polêmica

Saída de cubanos afeta atendimento na região

Os médicos cubanos já começaram a deixar de atender em unidades de saúde da região. Em Campinas, dos 46 médicos, 30 não foram trabalhar

Alenita Ramirez
22/11/2018 às 07:54.
Atualizado em 05/04/2022 às 23:53

Os médicos cubanos já começaram a deixar de atender em unidades de saúde da região. Em Campinas, dos 46 médicos que integravam o Programa Mais Médicos na cidade, 30 não foram trabalhar ontem. Em Hortolândia, quatro Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ficaram literalmente sem especialistas. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Município, os 18 cubanos que integravam o Programa Mais Médicos (de um total de 26), foram embora ontem. As unidades afetadas são o Jardim São Sebastião, Parque Orestes Ôngaro, Jardim Adelaide e Jardim Nova Europa. Essas unidades são responsáveis pelo atendimento de cerca de 38 mil pessoas. A Pasta admite que as demais unidades de saúde estão com sua capacidade de atendimento significativamente reduzida, já que também perderam médicos. “Estamos tomando as medidas possíveis para reduzir o impacto da saída destes médicos. Foi uma decisão repentina e trabalhamos para uma solução rápida. Contudo, também precisamos de um posicionamento do Ministério da Saúde sobre a reposição destes profissionais”, destaca a secretária de Saúde, Odete Carmem Gialdi. De acordo com a secretária, a Prefeitura estuda alternativas para que seja assegurado o atendimento à população, priorizando as situações de maior gravidade. As quatro unidades contavam apenas com os cubanos. Segundo Odete, a população encontrará esclarecimentos nas unidades de saúde, que estão funcionando com os demais profissionais, aptos a avaliar a melhor conduta possível a ser adotada em cada uma das situações. “A Administração Municipal conseguiu estruturar e ampliar a rede de atenção básica na cidade com apoio do Programa Mais Médicos, já que a contratação de profissionais sempre foi um desafio para todos os municípios brasileiros. Hoje, Hortolândia conta com 17 unidades básicas de saúde”, frisou em nota a Prefeitura. Agilizar concurso Apesar de ainda não ter número de médicos cubanos que já deixaram a cidade em razão do acordo, a Secretaria de Saúde Municipal de Campinas informou que está acompanhando todo o processo de desligamento dos cubanos do Programa Mais Médicos. Em Campinas, são 46 profissionais que atuam nas Equipes de Saúde da Família (ESF) em 36 Centros de Saúde. “Desde o anúncio da medida, reuniões de trabalho têm sido realizadas para garantir a assistência. Serão convocados 30 médicos aprovados no último concurso vigente. Este processo está sendo agilizado. Também está em estudo pela Prefeitura um concurso público que vai contemplar diversos setores, incluindo várias categorias da saúde”, informou a Pasta via nota. Outra medida tomada é o remanejamento de médicos para atendimento nos centros de saúde que contavam com profissionais cubanos. O processo, segundo a Prefeitura, ocorrerá o mais rápido possível e vai priorizar as regiões mais vulneráveis. “Até sair o descadastramento do Ministério da Saúde, os médicos cubanos que quiserem, podem continuar a trabalhar nos centros de saúde do Município. Reforçamos que todos os médicos cubanos são médicos de atenção primária e compõem as Equipes de Saúde da Família”, reforçou nota. Nova Odessa Edital publicado no Diário Oficial da União (DOU) do dia 20 prevê nove vagas para Nova Odessa dentro do programa Mais Médicos, em substituição aos profissionais cubanos que estão deixando o País. O secretário de Saúde local, Vanderlei Cocato, lamentou o fato, mas afirmou que a pasta já estava se programando para evitar que a população sofresse qualquer prejuízo e não descartava a contratação de médicos pelo regime RPA (Registro de Pagamento Autônomo). “Num primeiro momento, ficamos bastante preocupados, pois haveria um prejuízo grande com a saída das oito médicas cubanas que atendiam na cidade. Agora, porém, veio o rápido lançamento do edital por parte do governo federal, o que nos deixa bem mais aliviados, inclusive, com uma vaga a mais”, comentou o secretário. As inscrições foram abertas ontem e vão até as 23h59 do dia 25, através do site http://www.maismedicos.gov.br. O salário é de R$ 11.800,00. A data limite para os cubanos deixarem o Brasil é 7 de dezembro. A saída deles do programa foi anunciada pelo governo cubano dia 14 deste mês após o presidente eleito, Jair Bolsonaro, declarar, segundo o governo caribenho, “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras”. Os primeiros médicos do País chegaram ao Brasil em 2013. Programa recebe 3,3 mil inscrições em apenas 3h O Ministério da Saúde informou ontem que recebeu 3.336 inscrições para o Mais Médicos nas primeiras três horas de abertura do sistema. O governo também revelou o site sofreu “ataques que se mantiveram ao longo da manhã”. O novo edital do programa foi lançado sete dias após Cuba anunciar que deixará o convênio após declarações “ameaçadoras” de Bolsonaro. O chamado do governo federal abre 8.517 vagas em quase 3 mil municípios e 34 distritos indígenas. O salário é de R$ 11,8 mil. Podem se candidatar os médicos brasileiros com CRM Brasil ou com diploma revalidado no País. A inscrição poderá ser feita até as 23h59 do próximo domingo, dia 25. Desde a abertura do cadastramento, o site do Mais Médicos passou a apresentar instabilidade. Segundo a Pasta, mais de 1 milhão de acessos simultâneos foram registrados, volume que “é característico de ataques cibernéticos”. O Ministério da Saúde observou que, mesmo com essa instabilidade, o sistema recebeu mais de 3 mil inscrições. A nota informou, ainda, que o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS), em conjunto com a Embratel, está trabalhando para isolar “os ataques que se mantiveram ao longo de toda a manhã, além de outras ações para estabilidade e performance do site”.

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