teve a doença. "Existe um teste específico para isso. Ele detecta os anticorpos. É um teste para pessoas que não apresentam sintomas", especifica. Toda a testagem será feita pela Prefeitura. A Unicamp vai ficar responsável por fazer o sorteio, de forma aleatória, contemplando diversos bairros, a fim de ter a maior representatividade da população da cidade. Depois que esse trabalho for feito pela universidade, agentes da Prefeitura vão até as casas da população para aplicar o teste. "A gente ainda está estudando, mas devemos testar por volta de 2,5 mil pessoas nesse sistema, em bairros diferentes. Mas ainda não há data para começar", diz Andrea. A outra frente de trabalho também envolve a Unicamp, mas é voltada a quem procura atendimento médico. Atualmente, são testados apenas os pacientes graves e os profissionais da saúde. Esses testes são enviados para o Instituto Adolf Lutz realizar o processamento. "Agora a gente quer testar todas as pessoas que procurarem atendimentos nas unidades de saúde e nos pronto-socorros com sintomas leves. Esses casos o Adolf Lutz não faz. Então compramos 10 mil testes do laboratório da Unicamp. Esses casos leves vamos mandar para a Unicamp fazer o processamento", explica. De acordo com a assessoria de imprensa da Saúde, cada um desses exames contratados da Unicamp custa R$ 70,05 e que os serviços devem começar a serem prestados nos próximos dias. "O objetivo é o aumento das testagens e isolar todos as pessoas rapidamente e manter os 14 dias separadas, no caso da testagem dos casos leves. No caso da testagem por amostragem é entender qual porcentagem da população ainda está suscetível ao vírus, podendo adoecer", finaliza a diretora. Ela participou nesta quinta-feira (14), via teleconferência, de um debate realizado pela Câmara de Campinas sobre os desafios da saúde nessa pandemia da Covid-19 e o que tem sido feito. Andrea falou sobre todo o trabalho realizado pelo Departamento desde o início da pandemia, inclusive sobre o monitoramento rígido que foi feito pelas equipes. “Chegamos a ligar todos os dias para mil pessoas com sintomas respiratórios, monitorando seu estado de saúde e se estavam em casa”. Ela explicou ainda a diferença entre os tipos de testes para Covid-19, ressaltando que os testes rápidos olham para o passado, se a pessoa já teve sintomas e que deve ser usado no momento oportuno, sendo empregado em situações onde é preciso conhecer a situação imunológicas de uma população como em instituições de longa permanência, hospitais, exército, presídios. Confirmações representam 35% de pessoas sintomáticas Um modelo matemático desenvolvido por pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) e da Universidade de Bordeaux (França) aponta que os casos confirmados da Covid-19 no Brasil representam cerca de 35% das pessoas sintomáticas. Esse percentual é melhor do que em meados de abril, quando a testagem alcançava apenas 15% dos casos sintomáticos. Segundo o professor titular da Coppe/UFRJ e consultor técnico da Marinha do Brasil, Renato Cotta, a situação do País é complexa, devido às diferentes regiões. “O Brasil é um continente, como a Europa, e tem situações muito distintas em cada região”, afirma. “São Paulo e Rio de Janeiro já estão atravessando o pico dos casos reportados, e outros estados, como a Paraíba, ainda vão passar por ele.” Cotta assina o estudo com a pesquisadora brasileira Carolina Naveira-Cotta, também da Coppe/UFRJ, e com o epidemiologista francês Pierre Magal, especialista em simulação de pandemias. De acordo com o professor, a subida mais acentuada da curva de casos confirmados no mês de maio é resultado da combinação da fase mais aguda da epidemia com o aumento da realização de testes que, ao elevarem o número oficial, ajudam a retirar indivíduos infectados da cadeia de contágio. “A testagem é importante porque você tira de circulação alguém que pode infectar mais indivíduos suscetíveis. Se você testa e isola, é um indivíduo infectado a menos na cadeia de contágio”, explica ele, que, apesar disso, reconhece: “Mesmo que se teste muito, é sempre uma fração, e não estamos testando os infectados assintomáticos da rede”. (com agências)

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