PROPOSTA

Saudade pode se tornar museu a céu aberto

Setec entrega em 40 dias o projeto que deve mudar o significado do lugar

Tote Nunes/AAN
tote.nunes@rac.com.br
30/06/2019 às 10:23.
Atualizado em 30/03/2022 às 20:17

Um projeto que deve ser entregue em 40 dias para aprovação do prefeito Jonas Donizette (PSB) promete dar um novo significado aos cemitérios da cidade. A Setec (Serviços Técnicos Gerais) — autarquia que disciplina o uso do solo — quer transformar o chamado Complexo da Saudade, onde estão o Cemitério da Saudade e outros cinco ligados à Igreja Católica, numa espécie de museu a céu aberto. A ideia é promover a identificação digital de túmulos de personalidades da história de Campinas e abrir os espaços a visitações públicas guiadas, regulares. O Complexo da Saudade possui cerca de 36 mil túmulos e em 2003 foi tombado Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepaac). Túmulos de personalidades ou jazigos cuja construção seja de reconhecido valor histórico estão sendo cadastrados. A ideia é reunir informações biográficas, referências sobre o período em que essas pessoas viveram e o contexto de sua atuação. Além disso, serão compilados dados sobre as esculturas e dezenas de obras de artistas desconhecidos, em sua maioria italianos, e de artistas famosos como Marcelino Velez, Rosadas, Lélio Coluccini. Todas essas informações poderão ser acessadas pelo visitante por meio de um QR Code — um código de barras em 2D que pode ser escaneado pela maioria dos telefones celulares que têm câmera fotográfica. Um mapa com os locais a serem visitados será instalado na entrada do complexo. As informações individualizadas estarão também em cada túmulo selecionado. Nem todos serão considerados patrimônio, porque será levada em consideração a importância histórica, artística e cultural das sepulturas e equipamentos que formam o cemitério, como o cruzeiro, o ossuário, os muros laterais do pórtico, o prédio da administração, o Monumento do Soldado Constitucionalista. O presidente da Setec, Arnaldo Salvetti, lembra que o complexo tem imenso potencial de atração de visitantes, justamente pelo caráter de preservação da história da cidade que possui. Construído em 1880, o Saudade é resultado da transferência de sepulturas e mortos de cinco cemitérios que existiam na cidade: Cemitério Cura D'ars, Cemitério São Miguel e Almas, Cemitério Terceira Ordem do Carmo, Cemitério Santíssimo Sacramento, Cemitério São José. Dos túmulos existentes, pelo menos 20% tiveram indicação de preservação pelo Condepaac. Desde que foi construído, cerca de 1 milhão de pessoas já foram sepultadas ali. “Além de contribuir para a preservação da história da cidade, esse museu a céu aberto vai abrir possibilidades de conhecimento para as crianças, por exemplo, avalia Savetti. Ele conta que já chegou a conversar sobre o projeto com os representantes da Igreja Católica e iniciou contatos com a IMA (Informática de Municípios Associados) para o desenvolvimento do software que será usado no programa — que não estará restrito apenas ao Cemitério da Saudade. Vai ser adotado também em outros cemitérios municipais, como o Nossa Senhora da Conceição - o Amarais — e no Cemitério de Sousas. Ele acredita que em 40 dias, todo o projeto estará fechado e vai submetê-lo ao prefeito. “Se ele aprovar, vamos executar”, finalizou. Financiamento Parte do programa de implantação do museu a céu aberto será financiado pela cobrança de uma taxa de manutenção de túmulos, que poderá vir a ser criada pela Setec. O valor dessa taxa e a amplitude dela, segundo o presidente da autarquia, Arnaldo Salvetti, ainda não foi dimensionado, mas a estimativa é que fique em torno de 50 UFICs por ano (cerca de R$ 150,00), a ser cobrado de cada proprietário de túmulo. A Setec estima que os custos com a manutenção dos três cemitérios municipais fiquem em torno de R$ 1,5 milhão por mês. “Para colocar o projeto em pé é preciso recurso, mas queremos deixar claramente definido no projeto, que o dinheiro da taxa vai ser usado para a manutenção dos túmulos e para o museu. Não poderá ser usado para nada fora disso”, afirmou. Ele diz que o projeto vai prever a criação de um conselho, que vai contar com representantes do poder público, da igreja e da sociedade. Esse conselho é quem vai definir o emprego dos recursos. “Nossa objetivo, além de ajudar na manutenção dos cemitérios, também é preservar a história da cidade”, disse Salvetti.

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