covid-19

Samaritano testa hidroxicloroquina

O Hospital Samaritano Campinas vai testar o uso da hidroxicloroquina - medicação para malária - e do antibiótico azitromicina

Gilson Rei
17/04/2020 às 09:19.
Atualizado em 29/03/2022 às 16:10

O Hospital Samaritano Campinas vai testar o uso da hidroxicloroquina — medicação para malária — e do antibiótico azitromicina para o tratamento de pacientes com Covid-19. Será o único hospital privado do município e da Região Metropolitana de Campinas (RMC) a atuar na realização de testes para tentar inibir a proliferação da doença. Para verificar a eficiência dos medicamentos nos pacientes, a unidade hospitalar de Campinas estabeleceu uma parceria com o Instituto de Pesquisa Clínica de Campinas — que realiza estudos na área da Medicina — e com o Hospital Albert Einsten, de São Paulo. Poderão fazer uso dos medicamentos os pacientes internados acometidos pela Covid-19, que tenham idade acima de 18 anos e apresentem autorização pessoal ou autorização dos familiares. A ideia é realizar 1,2 mil testes, com resultados entre 60 e 90 dias. O cardiologista José Francisco Kerr Saraiva, diretor do Instituto de Pesquisa Clínica de Campinas, vai coordenar os estudos em conjunto com médicos do Hospital Samaritano Campinas. Segundo Saraiva, um dos testes engloba o uso da hidroxicloroquina com a azitromicina. Outro tipo de teste será apenas com o uso da hidroxicloroquina. Saraiva destacou a importância da autorização. “Como todo medicamento, há efeitos colaterais. Os testes só serão administrados nos pacientes com o consentimento deles ou autorização das famílias”, explicou. O estudo tem como meta principal reduzir a quantidade de vírus.“A droga funciona na diminuição da replicação viral, ou seja, ela diminui o aumento da quantidade de vírus dentro do organismo”, explicou o médico Hugo Bertipaglia, que também integra a equipe de profissionais e é coordenador da Unidade Coronariana e UTI Respiratória do Hospital Samaritano Campinas. Os dois médicos estão otimistas e têm grandes expectativas. “Esperamos que os medicamentos nos ajudem no combate à doença e tire todo esse sofrimento e angústia nesses tempos tão difíceis”, disse Bertipaglia. “Em meio a toda essa pandemia é necessário estudos de tratamentos que possam nos dar respostas científicas. É uma iniciativa muito boa e que traz esperanças aos pacientes”, concluiu Saraiva. Estrutura Para o enfrentamento da pandemia do coronavírus (Covid-19), o Hospital Samaritano Campinas estruturou-se para atender e tratar os pacientes. A Unidade abriu um Pronto-Socorro Respiratório separado do Pronto-Socorro Geral, montou uma Ala de Internação Respiratória com 16 leitos e uma UTI Respiratória com 13 leitos. Estes leitos foram adicionados aos já existentes no hospital. Outro Hospital do grupo Samaritano que também foi preparado para atender aos pacientes com Covid-19 é o Santa Ignês, em Indaiatuba. Nele, também foi aberto um Pronto-Socorro Respiratório separado do Pronto-Socorro Geral. O Hospital tem Ala de Internação Respiratória com oito leitos e UTI Respiratória com 12 leitos. Os leitos são adicionais aos já existentes. Annita tem resultados promissores no tratamento O Annita, medicamento usado no tratamento de vírus intestinais e protozoários, está sendo testado para o combate ao coronavírus. Na quarta-feira, o ministro Marcos Pontes afirmou que um remédio tinha tido resultados promissores nas pesquisas realizadas pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM), em Campinas. Pesquisadores descobriram que o medicamento é capaz de reduzir em 94% a carga viral da Covid-19 após 48 horas, segundo ensaios in vitro com células infectadas. O próximo passo será a realização de testes clínicos em 500 pacientes acometidos pela doença. A estimativa é de que os resultados sejam concluídos até a metade do mês de maio. De forma independente, o laboratório FQM Farmoquímica, que comercializa o Annita no Brasil, realiza pesquisa para usar o princípio ativo do remédio, a nitazoxanida, no combate ao coronavírus. Os testes da farmacêutica usam dosagens do composto diferentes daquelas apresentadas no Annita, por isso a medicação não pode ser encontrada no mercado. Testes em pacientes infectados pela Covid-19 devem começar nos próximos dias. Também nos próximos dias, as pesquisas realizadas pelo CNPEN serão estendidas a 500 pacientes infectados. A aprovação para pesquisa pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) ocorreu na última terça-feira. Ontem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) incluiu o medicamento Annita e seus similares na lista de substâncias controladas. Agora, toda prescrição do medicamento à base de nitazoxanida precisa ser feita em receita especial de duas vias. (AAN)

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