As ações integram o Plano Campinas 2030, que visa oferecer segurança hídrica à metrópole e desenvolvimento sustentável do abastecimento,
Um dos pilares do plano de segurança hídrica da Sanasa é a ampliação da sua capacidade de armazenar água, por meio da construção de novos reservatórios, como a unidade do Jardim Nova Europa (Alessandro Torres)
Ao completar 249 anos, Campinas tem como presente um feito na área de saneamento básico. Na última semana, a Sanasa completou a marca de 300 km na troca de redes adutoras na cidade, estrutura responsável pelo abastecimento de água potável. Isso corresponde a 66% dos 450 km de redes trocadas nos 27 anos entre 1994, quando esse trabalho começou, e 2021, quando a atual gestão assumiu. A estimativa é de que até o fim de 2024 a substituição alcance os 450 km, dobrando o volume de troca realizado em quase três décadas em apenas quatro anos.
O presidente da Sanasa, Manuelito Magalhães, disse que a ação visa combater o maior "fantasma" na questão de saneamento para os próximos anos: o desabastecimento. Mas, de acordo com ele, o êxito no trabalho não será obtido apenas através da troca das redes, mas também de outros pilares, como a reservação, o aumento do reúso e uma nova adução, que está sendo tratada junto ao Estado. As ações integram o Plano Campinas 2030, que visa oferecer segurança hídrica à metrópole e desenvolvimento sustentável do abastecimento, com vistas a fechar a década com segurança nesse sentido.
PILARES
Magalhães exaltou que o trabalho de garantia do abastecimento hídrico da cidade será pautado por quatro pilares. O primeiro refere-se, justamente, à substituição da tubulação. Hoje, os bairros que ainda não foram contemplados com a troca têm a rede em material de metal. Agora, o produto usado é feito em polietileno de alta densidade (PeAd), cuja durabilidade supera 50 anos.
Um dos bairros cujas obras estão em curso é o Jardim Eulina, onde a rede tem cinco décadas de instalação - período limite de duração. O bairro sofre com interrupção semanal do abastecimento em razão de reparos necessários nas fissuras, que aparecem na rede com frequência. No entanto, Magalhães afirmou que o problema deve se encerrar com o fim das obras, previsto para aproximadamente oito meses.
"Esse trabalho é fundamental, pois onde mais se perde água é na distribuição. Hoje, Campinas perde uma média de 20% da água captada dos rios em razão de irregularidades na rede. A substituição visa melhorar cada vez mais esse percentual", explica Magalhães.
Os 20% de perda representam índice menor que a média brasileira de perda, que é de 40%, segundo o Instituto Trata Brasil.
"O país que tem o menor percentual de perda é o Japão, com 7%. Em Campinas, perdemos menos água, na média, que países europeus, como Inglaterra e França. Nos bairros cuja rede foi recém-trocada, o nível de perda é similar ao do Japão", comenta o presidente da Sanasa. A perda de água se dá em razão do surgimento das fissuras, geralmente ocasionadas pelo movimento do solo, infiltração ou tráfego intenso de veículos.
O segundo pilar do plano consiste no aumento da reserva de água potável para emergência. O plano é ampliar o número de reservatórios em 29 unidades nos quatro anos (2021-2024). Para bater a meta, faltam apenas nove. Em 2021, eram 73 reservatórios, contra 93 existentes atualmente - 20 já foram construídos. A reserva atual é capaz de abastecer toda a população da cidade por cerca de 20h - além das 24h já exigidas para as residências.
A empresa aponta como terceiro pilar o que chama de "tratamento terciário de água". Trata-se de devolver aos rios água com 99% de pureza, diminuindo assim o saldo de volume retirado. Nesse sentido, a Sanasa deve realizar obras em sua maior estação de tratamento, a Anhumas, que atende cerca de 350 mil pessoas, para que a estrutura seja capaz de realizar o tratamento terciário. "Nós já licitamos essa obra, assinamos contrato com a empresa e, no mais tardar, os trabalhos devem começar em outubro", declarou Magalhães.
Dados de análise da captação revelam uma redução brusca da retirada de água dos rios. Em 1994, Campinas tinha cerca de 800 mil habitantes e tirava dos rios 116 bilhões de litros de água por ano. Em 2022, registro mais recente para um ano fechado, o volume de retirada foi de 108 bilhões de litros, para população que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1.138.309 habitantes.
Por fim, o quarto pilar faz alusão à instalação de 39 quilômetros adicionais de rede adutora na cidade, garantindo água para a região do Recanto dos Dourados e Gargantilha. Os quatro pilares, de acordo com a presidência da Sanasa, somam a cifra de R$ 700 milhões em investimentos.
Magalhães também adiantou ao Correio Popular que estão avançadas as negociações para uma nova captação de água, agora no Rio Jaguari. A adução deve acontecer na barragem que está sendo construída pelo Estado em Pedreira. Atualmente, quase a totalidade da água consumida é retirada do Rio Atibaia.