Jovens se reúnem no espaço degradado para manifestação que inclui música e teatro
Sarau do movimento Arte Viva, na Praça Imprensa Fluminense, que abriga o Centro de Convivência Cultural, reuniu centenas de jovens no final de semana. A iniciativa resgata o espaço público que já foi referência de cultura na cidade, mas está degradado. Segundo organizadores, cerca de 600 pessoas participaram dos eventos de música, teatro, dança e exposições de arte.
O diretor de Cultura de Campinas, Gabriel Rapassi, elogiou o trabalho do movimento. Apesar de a grande maioria do público ser jovem, pais também acompanharam os filhos, e aprovaram o sarau.
“O Convivência está abandonado e é um local onde pessoas usam drogas, isso não dá para negar, mas não é uma cracolândia, e droga tem em toda a cidade. O movimento tem a função de divulgar manifestações de arte”, disse a estudante Laís Moraes, de 17 anos, uma das organizadoras, sobre as denúncias de que a área pública se tornou reduto de usuários de drogas.
“O sarau começou como protesto contra o descaso com a cultura em Campinas, que foi destruída. É um movimento apolítico, a favor de todos os movimentos para resgatar a importância de manifestações artísticas”, ressaltou.
Laís reclamou que moradores relacionam o encontro com uso de entorpecentes. Ela comentou a confusão registrada no último sarau, em março, em que jovens foram flagrados consumindo drogas. “A gente quer fazer exatamente o oposto, que é resgatar o Convivência. Não há relação entre o movimento e o problema histórico da praça”, defendeu. “Se a situação chegou no que está, é culpa do descaso do poder público”, afirmou.
A estudante Nicole Dell Courtte, de 17 anos, disse que o movimento é um “estilo de vida”. “Nosso objetivo é trazer para o espaço público um pouco da arte que é desconhecida em Campinas.”
Entre as atividades, ocorreram apresentações musicais, de teatro, exposição de fotografia e desenhos, leitura de poesias e troca de livros.
Rapassi esteve sábado no evento. “Essas iniciativas têm de ser apoiadas na cidade. A juventude escrevendo poesia, ouvindo música, trocando livros, não há nada melhor do que ocupar uma praça para essas atividades. E cultura em praça pública é orgulho para qualquer país civilizado”, disse. “O local é emblemático em Campinas, um centro de convivência, onde todos os cidadãos têm direito de estar.”
Muitos jovens levaram os pais à praça para participar das atividades culturais. “Acho muito importante isso, especialmente para os jovens. Campinas não tem mais nada, acabou com a cultura. Eu vim muito no teatro do Convivência e sinto muita falta”, disse a advogada Ângela Maria Camargo, de 57 anos, que participou do evento com a filha de 17 anos e uma neta de 3.
A consultora de vendas Neusa Massucatto, de 56 anos, assistia pela primeira vez ao sarau. “Vim ver meu filho. Ele sempre me chama e eu nunca tinha vindo”, contou Neusa, que elogiou a iniciativa do adolescente. “Insisti para que ela viesse para mostrar que não é nada daquilo que o povo fala”, disse o jovem Pedro Massucatto, de 17 anos.
Quem quiser conhecer um pouco mais do Movimento Arte Viva pode acessar o site http://movimentoarteviva.wordpress.com.