BATALHA POLÍTICA

Rodízio tem resistência na Câmara

Vereadores se posicionam contra o Projeto de Lei que restringe a circulação de veículos em Campinas

Maria Teresa Costa
17/05/2020 às 10:12.
Atualizado em 29/03/2022 às 11:06

Ao pedir o aval da Câmara para implantar o rodízio de veículos em Campinas como medida para aumentar o isolamento social e reduzir a disseminação do novo coronavírus na cidade, o prefeito Jonas Donizette (PSB) pode ter engavetado a proposta de restrição da circulação de veículos, prevista inicialmente para ter início amanhã e que foi adiada. Jonas desistiu de baixar a medida por decreto, e optou por enviar projeto de lei ao Legislativo. Vários vereadores ouvidos pelo Correio Popular disseram que votarão contra o rodízio porque, além de não quererem dividir o ônus político de uma medida considerada impopular, em ano eleitoral, consideram ineficaz para ampliar o isolamento social. Dois vereadores, Marcelo Silva (PSB) e Tenente Santini (PP) ingressaram na Justiça com ações para barrar a restrição de circulação de veículos durante a quarentena. Nelson Hossri (PSD) ingressou com representação no Ministério Público pedindo a suspensão do rodízio em Campinas. A resistência à medida não está apenas na oposição. Vereadores da base de governo também não querem o rodízio, como é o caso de Antônio Flores (PSB). Para ele, ao direcionar a população para o transporte público, a possibilidade de contágio pelo novo coronavírus irá aumentar. "De que adianta tanta logística e mais sofrimento do povo para nada. Acho que o prefeito deveria suspender o envio do projeto à Câmara e evitar mais desgaste", disse. Rodrigo da Farmadic (DEM) também está na lista dos vereadores que votarão contra. Para ele, o rodízio não trará benefício ao isolamento social, mesma posição dos vereadores Zé Carlos (PSB), Fernando Mendes (PSB), Permínio Monteiro (PSB), Professor Alberto (PL), Juscelino da Barbarense (PL), Rubens Gás (DEM), Aurelio Claudio (PDT). Campos Filho (Podemos) acredita que medidas como essas devem vir acompanhadas, por exemplo, com maior número de coletivos em circulação justamente para evitar a aglomeração. "Tem o agravante de que em São Paulo essa iniciativa não se mostrou eficiente. Vou esperar o projeto e analisar a justificativa com dados técnicos" , disse. O vereador Luiz Cirilo (PSDB) chegou a protocolar indicação ao prefeito essa semana para que reconsiderasse a decisão. "A adoção dessa drástica medida representará um aumento significativo de pessoas infectadas, pois estas passarão a utilizar o transporte público e a proximidade entre os indivíduos, dentro de um local fechado e com baixa circulação de ar, acaba por potencializar, ainda mais, o risco de contágio", afirmou. A vereadora Mariana Conti (PSOL) afirmoiu que não está claro os pressupostos desse projeto. "Ao que deu a entender pela fala do Secretário, isso não está inserido dentro de uma estratégia da saúde. As políticas estão contraditórias. Ao mesmo tempo que libera alguns setores de comércio, restringe a circulação. Quero ver os estudos e os argumentos que a prefeitura vai apresentar antes de tomar uma posição. De qualquer forma, penso que a estratégia tem que ser vista como um todo", afirmou. Na sexta-feira, o presidente da Câmara, Marcos Bernardelli (PSDB) sinalizou que a Casa não terá pressa em votar o projeto, previsto para chegar à Câmara amanhã. "Vamos discutir com a seriedade que o projeto merece, apresentar sugestões para o aperfeiçoamento por meio de emendas, mas nada será votado de afogadilho", afirmou. Segundo ele, assim que o projeto chegar, pedirá, como é de praxe, parecer da Procuradoria Jurídica da Casa sobre a legalidade e constitucionalidade da medida e a proposta terá que passar ainda pelas comissões de mérito. A Câmara deverá também convocar audiência pública facultativa para discussão da implementação do rodízio. O prefeito disse em live, na sexta-feira, acreditar na capacidade da Câmara para esse debate necessário. "Até os que fazem guerra virtual terão oportunidade de falar o que pensam e dividir comigo essa responsabilidade. Na Câmara, as pessoas poderão se manifestar, propor adequações ao projeto. Apelo à consciência das pessoas para entender o momento em que vivemos e que precisamos aumentar o isolamento social para resguardar nossa capacidade hospitalar", afirmou. No projeto que chegará à Câmara amanhã estarão excluídos da restrição de circulação ônibus, caminhão, táxis e aplicativos cadastrados na Emdec. Transporte escolar também estará liberado assim que as aulas forem retomadas.Veículos de socorro, como ambulâncias, bombeiros, além da segurança pública, fiscalização operação trânsito, de serviços públicos de atendimento de água, energia, internet, telefone também estarão liberados. Pessoas com deficiência e doenças crônicas que se submetem a tratamentos também poderão circular nos dias de rodízio. Trabalhadores da área de saúde, farmacêutica e serviços correlatos, entrega de mercadorias por correspondência, empresas com contrato de obras públicas, de entrega de alimentos, da construção civil, manutenção predial, veterinárias, transporte de valores, segurança privada e de transporte de insumos ficam fora do rodízio. As motos entraram no rodízio, com exceção dos motociclistas que trabalham com serviços de entrega.

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