LARGA MARGEM

Rossini é eleito presidente da Câmara de Campinas para o biênio 23-24

Vereador promete trabalhar para resgatar imagem e autoridade do Legislativo

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
22/12/2022 às 09:40.
Atualizado em 22/12/2022 às 10:21
Após ser eleito presidente por ampla maioria, Luiz Carlos Rossini (centro) posa para foto junto a outros integrantes da nova Mesa Diretora da Câmara: vereador terá a difícil missão de resgatar a abalada imagem do Legislativo (Rodrigo Zanotto)

Após ser eleito presidente por ampla maioria, Luiz Carlos Rossini (centro) posa para foto junto a outros integrantes da nova Mesa Diretora da Câmara: vereador terá a difícil missão de resgatar a abalada imagem do Legislativo (Rodrigo Zanotto)

Logo após ser eleito como novo presidente da Câmara Municipal de Campinas, o vereador Luiz Carlos Rossini (PV) disse na quarta-feira (21) que terá como missão resgatar a imagem e a autoridade do Legislativo, marcado nos últimos meses por escândalos de denúncias de "rachadinha" e de pagamento de propinas. Ele foi escolhido para o cargo (biênio 2023-2024) por ampla maioria de votos, 21 dos 33 vereadores, numa disputa com outros três candidatos. Guida Calixto (PT) ficou com segundo lugar, com 5; Débora Palermo (PSC), atual presidente, em terceiro, com 3; e João Batista De Paula, mais conhecido como Marrom Cunha (SDD), em quarto, 1. Três vereadores não votaram por estarem ausentes: Gustavo Petta (PCdoB), Paulo Haddad (Cidadania) e Rubens Soares do Nascimento, Rubens Gás (PSB).

"No passado, o vereador era visto como uma autoridade, o que foi perdido por várias razões. Vou trabalhar para resgatar essa autoridade tanto da Câmara, enquanto instituição, quanto do vereador, que precisa ser reconhecido pela sociedade", declarou Rossini. O vereador disse que o seu mandato à frente da presidência será baseado no "aumento da qualidade, transparência e respeitabilidade". Ele assume em um momento em que vereadores são alvos de investigação por prática de "rachadinha" em inquérito civil aberto pelo Ministério Público. O ex-presidente da Casa, José Carlos Silva (PSB), renunciou ao cargo acusado de cobrar propina para renovação de contratos com empresas que prestam serviços à Câmara.

A denúncia deu origem a outra investigação também na Promotoria e a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Legislativo. Já a "rachadinha" é a denominação leiga conferida à prática de contratar pessoas para a ocupação de cargos comissionados com a exigência de repasse de parte dos salários ao agente público que faz a indicação. As investigações começaram no início do ano envolvendo dez vereadores. Em julho deste ano, parte delas foi arquivada, restando as investigações contra três vereadores, José Carlos Silva, Edison Ribeiro (PSL) e Otto Alejandro (PL).

Relação entre os poderes

Atual líder do governo municipal na Câmara, Rossini era apontado nos bastidores como candidato com apoio do prefeito Dário Saadi (Republicanos), mas ele descartou essa preferência e disse que buscará a independência. "A Lei Orgânica coloca o Executivo e a Câmara como poderes do município. A minha posição não será de apoio e nem oposição, mas de trabalhar de forma harmônica", afirma o presidente eleito. O prefeito Dário Saadi considerou que a Câmara fez uma boa escolha ao eleger Rossini. "É um vereador com muita experiência, de perfil agregador e que tem interlocução com vários setores da sociedade", ponderou.

Vereador no quinto mandato, Rossini já ocupou a presidência de comissões internas de Casa, foi candidato a prefeito em 2000, quando o vencedor foi Antonio da Costa Santos, o Toninho (PT). Apesar da disputa, integrou o governo do petista como diretor de Esportes.

Para o parlamentar, essa experiência lhe dá "musculatura e experiência" para ocupar a presidência da Câmara. Ele reforçou que terá como "missão fortalecer a Câmara como instituição". Para isso, pretende retomar o colégio de líderes de partidos para discutir os projetos em tramitação. De acordo com o vereador, o trabalho também passará por valorização dos funcionários do Legislativo e melhoria da infraestrutura interna, como investimentos na informática e equipamentos, inclusive no plenário. Rossini disse nas eleições de 2024 tentará a reeleição como vereador.

A atual presidente, Débora Palermo, disse que viu o resultado da eleição como "mais do mesmo". "Quem sabe agora melhora". Ela era a vice-presidente do Legislativo e assumiu o comando em outubro, após o afastamento e posterior renúncia de Zé Carlos. A parlamentar disse que disputou com a proposta de melhorar a qualidade e reduzir o machismo na Casa. "Desejo um ótimo mandato a ele [ROSSINI]. Espero que os interesses da população sejam respeitados, que os projetos de interesses da sociedade sejam levados ao plenário", afirmou.

A candidatura de Guida Calixto foi uma articulação dos partidos de esquerda para disputar a presidência, mas nos bastidores a vitória era considerada difícil até pelo grupo. "Vamos esperar que a Câmara seja democrática. Nos últimos 20 anos, ela funcionou como uma antessala do prefeito, atendendo os interesses dele e dos aliados. Nós chamamos aqui de puxadinho do prefeito", criticou. Para a vereadora petista, é preciso que os futuros projetos envolvam temas que atendam a população, principalmente da periferia, buscando a melhoria da educação, saúde e moradia, entre outras áreas. "A expectativa é que haja mais diálogo, que a Câmara seja mais democrática", completou.

Sem mulheres

Após ter uma mulher na presidência pela primeira vez em seus 224 anos, a Câmara não terá nenhuma participação feminina na nova Mesa Diretora. Todos os nove cargos serão ocupados por homens, sendo distribuídos por oito partidos. O União é o único com dois postos (primeira e quarta secretarias), com os demais ficando com o PV, PL, PSB, MDB, Avante, Republicanos e Solidariedade. Na nova composição, quatro siglas fizeram parte da coligação "Prontos pra Campinas" que tinha Saadi como candidato a prefeito. Ela era formada pelo Republicanos, MDB, PSB, DEM e PSL (estes dois últimos se fundiram e formaram o União Brasil em 2021), um indicador do fortalecimento do governo Saadi.

A atual Câmara tem quatro vereadoras, das quais duas disputaram a eleição para a presidência. "A eleição da Mesa sem nenhuma mulher nada mais é que a representação da sociedade. Representa o machismo estrutural que muitas vezes que muitas vezes a gente não que enxergar, quer negar", considerou a vereadora Paolla Miguel (PT). "Além disso, no meu caso, Guida e Mariana [CONTI, PSOL], eles ainda ficam se utilizando do subterfúgio de sermos de esquerda. Por isso, não representamos ali a ideologia que eles têm, não fazemos parte dessa composição".

"É lamentável, nós não conseguirmos garantir a participação das mulheres nesse espaço de poder do Parlamento", afirmou Guida. "Eu gostaria muito que na nova gestão nós pudéssemos ter um Parlamento que venha a reconquistar o protagonismo dessa Casa à frente da cidade. Há pelo menos duas décadas o parlamento municipal sempre tem votado favorável aos projetos do prefeito e barrando todos os projetos que contrariam a vontade do Executivo", completou. A última sessão ordinária da Câmara foi realizada no último dia 14, quando foi aprovado o Orçamento para Campinas em 2023 de R$ 9,1 bilhões. O recesso teve início no dia 16 e vai até 1º de fevereiro de 2023.

MESA DIRETORA DA CÂMARA - BIÊNIO 2023/2024 

Presidente: Luiz Carlos Rossini (PV)

Primeiro vice-presidente: José Carlos dos Santos, Carlinhos Camelô (PSB)

Segundo vice-presidente: Arnaldo Salvetti (MDB)

Primeiro secretário: Rodrigo Luís de Barros Almeida, Rodrigo da Farmadic (União)

Segundo secretário: Juscelino de Souza Martins, Juscelino da Barbarense (PL)

Terceiro secretário: Marcelo Vital, Marcelo da Farmácia (Avante)

Quarto secretário: Edison Ribeiro (União)

Corregedor: Fernando Mendes (Republicanos)

Corregedor Substituto: Jair Quinália, Jair da Farmácia (SDD)

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