Secretário relata que situação financeira é grave, já que governo federal não repassa recursos
"...Nós estamos sob pena de entrarmos em um colapso por falta de recursos", declarou Carmino Souza ontem, durante inauguração do Centro de Saúde no Jardim Satélite Iris Ir (Thomaz Marostegan/)
O secretário de Saúde de Campinas, Carmino de Souza, afirmou sexta-feira que a Saúde do Município está à beira de sofrer um colapso financeiro e que a Prefeitura tem feito esforços exorbitantes para arcar com a falta de repasses de recursos por parte do Governo Federal, que há anos não deposita o dinheiro na conta de diversas prefeituras municipais. A polêmica declaração foi dada durante a inauguração do Centro de Saúde (CS) do bairro Jardim Satélite Iris I. De acordo com o secretário, nos últimos dois anos a Prefeitura gastou cerca de 31% do orçamento com Saúde, mais que o dobro do que determina a Constituição, que obriga a investir 15% na área e também acima dos 17% determinados pela Lei Orgânica do Município. Em 2015, o gasto havia comprometido 29% do orçamento. “Têm municípios que estão investindo quase 40%. É insuportável o momento de financiamento da Saúde. Nós esperamos que quem ganhe a próxima eleição, assuma esse risco, porque nós estamos sob pena de entrarmos em um colapso por falta de recursos”, revelou. Esse orçamento, segundo o secretário, não suporta toda essa pressão. Para ele, o problema da questão econômica está cada vez mais evidente. “Vai ser difícil nós resolvermos os problemas da Saúde sem um novo pacto federativo e sem redistribuir o dinheiro de uma outra maneira, porque hoje 60% do que se capta dos impostos vai para o governo federal e não volta, ou então, volta muito pouco para os municípios”, comentou o secretário, que ainda informou que a União está investindo cerca R$ 230 milhões por ano no atendimento em Campinas, sendo que o custo total de manutenção da área de Saúde é de R$ 1,2 bilhão por ano. “O Município está se vendo obrigado a assumir o custeio da Saúde, sem receber repasses suficientes para isso”, afirmou.Inauguração O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB) inaugurou sexta-feira o Centro de Saúde “Dra. Veridiana Toledo Nascimento”, no bairro Jardim Satélite Íris I, no distrito do Campo Grande. A obra faz parte do programa Saúde em Ação, uma parceria entre Prefeitura, Estado de São Paulo e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Durante a cerimônia houve um protesto de moradores da região. A nova unidade começou a funcionar há duas semanas e tem capacidade para receber até 200 pessoas por dia, com atendimentos médico e dentário, farmácia, salas de vacinação, de curativos e de inalação. Ao todo foram investidos R$ 3,2 milhões na construção e na compra de equipamentos. De acordo com Jonas, o novo espaço é todo informatizado e conta com uma sala de triagem e banheiros adaptados para pessoas com deficiência, além de um espaço para atividades em grupo, como gestantes, terceira idade, crianças, entre outros. “Temos que celebrar as conquistas. Este novo centro de saúde está num padrão apropriado. Nunca houve tanto investimento na saúde básica como agora”, disse o prefeito. De acordo com o secretário de Saúde, Carmino de Souza, o novo centro de saúde vai beneficiar cerca de 5 mil moradores do bairro. Ele explica ainda que o local substitui a antiga unidade, que funcionava em um imóvel adaptado. “Esse centro de saúde é um legado para a vida, para a comunidade. A antiga unidade era inadequada para o atendimento. Quem vê hoje essa construção pronta não reconhece o lugar de quando procurávamos o terreno. É a sétima nova unidade que estamos entregando, além das reformas. Também é uma enorme satisfação que tenha o nome de Veridiana, que foi minha aluna no curso de Medicina”, disse o secretário de Saúde, Carmino de Souza. O coordenador do Saúde em Ação”, Ricardo Tardelli, afirmou que o programa vem fortalecer a atenção primária, que é a base do sistema de saúde. No total, 24 profissionais vão atender no local, entre médicos, dentistas, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e pessoal administrativo. O CS Satélite Íris 1 funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h. Este é o sétimo centro de saúde entregue desde 2013. Protesto Durante a inauguração da nova unidade de saúde, um grupo com cinco moradores do bairro protestou contra a Prefeitura. Eles cobraram mais médicos para os serviços de saúde da região. Os manifestantes ficaram do lado de fora do complexo hospitalar com cartazes contra o governo municipal. “Na antiga unidade só tinha dois médicos atendendo todo mundo, Hoje eles estão inaugurando um centro de saúde sem médicos para atender todo mundo”, reclamou o auxiliar administrativo Júlio Régio, de 56 anos.