CUIDADO COM O MOSQUITO!

Saúde alerta moradores de 17 bairros para risco de dengue

Com 147 casos até agora, Região Norte perto de Aparecidinha é a mais afetada

Ronnie Romanini
30/03/2022 às 09:59.
Atualizado em 30/03/2022 às 09:59
Agentes comunitários de saúde trabalham para eliminar os focos do mosquito transmissor da dengue em bairro na periferia de Campinas (Kamá Ribeiro)

Agentes comunitários de saúde trabalham para eliminar os focos do mosquito transmissor da dengue em bairro na periferia de Campinas (Kamá Ribeiro)

O novo alerta da Secretaria de Saúde de Campinas sobre a dengue, divulgado ontem, indicou 17 novos bairros que estão com risco de transmissão da doença em todas as regiões da cidade. São quatro bairros na região Leste (Jardim Conceição, Jardim Flamboyant, Vila 31 de Março e Vila Itapura), Norte (Parque Cidade, Residencial Padre Josimo, Vila Renascença e Vila San Martin) e Sudoeste (Jardim Maria Rosa, Jardim Uruguai, Loteamento e Arruamento Telesp e Parque Universitário de Viracopos). Ainda há três bairros localizados na Região Sul (Jardim Fernanda, Jardim São Vicente e Swift) e mais dois na Região Noroeste (Parque Valença II e Satélite Íris I).

Com menos bairros em atenção, a Região Noroeste também é a que registrou um número menor de casos de dengue no ano, 30, de acordo com o levantamento atualizado. Na outra ponta, as Regiões Norte, com 147 casos, e Leste, com 105, são as que tiveram mais confirmações em 2022. As outras duas Regiões, Sul e Sudoeste, têm 64 e 51 registros de dengue desde o início do ano. Ao todo, são 404 casos em Campinas neste ano, com sete deles ainda sem a informação da região.

Nos três primeiros meses de 2020, Campinas acumulou 1.954 contaminações. No mesmo período, em 2021, foram 855. Ao todo, no ano passado inteiro, foram 2.349 casos de dengue, número inferior aos 3.965 de 2020. A título de comparação, no último ano antes da pandemia, em 2019, o ano terminou com mais de 26 mil confirmações de dengue.

Embora os números deste ano indiquem uma manutenção da queda observada desde o início da pandemia, muitos casos são registrados retroativamente, ou seja, esse número pode crescer com o trabalho de investigação e confirmação de suspeitas. Entretanto, a pandemia influenciou nos números. Um dos motivos para isso foi que, ao passarem mais tempo dentro das residências, as pessoas tiveram um cuidado maior dentro de casa. Ao mesmo tempo, muitos podem ter tido a doença de maneira branda, não obtendo diagnóstico ou até mesmo confundido um possível sintoma com os causados pela covid-19.

"Teve esse efeito positivo da pandemia, isso foi nítido. No começo houve um cuidado maior da população. As pessoas ficaram mais dentro de casa e dedicaram mais tempo ao cuidado com o próprio ambiente, limpando as calhas e caixas d'água, fazendo manutenção e reformas. Percebemos esse cuidado maior e uma diminuição dos criadouros dentro de casa", pontuou a coordenadora do Programa de Arboviroses de Campinas, Heloísa Malavasi. Ela ainda acrescentou, em relação à pandemia, que "com certeza ela mascarou um pouco e diminuiu a sensibilidade para captar casos de dengue, que continuaram ocorrendo e nunca deixaram de existir".

O que existe, como explicou Heloísa, é um comportamento natural e sazonal da doença. "Temos picos epidêmicos que se manifestam mais ou menos a cada quatro anos. Então há uma sazonalidade dentro de cada ano, em períodos como março e abril com mais casos como acontece anualmente, mas também, quando observamos as nossas séries históricas, mais ou menos a cada quatro anos nós temos um pico epidêmico. Isso é do comportamento natural da dengue. É uma manifestação associada a diversos fatores, como a alternância do sorotipo predominante."

Quanto à sazonalidade dentro do próprio ano, atualmente estamos no primeiro mês em que costuma haver mais incidência de casos de dengue, com março, abril e maio historicamente registrando índices maiores do que os de outros meses. A coordenadora do Programa de Arboviroses esclareceu o motivo disso. "Nesse período, após chuvas de verão e altas temperaturas, há a tendência de ter um número maior de mosquitos. Há criadouros que estavam dispostos ao relento, com ovo de mosquito e que não foram eliminados, então há o contato com a água, o ciclo tem continuidade e aí nasce o mosquito. Então tem uma população maior de mosquitos que podem picar as pessoas. Ele é o vetor que vai levar esse vírus de uma pessoa para outra que pode estar suscetível, sem contato com o vírus. Essa é a forma de transmissão", esclareceu Heloísa. No caso, a fêmea do Aedes aegypti é quem ocupa esse papel de vetor.

De acordo com levantamento realizado pelo Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), 80% desses criadouros do Aedes aegypti estão dentro de casa. Por isso, embora o poder público promova ações nas áreas de maior incidência para interromper a transmissão da dengue, a população precisa fazer a sua parte cuidando de suas residências. "As nossas ações vão matar os mosquitos, porém a reposição populacional é muito rápida, por isso é tão importante identificar o foco e eliminar os criadouros", concluiu a coordenadora.

A população pode contribuir realizando a troca da água dos vasos de plantas a cada dois dias e lavar o recipiente com bucha e sabão para remover os ovos do mosquito. É importante também evitar acúmulo de água em latas, pneus e outros objetos, que os vasos sanitários e a caixa d'água permaneçam fechados e que as calhas sejam limpas e desentupidas.

A prefeitura ainda recomenda evitar o acúmulo de entulho e recicláveis. Para quem tem a planta bromélia em casa, a orientação é regá-la com mangueira de pressão ao menos uma vez por semana, além de limpar a face interna das folhas, pois é um local que favorece a proliferação de ovos e larvas do mosquito pela água acumulada.

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