Objetivo da empresa é trocar 450 km de redes até o final deste ano para ampliar a segurança hídrica da cidade
A troca de 450 km de redes de água foi iniciada em 2021; meta da Sanasa é, nestes quatro anos, executar o mesmo volume que foi feito nos 27 anos anteriores (Rodrigo Zanotto)
A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (Sanasa) fez na segunda-feira (5) a entrega simbólica da troca de 350 quilômetros de rede de água para aumentar a segurança hídrica de Campinas. A empresa de economia mista, que no dia 14 de março completará 50 anos, espera atingir até o final deste ano 450 km de redes substituídas, algo iniciado em 2021. Ou seja, a meta é executar no quadriênio de 2021-2024 o mesmo volume que realizou nos 27 anos anteriores, de 1994, quando foi lançado o programa municipal de redução de perdas, até 2020. A obra, que está recebendo um investimento de R$ 150 milhões, é equivalente a distância entre Campinas e Curitiba (PR).
“A principal vantagem é manter o abastecimento e reduzir as perdas”, explicou o prefeito Dário Saadi (Republicanos) ao participar da entrega durante a execução das obras na Rua Francisca Pompeu de Camargo, na Nova Campinas. A substituição em todas as regiões da cidade da rede de cimento amianto por canalização de polietileno de alta densidade (PeAd), material mais resistente e com durabilidade superior a 50 anos, já reduziu em 18,2% o Índice de Rompimento por Km de Rede.
De acordo com o presidente da Sanasa, Manuelito Magalhães Júnior, a média que era de 0,44 por km de rede caiu para 0,32, chegando praticamente a zero nos pontos onde a troca foi realizada. “É um índice de Primeiro Mundo. O que temos hoje nesses pontos são rompimentos provocados por obras de terceiros”, explicou. Até 2019, último ano antes da pandemia de covid-19, até mesmo a vibração no solo provocada pelo trânsito de veículos poderia causar vazamentos e perda de água tratada.
O diretor técnico da Sanasa, Marco Antonio dos Santos, afirmou que a troca da rede é definida pelo ranking dos pontos de Campinas com maior problema de rompimento. Para ele, a redução de ocorrências é resultado das “ações assertivas onde a gente atua”. Somente nos últimos 15 dias, a obra foi realizada em bairros Parque Santa Bárbara, Parque Valença, Jardim Santana e no distrito de Joaquim Egídio. O prefeito Dário Saadi destacou que a instalação da nova rede em PeAd é feito pelo sistema MND (método não destrutivo), que não prejudica o fluxo de pessoas e de veículos e nem interfere na rotina da cidade. As técnicas usadas são variadas e se adaptam às necessidades de cada projeto, mas, basicamente, evitam a necessidade de abertura de valas. Outra vantagem é reduzir os custos ao diminuir os reparos na camada asfáltica das vias.
RESULTADOS
A substituição, aliada a outras obras, como a instalação de válvula reguladora de pressão (VRP), que tem a função de controlar o fluxo e a pressão de água na rede de distribuição, diminui os rompimentos e, consequentemente, as perdas e prejuízos causados pelo desperdício. O conjunto de ações coloca Campinas entre os oito municípios com a menor taxa de desperdício de água entre as 100 cidades brasileiras mais populosas, de acordo com estudo feito pelo Instituto Trata Brasil, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) formada por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país. De acordo com o levantamento, a cidade tem uma perda de 20,57%, índice que é praticamente a metade da média nacional, que é de 40,3%.
Campinas é uma das poucas cidades que já cumprem a Portaria nº 490/2021, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), que estabelece para 2034 a meta de 25% como limite para o índice de perdas na distribuição (INO49). Além disso, o município tem um índice de perdas por ligação (INO51) de 153,6 litros, valor 28,89% abaixo do estabelecido pelo documento federal, que é de 216 litros.
A população da cidade consome, em média, 189,3 litros de água por dia, de acordo com a Prefeitura. “Na média, perdemos menos água em Campinas do que países europeus, como Inglaterra e França”, disse o presidente da Sanasa. A substituição da rede faz parte do pacote de obras da Prefeitura em comemoração ao 250 anos de Campinas, que serão completados em 14 de julho.
PACOTE
A Sanasa tem 100 obras em andamento, nas quais está investindo R$ 700 milhões. Em 2023, ela foi escolhida como a melhor empresa municipal de saneamento do Brasil, de acordo com eleição realizada pela revista Saneamento Ambiental, especializada em controle ambiental, saneamento básica, saneamento ambiental, meio ambiente, poluição e tratamento de resíduos. A publicação é voltada para o público técnico de controle ambiental dos setores petroquímico, mineração, engenharia e outros.
Os empreendimentos da Sanasa integram o Plano Campinas 2030, que pretende oferecer segurança hídrica aos 1,13 milhão de habitantes da cidade e o desenvolvimento sustentável do abastecimento. Além da troca de rede, a Asanas está construindo novos reservatórios de água e implantando a adutora para abastecer a região do bairro Gargantilha.
De acordo com o presidente da empresa, as obras em andamento e a qualidade dos serviços prestados são reflexos da qualidade do corpo técnico da empresa, desde os engenheiros que elaboram os projeto até os funcionários que fazem a manutenção e reparos da rede.
Atualmente, a Sanasa atende 99,84% da população da cidade com água tratada e 96,42% com coleta e afastamento de esgoto, ainda com capacidade instalada para tratar 95% desse material. A companhia tem 2.125 funcionários e é uma das maiores geradoras de emprego no município.
Magalhães Júnior antecipou que nas próximas semanas terá início a entrega de 20 novos reservatórios que aumentarão em 38,02% a capacidade de armazenamento. A empresa está investindo R$ 117,65 milhões na construção das 20 unidades. A capacidade projetada de armazenamento é de 54 milhões de litros de água. Assim, a reservação passará dos atuais 143 milhões, referentes aos 73 reservatórios existentes, para 197 milhões de litros, volume suficiente para garantir 20 horas de consumo.
Das novas unidades em obra, 16 são de aço vitrificado, que une a resistência do aço com a durabilidade e a pureza do vidro. O vidro fundido com o aço resulta em uma alta proteção contra a corrosão aliada à resistência e flexibilidade do aço. Esse tipo de vidro reveste o aço como um esmalte de forma permanente, protegendo definitivamente sua superfície. Os reservatórios estão sendo instalados em bairros como Taquaral, Parque das Universidades, Campo Grande, Parque Jambeiro e Jardim Nova Europa.
A Sanasa também prevê inaugurar, em julho, o sistema de abastecimento de água para a região do Gargantilha e bairros na zona rural, como Monte Belo, Bananal e Carlos Gomes. São cerca de 4,8 mil pessoas residindo nessa área. Localizados a 27 quilômetros do Centro, os moradores convivem com a falta do produto há 40 anos, sendo abastecidos por poços ou caminhões-pipa fornecidos gratuitamente pela empresa. O empreendimento está recebendo um investimento de R$ 24,07 milhões.
A obra prevê a construção de 11.480 metros de subadutora, 30.967 metros de rede de água e a construção de quatro reservatórios, sendo três apoiados, em aço vitrificado, e um elevado, de concreto, com capacidade de 630 mil litros. Os recursos para o investimento são de R$ 16,9 milhões de financiamento da Caixa Econômica Federal e R$ 7,2 milhões como contrapartida da Sanasa.
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