Considerando as admissões e demissões, Região Metropolitana de Campinas gerou 26.616 novos postos no ano passado
Centro Público de Apoio ao Trabalhador de Campinas (CPAT) registrou, em janeiro, 2.571 encaminhamentos para emprego até o dia 27, mais do que o dobro das 1.230 de igual mês de 2024; 1˚ Feirão do Emprego e Oportunidades, realizado no dia 24, contou com oferta de mil vagas de empregos para diversões funções, com 541 encaminhamentos para entrevistas (Rodrigo Zanotto)
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) fechou 2024 com o saldo positivo de 26.616 novos empregos com carteira assinada, média de um a cada 20 minutos. O número é resultado das 636.634 admissões e 610.018 demissões acumuladas, de acordo com o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Os dados mostraram que a Grande Campinas foi responsável por uma em cada 17 vagas abertas no Estado de São Paulo, que registrou o saldo positivo de 459.371 empregos no ano passado.
Segundo a pesquisa, 17 das 20 cidades da RMC tiveram alta na criação de vagas, com o estoque no último mês de 2024 ficando em 1,1 milhão de postos. O número é como se praticamente todos os moradores de Campinas, a terceira cidade mais populosa do Estado e a 14ª do país, trabalhassem registrados. “O resultado é muito positivo e você ainda tem uma qualidade de emprego gerado melhor, com uma massa salarial melhor ao longo do ano, que causou efeitos multiplicadores mais duradouros”, avaliou a economista e professora da PUC-Campinas, Eliane Rosandiski Navarro.
As três cidades que registram saldo negativo, com o número de demissões superior ao de contratações, foram Holambra (-493), Jaguariúna (-503) e Vinhedo (-116). Os dados do Caged mostraram a geração de emprego em quatro das cinco atividades econômicas analisadas. A liderança na Região Metropolitana foi a do setor de serviços, com o saldo positivo de 13.037 postos no acumulado do ano, o equivalente a 48,98% do total.
EM ALTA
Uma escola de cabeleireiro, manicure, esteticista e outras profissões, inaugurada há dois meses no Centro de Campinas, conta com 40 funcionários, sendo 28 registrados e 12 horistas. Elizângela Timóteo de França é uma das recém-contratadas. Ela trocou a atividade de microempreendedora individual (MEI) como cabeleireira e vendedora para voltar a ter a carteira registrada. “É bom porque vou aprender mais na minha área”, contou Elizângela França, que está no início de sua atividade como professora.
A escola recebeu um investimento de R$ 450 mil apenas na montagem de sua infraestrutura e gera novos empregos de duas forma: pela criação de novas vagas de trabalho e por meio da formação de profissionais, seja para atuar no seu próprio salão ou para ser funcionárias ou parceiras de terceiros.
“O mercado da beleza precisa de mão de obra, que está em falta, diminuiu muitos nos últimos anos. As pessoas procuram emprego e se esquecem que essa é uma boa área para se trabalhar”, disse Ricardo Augusto Gimenes, um dos sócios da academia.
Os números mostram também a retomada da atividade industrial, sendo o segundo setor com melhor desempenho. Ele foi responsável pela geração de 6.584 postos no ano passado, alta de 151,97% em comparação as 2.613 vagas de 2023. “Durante o ano, nós tivemos um crescimento muito focado no emprego industrial. Isso gerou uma massa de salário melhor, é o setor que paga melhor, o que gera mais demanda e tem efeito também em outros setores”, explicou a economista.
NO BOLSO
A média salarial dos admitidos nesse segmento foi de R$ 2,67 mil, valor 23,5% superior aos R$ 2,16 mil da média geral. Outro indicador do bom desempenho das indústrias na RMC foi a marca de US$ 4,9 bilhões (R$ 28,61 bilhões) em exportações, o terceiro melhor desempenho em 12 anos, segundo a Comex Stat, plataforma de balança comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
A construção civil também teve crescimento nas contratações, com saldo positivo de 4.797 vagas, enquanto em 2023 foram 3.789. Para Eliane Rosandiski, esse é um segmento em que a geração de vagas deve seguir em alta este ano. “Há diversos empreendimentos em andamento em Campinas. Há um terreno fértil para isso, literalmente. A construção civil é importante por ter um efeito multiplicador na criação de empregos por movimentar uma grande cadeia de empresas”, destacou a economista.
O comércio da Região Metropolitana gerou 4.380 postos. A única atividade com saldo negativo no ano passado foi o de agropecuária, com o fechamento de 1.029 vagas. Campinas liderou a criação de empregos na RMC, com a criação de 13.621 postos, o equivalente a 51,17% do total. Ou seja, a cidade foi responsável por um em cada dois novos empregos com carteira assinada. A lista das cinco maiores geradoras de vagas também conta com Indaiatuba (2.188), Paulínia (2.152), Sumaré (2.216) e Hortolândia (1.088).
DEZEMBRO VERMELHO
Apesar do desempenho positivo no acumulado do ano, a RMC teve em dezembro o saldo negativo de 14.903 postos. Todos os municípios e setores econômicos tiveram mais demissões do que admissões. O segmento de serviço foi o que mais fechou vagas, 7.742. O resultado regional acompanhou o estadual e nacional. No último mês de 2024, o Estado de São Paulo teve o saldo negativo de 190.569 vagas fechadas, enquanto o Brasil chegou a menos 525.547. Mesmo assim, o país teve, em 2024, a taxa de desemprego de 6,6%, a menor média já registrada desde o início da série histórica, em 2012.
Para a Eliane Rosandiski, as demissões de dezembro refletem a incerteza das empresas diante da política do Banco Central de elevação da taxa de juros e de avaliações negativas da economia nacional nos últimos meses, que não se confirmaram. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumentou na quarta-feira (29), pela quarta vez consecutiva, a Selic, dessa vez em 1 ponto percentual. Foi a segunda alta seguida nessa magnitude, com a taxa básica de juros chegando a 13,25%, a maior desde agosto de 2023.
A economista apontou outros fatores que podem prejudicar a economia nacional e causar retração na criação de empregos, como o dólar em alta e as ameaças do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar as exportações do Brasil para o país. “O dólar pressiona o custo dos produtos. Os juros prejudicam os empresários, que precisam de financiamento para investir, e a vendas, com os consumires encontrando um crédito mais alto. Há também uma incerteza quanto às medidas a serem adotadas pelos Estados Unidos”, analisou.
“Nós estamos em um cenário de muita areia movediça, de muita instabilidade. O mercado de trabalho reage diretamente, ele é um termômetro disso”, acrescentou Eliane Rosandiski. Ela apontou, porém, que há indicadores positivos que podem reduzir o impacto desses pontos negativos, como inflação sob controle e o crescimento da massa salarial, que gera aumento de demanda e mantém a cadeia produtiva aquecida.
Apesar do resultado negativo do emprego em Campinas no mês de dezembro, com 4.499 demissões, o Centro Público de Apoio ao Trabalhador de Campinas (CPAT) registrou, em janeiro, 2.571 encaminhamentos para emprego até o dia 27, mais do que o dobro das 1.230 de igual mês de 2024. Além disso, no mês passado, ofereceu 2.507 vagas de trabalho. “Temos uma demanda expressiva hoje em Campinas de empresas que precisam contratar”, afirmou o diretor do órgão, Guilherme Damasceno. Apenas no primeiro Feirão do Emprego e Oportunidades, realizado no dia 24, foram oferecidas mais de mil vagas de empregos para diversões funções, com 541 encaminhamentos para entrevistas. “Tivemos um bom retorno das empresas e muitas confirmaram que contrataram”, concluiu o diretor do CPAT.
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