Empresa prepara a entrega de um pacote de obras voltado à garantia da segurança hídrica do município; investimentos chegam a R$ 700 milhões
Entre as obras em andamento estão 20 novos reservatórios de água, que aumentarão em 38,02% a capacidade de armazenamento da cidade (Rodrigo Zanotto)
A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) prepara a conclusão de um pacote de obras para 2024, quando completa 50 anos, cujo objetivo é garantir o crescimento socioeconômico de Campinas. Entre elas estão a entrega de 20 novos reservatórios de água, que aumentarão em 38,02% a capacidade de armazenamento, e o alcance da marca de troca de 450 quilômetros de rede para reduzir o risco de vazamentos e perdas.
Os projetos já em execução são os maiores de um conjunto de 100 obras em andamento, nas quais estão sendo investidos R$ 700 milhões pela companhia, que na segunda-feira (28) completou 49 anos e se destaca como a melhor empresa municipal de saneamento do Brasil, como aponta eleição realizada pela revista Saneamento Ambiental, especializada em controle ambiental, saneamento básico, saneamento ambiental, meio ambiente, poluição e tratamento de resíduos.
A publicação é voltada para o público técnico de controle ambiental dos setores petroquímico, mineração, engenharia e outros. Os empreendimentos da Sanasa integram o Plano Campinas 2030, que visa oferecer segurança hídrica aos 1,13 milhão de habitantes da cidade e impulsionar o desenvolvimento sustentável do abastecimento. A proposta é fechar a década com quantidade e qualidade suficientes de água tanto para sua o abastecimento da população quanto para realizar diferentes atividades produtivas, deixando Campinas preparada para o um salto de crescimento no futuro.
"Não são apenas números, mas resultam da atuação eficiente de cada funcionário desta empresa. Investimentos não funcionam sem uma força de trabalho dedicada e de qualidade", afirmou o presidente da Sanasa, Manuelito Magalhães Júnior. Ele está à frente da empresa de economista mista, que tem a Prefeitura como acionista majoritária, regulamentada pelo decreto nº 4.437, de 1974, quando a cidade tinha 375.864 moradores, número que triplicou de lá para cá. Além de ser responsável pelo abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, a companhia tem 2.125 funcionários e é uma das maiores geradoras de emprego no município.
PROJETOS
Atualmente, a Sanasa atende 99,84% da população da cidade com água tratada e 96,42% com coleta e afastamento de esgoto, com capacidade instalada para tratar 95% desse material. No ano passado, ela tratou 90,04% do esgoto coletado. A obra de maior valor em execução é a troca de 450 km da rede de água, distância praticamente equivalente à que separa Campinas de Curitiba (PR).
Iniciada em 2021, a substituição, projetada para ser executada em quatro anos, na qual estão sendo investidos R$ 255,29 milhões, é equivalente ao que foi feito na cidade em 27 anos, entre 1994 e 2020. A rede de cimento amianto está sendo trocada por canalização feita de polietileno de alta densidade (PeAd), material mais resistente e com durabilidade superior a 50 anos.
A obra colabora para colocar Campinas entre os oito municípios com a menor taxa de desperdício de água entre as 100 cidades brasileiras mais populosas, aponta estudo feito pelo Instituto Trata Brasil, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) formada por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país. De acordo com o levantamento, a cidade tem uma perda de 20,57%, índice que é praticamente a metade da média nacional, que é de 40,3%.
Campinas é um dos poucos municípios que se antecipou ao cumprimento da portaria nº 490/2021, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), que estabelece para 2034 a meta de 25% como limite para o índice de perdas na distribuição (INO49). Com as novas redes, de acordo com a Sanasa, a tendência é esse índice seja reduzido ainda mais. "É um programa extremamente comprometido com o aumento de eficiência, redução de ocorrências de vazamentos de rede e com a vitalidade da Bacia PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí). Desde a sua criação até os dias de hoje, 611 bilhões de litros deixaram de ser retirados dos rios em função da redução do índice de perdas", afirmou Magalhães Júnior.
Em 1994, quando iniciou a substituição, Campinas retirava anualmente dos rios Atibaia e Capivari, onde faz captação, 116 bilhões de litros para abastecer 800 mil moradores. Hoje, com quase 1,14 milhão de habitantes, retira 106 bilhões de litros de água. De acordo com a empresa, a troca da rede atenderá mais de 20 bairros, onde residem quase 200 mil pessoas, número proporcional a duas vezes a população de uma cidade do porte de Paulínia. "O país que tem o menor percentual de perda é o Japão, com 7%. Em Campinas, perdemos menos água, na média, que países europeus, como Inglaterra e França", comparou o presidente da Sanasa.
A empresa também está investindo R$ 117,65 milhões na construção de 20 novos reservatórios, que aumentam em 54 milhões de litros de água a capacidade de armazenamento. Assim, a partir do próximo ano, a reservação passará dos atuais 143 milhões, referentes aos 73 reservatórios existentes, para 196 milhões de litros, volume suficiente para garantir 20 horas de consumo. Das novas unidades em obra, 16 são de aço vitrificado, que une e resistência do aço com a durabilidade e a pureza do vidro. O vidro fundido com o aço resulta em uma alta proteção contra corrosão aliada à resistência e flexibilidade do aço. Esse tipo de vidro reveste o aço como um esmalte de forma permanente, protegendo definitivamente sua superfície.
"Além dos custos de manutenção serem mais baixos, esse material não precisa de repintura e possui elevada vida útil com baixa necessidade de manutenção preventiva. Outra vantagem é na montagem do reservatório de maneira rápida e limpa, sem precisar do auxílio de equipamentos pesados", explicou Magalhães Júnior. Os reservatórios estão sendo construídos em bairros como Jardim Chapadão, Ponte Preta, Cidade Satélite íris, Real Parque, Alphaville, Gargantilha e Monte Belo.
OUTROS DESAFIOS
A Sanasa trabalha em um terceiro pilar, que chama de "tratamento terciário de água" dentro do Plano de Segurança Hídrica. Ele envolve devolver aos rios água com 99% de pureza, diminuindo assim o saldo do volume retirado. Para isso, até outubro, iniciará obras em sua maior Estação de Tratamento de Água (ETA), a Anhumas, que atende cerca de 350 mil pessoas, para fazer o tratamento terciário.
A companhia também está instalando 39 quilômetros adicionais de rede adutora para garantir o abastecimento da região do Recanto dos Dourados e Gargantilha. O investimento feito é de R$ 24,07 milhões, levando água tratada para bairros da área rural localizados a 27 quilômetros do Centro, onde residem aproximadamente 4,8 mil pessoas.
Para aumentar a oferta de água para o município, a Sanasa negocia outorga para captação de água em um terceiro rio, o Jaguari. A adução deverá ser feita na barragem que está sendo construída pelo governo do Estado nas cidades de Pedreira e Amparo. A ideia é construir um sistema de tubulação para levar a água até a estação de tratamento da empresa - as distâncias, dependendo dos projetos, variam de 7 a 16 quilômetros.
O objetivo é reduzir a dependência do município da captação no Rio Atibaia, responsável por 99,31% do abastecimento de Campinas. A estimativa é captar de 1 metro cúbico de água por segundo a 2,5 m³/s no Jaguari. Atualmente, o município retira do Atibaia entre 3,5m³ e 4m³/s.