DENGUE

Santa Bárbara d´Oeste cria 'armadilha' para identificar focos do Aedes aegypti

Pote de plástico preto com água e um pedaço de madeira mostra onde há mais focos do mosquito; o kit custa apenas R$ 250 e tem apresentado resultados positivos

Sarah Brito
09/04/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 17:11
Coordenador do Centro de Controles de Zoonoses, Alexandre Viscockas, mostra a 'armadilha'  ( César Rodrigues/ AAN)

Coordenador do Centro de Controles de Zoonoses, Alexandre Viscockas, mostra a 'armadilha' ( César Rodrigues/ AAN)

Após uma epidemia de dengue em 2014, Santa Bárbara D'Oeste buscou uma alternativa para evitar nova transmissão em massa da doença este ano: uma "armadilha" para o mosquito vetor, o Aedes aegypti, que direcionou a Secretaria de Saúde aos pontos onde ele começou a se reproduzir. A "armadilha" é barata e se mostrou eficaz: reduzir em 78% o número de casos da doença no período epidêmico deste ano (no Verão) comparado ao ano passado. Segundo a Prefeitura, a quantidade de infectados, que foi de 1,9 mil entre janeiro e abril de 2014, caiu para 409 no mesmo período de 2015.A ideia é simples: um pote de plástico preto com água e um pedaço de madeira. Uma vez por semana, os agentes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) vão até os 159 pontos escolhidos por toda a cidade e verificam se o mosquito depositou os ovos. Com isso, é possível diagnosticar onde existem mais mosquitos. Os "kits anti-dengue" custaram cerca de R$ 200, mais o valor fixo de gasolina e os salários da equipe, uma dupla de profissionais. No total, são menos de R$ 5 mil por mês.   Desde setembro A ação começou em setembro do ano passado, uma vez que o objetivo é mapear a cidade antes do surto epidêmico. De acordo com o coordenador do CCZ, Alexandre Visockas, a "armadilha" funciona como um "detector de fumaça" e ajuda a nortear as ações preventivas, como remoção de criadouros e ações educativas a população. As "armadilhas" foram colocadas em casas selecionadas, com distância de 500 metros entre elas. Os moradores consentiram a experiência. Os mosquitos fêmea depositam os ovos na paleta de madeira, na parte interna, próximo a parede do recipiente de plástico e a água. Essa água é clorada e não há risco para os moradores do entorno da "armadilha . Os mosquitos transmissores da dengue preferem ambientes artificiais, como o recipiente de plástico, e escuros, por isso a cor preta. Ano passado, além do grande número de infectados, a cidade registrou três mortes. Este ano, o número é menor, mas a Administração planeja manter o projeto por todo o ano.   Análise Após a semana exposta, a paleta é retirada e levada ao laboratório do CCZ, onde os ovos são analisados. Para verificar se são ovos do mosquito Aedes aegypti, os técnicos da Zoonose maturam parte dos ovos para verificar as larvas, quando é possível distingui-las de outros insetos. O método foi criado pela cidade e o objetivo era evitar uma nova epidemia."Iniciamos a 'armadilha' no período entomológico, anterior a quando as pessoas começam a ficar realmente doentes. Precisa ser antes do paciente aparecer. Percebemos que, durante as visitas, os agentes traziam larvas. E dois meses depois apareciam os doentes. Então, a 'armadilha' é uma prevenção de fato", disse o coordenador. No início do projeto, a "armadilha" foi colocada em um ponto, no Centro, e o resultado foi positivo, o que comprovou a teoria.Vários pontosAtualmente, dos 159 pontos, 80% tem resultado positivo para depósito de ovos. Desse material, o índice de larvas do mosquito Aedes aegypti é de 100%, informou Visockas. "Isso mostra que temos mosquito na cidade inteira hoje. Algumas regiões preocupam mais, e a 'armadilha' mostra isso quando há mais ovos , disse. Os bairros que mais preocupam são: Vila Nilópolis, Cidade Nova, Jardim Europa e Jardim Molon.O coordenador afirmou que a "armadilha é confiável", mas o mosquito transmissor tem como característica depositar os ovos em vários lugares. "É um diagnóstico. Não dá para 'apagar incêndio', mas ajuda a ter uma estimativa" , disse.

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