Homenagem aconteceu na sexta-feira com a presença do prefeito Dário Saadi e da família do vereador
Peter Panutto, atual secretário municipal de Justiça, sorri em primeiro plano com a foto do pai ao fundo (Kamá Ribeiro)
O ex-vereador Antonio Panutto foi homenageado pela Câmara Municipal de Campinas, na sexta-feira (5). A sala da Presidência do Legislativo da cidade recebeu o nome de Panutto após resolução proposta no ano passado pelo atual presidente da Casa, Luiz Rossini (Republicanos). Com a presença de seus familiares, de vários dos atuais parlamentares e de diversas outras autoridades, como o deputado federal Jonas Donizette (PSB), a celebração contou, inclusive, com a entrega de flores por parte do filho do homenageado, o secretário de Justiça de Campinas, Peter Panutto, à sua mãe e viúva de Antonio, Leonilda Ferreira Panutto.
O parlamentar, morto em 1991, foi reconhecido pelo seu discurso combativo e pela intensa atividade política no município durante a década de 1970. Ele já havia sido homenageado anteriormente ao ter seu nome dado a uma rua no Jardim Florence, no atual distrito do Campo Grande, em 1992, por iniciativa do então vereador Irineu Semionatto.
Segundo Rossini, a Câmara tem procurado denominar os seus vários espaços com o nome de personalidades que, de alguma forma, representaram o Poder Legislativo de Campinas. “Nada mais justo do que eternizar o nome de Antonio Panutto, que atuou e representou muito bem o Poder Legislativo, pelas suas causas, pela sua erudição, pela sua oratória, porque ele foi um daqueles representantes que dignificaram a Câmara quando exerceu o mandato. E mesmo após o término deste, ele continuou atuando na política, como servidor público, então é uma justa homenagem à sua trajetória. Esse tipo de homenagem busca eternizar o nome daqueles que devem servir como espelho, como referência para quem milita na política”, explica o presidente.
Momento da inauguração da Sala da Presidência Vereador Antonio Panutto (Kamá Ribeiro)
O filho, Peter Panutto, conta que o pai não somente se envolveu com o movimento sindical. Ele também ajudou a implantar diversas associações de moradores em várias regiões de Campinas, algo que foi muito importante, no período da Ditadura Militar, para que a população se organizasse para defender os seus direitos. Ele continua dizendo que “nós não devemos fazer nada por reconhecimento, mas o reconhecimento é importante quando vem. O meu pai teve uma atuação política e social bastante ativa na cidade, sobretudo na década de 1970, e ajudou muito na implantação de políticas públicas em um momento em que o município deslanchava economicamente, no final dos anos 1960, primeiramente no gabinete do prefeito (Orestes) Quércia e depois como vereador. É um momento muito importante para mim e para a minha família”.
Ítalo Hamilton Barioni, presidente-executivo do jornal Correio Popular, lembra que o aprendizado que teve com Panutto foi fundamental para a sua vida e que ter a oportunidade de ter um amigo como ele é algo inestimável. “Falar de Antonio Panutto, para mim, é uma honra extraordinária. Convivi lado a lado com ele durante pouco mais de três anos, quando, com apenas 20 anos de idade, fui assessor especial do então prefeito Orestes Quércia. A minha única passagem pela vida pública. Ele tinha uma oratória extraordinária. Era uma pessoa influente, um primo entre pares, e, em minha opinião, o melhor entre os melhores.”
O prefeito de Campinas, Dario Saadi (Republicanos), afirma que é importante ter compromisso com quem ajudou a construir a democracia atual e que a homenagem ao ex-vereador ressalta a história de uma pessoa que tinha princípios e lutava pela boa política e pelas boas causas. “Antonio foi vereador durante a ditadura, em uma época em que exercer a vereança não era fácil. Ele tem uma trajetória inspiradora. Essa homenagem faz justiça à sua trajetória”, completa.
Antonio Panutto nasceu em 20 de junho de 1937, no Bairro Carlos Gomes, em Campinas. Ele atuou na década de 1950 na indústria metalúrgica e integrou o movimento sindical. Na década seguinte assumiu a presidência da Associação dos Moradores do Jardim São Vicente, bairro localizado na saída para Valinhos. No final da década, Panutto integrou a equipe do então prefeito Orestes Quércia (1969-1973), atuando, inclusive, como chefe de gabinete.
Em 1972, concorreu à eleição para vereador pelo então Movimento Democrático Brasileiro (MDB), tendo ficado como primeiro suplente e assumindo como titular em 1974. Nas eleições de 1976 conseguiu se eleger vereador, permanecendo no cargo até 1982. Naquele mesmo ano, tentou, sem sucesso, uma nova reeleição para vereador. A partir disso, ele abandonou a política partidária, contudo sem deixar o exercício da política, sempre demonstrando preocupação com as injustiças sociais brasileiras. Antonio Panutto atuou como servidor na Prefeitura de Campinas até o seu falecimento, em 1991, em decorrência de um infarto fulminante. Além da esposa, Leonilda, e do filho Peter, Antonio deixou ainda duas filhas, Sandra Mara e Silvana Cristina.
A viúva de Antonio Panutto sorri enquanto ouve o filho relembrar histórias do homenageado (Kamá Ribeiro)
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