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Roçadeira ecológica: produtividade

Pesquisa do IAC aponta 30% de ganho no cultivo da lima ácida Tahiti com uso do equipamento

Da Agência Anhanguera
12/11/2020 às 11:03.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:35
Modelo de máquina permite que a palhada da braquiária cortada seja depositada na linha de plantio dos citros (embaixo das copas), criando uma camada de resíduos vegetais (Divulgação)

Modelo de máquina permite que a palhada da braquiária cortada seja depositada na linha de plantio dos citros (embaixo das copas), criando uma camada de resíduos vegetais (Divulgação)

Pesquisa realizada pelo Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, registra 30% de aumento de produtividade na produção de lima ácida Tahiti em ensaios com uso da roçadeira ecológica e do consórcio de braquiária ruziziensis. Esse uso conjunto constitui um novo manejo, que também demonstrou ser eficiente no controle das plantas daninhas, juntamente com a aplicação na linha dos citros de herbicida, que pode ser reduzido em 50%, como mostraram os experimentos. Esse manejo proporciona ainda grande aporte de nutrientes, principalmente de potássio na linha de plantio dos citros. Foram analisadas sete safras de lima ácida Tahiti com o uso dessa técnica, que também pode ser utilizada em outros citros. "A novidade do nosso trabalho está na junção da roçadeira ecológica com a ruziziensis. A ecológica já era usada, mas há pouquíssimos estudos com ela. Nas propriedades é mais comum a braquiária decumbens, que é a que vemos na beira das rodovias e é muito agressiva aos citros", explica Fernando Alves de Azevedo, pesquisador do IAC. A pesquisa foi realizada, inicialmente, em parceria com a Fundação Agricultura Sustentável (AGRISUS), posteriormente com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). "Estamos trabalhando com esse manejo e em todos os ensaios os resultados são similares", diz o pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). De acordo com o IAC, esse modelo de roçadeira permite que a palhada da braquiária cortada seja depositada na linha de plantio dos citros (embaixo das copas), criando uma camada de resíduos vegetais. Quanto ao ganho de nutrientes gerado no solo, embora já tenham sido confirmados é indispensável o citricultor realizar amostras periódicas do solo e enviá-las para laboratórios especializados realizarem a análise química, para então definir sobre a necessidade de adubo. Os citricultores interessados em adotar essa técnica de manejo conservacionista, aponta a pesquisa, devem implantar a braquiária ruziziensis, antes do plantio do pomar, ou na entrelinha dos pomares já implantados e utilizar a roçadeira ecológica. A recomendação é de 10 quilos sementes de braquiária ruziziensis, por hectare. As sementes dessa forrageira custam cerca de R$ 10 o quilo. Já o preço da roçadeira lateral ecológica é 20% a 30% superior ao da convencional, porém o ganho de produtividade justifica esse investimento. O cultivo de duas ou mais culturas é conhecido como consórcio. Essa prática é importante para a produção de frutas e de outras culturas e proporciona inúmeras vantagens econômicas e ambientais. Nos ensaios realizados pelo IAC, de 2010 a 2020, os pomares de citros foram intercalados nas entrelinhas com braquiária ruziziensis. Em todas as avalições, observou-se que essa forrageira proporciona ganhos na abundância de microorganimos no solo. Este benefício elevou a produtividade da lima ácida Tahiti quando comparado ao sistema convencional, que usa a braquiária decumbens e a roçadeira convencional. “Em resumo, observou-se que a adoção da roçadeira ecológica proporciona menor distúrbio às atividades microbiológicas do solo, em decorrência da deposição da biomassa na linha de plantio. Outra observação foi que o uso do herbicida, nas doses corretas, não afetou a microbiota do solo”, afirma o pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). Biomassa As espécies de braquiária estudadas produzem quantidades similares de biomassa nas entrelinhas do pomar. Porém, a ruziziensis se decompõe e libera nutrientes mais rapidamente, além de reciclar maiores quantidades de fósforo e potássio no solo. Outro benefício é sua menor resistência à seca, competindo menos por água com os citros nesse período. “A pesquisa concluiu que a braquiária ruziziensis é a melhor opção como planta de cobertura para a cultura de citros. Essa braquiária é menos agressiva que outras espécies, como decumbens e brizantha, que acabam competindo com os citros por água e nutrientes”, esclarece. Embora seja uma técnica que existe há menos de 20 anos, a roçadeira ecológica tem grande adesão entre os citricultores. Em pesquisa realizada em 2017, por alunos do Grupo de Desenvolvimento em Citricultura do IAC, que entrevistaram 100 citricultores durante a Semana de Citricultura, as respostas demonstraram que 65% deles utilizam a roçadeira ecológica, mas apenas 5% a usam o consórcio com braquiária ruziziensis. A roçadeira ecológica é um equipamento tratorizado muito utilizado na citricultura para cortar as plantas de cobertura que se encontram nas entrelinhas dos pomares. "Ela tem esse nome por possibilitar o corte das plantas de cobertura, da entrelinha, e lançá-las para baixo das copas de citros, na linha de plantio dos pomares formando assim uma camada de palha, chamada mulching", explica. As roçadeiras convencionais cortam e mantêm a fitomassa no local, sem proporcionar o benéfico da palhada ao redor das plantas de citros. Segundo Azevedo, a manutenção da entrelinha do pomar com plantas de cobertura é muito importante para a saúde do solo. Recomendada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a técnica faz parte da chamada Agricultura de Conservação, que recomenda nunca deixar o solo descoberto. Pós-graduação em agricultura tropical e sub O IAC está com inscrições abertas para o curso de mestrado “strictu sensu” de pós-graduação em agricultura tropical e subtropical IAC, até 22 de novembro de 2020. A inscrição pode ser feita pelo http://www.iac.sp.gov.br/areadoinstituto/posgraduacao/processoseletivo_mestrado.php. A divulgação com os nomes dos aprovados e orientadores será feita até o dia 10 de dezembro no site do IAC. As aulas terão início no 1º semestre de 2021. O curso tem duração de dois anos.

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