LEVANTAMENTO

RMC tem quatro redutos masculinos

Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia e Posse são as únicas com mais homens que mulheres

Daniel de Camargo
15/03/2020 às 11:44.
Atualizado em 29/03/2022 às 17:48

Das 20 cidades que formam a Região Metropolitana de Campinas (RMC), apenas quatro têm mais homens que mulheres: Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia e Santo Antônio de Posse. Segundo projeção da população por faixas etárias da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos (Fundação Seade) divulgada neste mês, a maior diferença registrada é em Hortolândia, 1.138. Dos 230.268 moradores, 115.703 são homens e 114.565, mulheres. Em sua maioria, a população de Hortolândia desconhece o fato e garante que, no dia a dia, a diferença é imperceptível. José Nilton de Lima Dantas, operador de máquina de 40 anos, que mora no Jardim Nova Hortolândia, não gostou da notícia. Pai de duas meninas, uma de 1 ano e um mês e outra de 12, brincou que, se o cenário atual se mantiver nos próximos anos, vai ficar mais atento quando chegar a hora delas namorarem. "Isso, só depois dos 18", completou. Francisco Sandro da Silva, empresário de 45 anos, que nasceu em Campinas, mas mora em Hortolândia há 41 anos — no Parque Gabriel—, discorda que os homens são maioria. Há oito meses gerindo a unidade Centro da Flamy Doces & Delícia, instalada na conveniência do Posto Ipiranga, satiriza que sua equipe é formada por cinco colaboradoras. Contudo, analisa que, se verdade, a predominância masculina provavelmente é resultado do forte polo tecnológico da cidade. "Temos muitas metalúrgicas, que empregam naturalmente mais homens que mulheres", ponderou. Maria Teresa da Silva Souza, aposentada de 64 anos, residente do Parque Santo André, brincou que a mairoria masculina não é percebida onde necessária. Frequentadora dos bailes do Centro de Convivência da Melhor Idade, no Remanso Campineiro, afirma que falta cavalheiros para dançar com as damas. Apesar disso, pede maioria feminina. "As mulheres são mais ativas. Faço hidroginástica, dança, entre outras atividades, e os homens não têm disposição para isso. A proporção é de 10 mulheres para cada homem", falou. Até por isso, entre um riso e outro, a pernambucana comemorou já estar casada. Daniela Lima dos Santos, assistente administrativa de 25 anos, reside há dois anos em Hortolândia. Anteriormente, morava em Sumaré, para onde veio criança da mineira Espinosa, município a cerca de 700 km da capital Belo Horizonte. A jovem se mostrou surpresa com a informação. Na sua faixa etária, dos 25 aos 29, a prevalência é masculina: são 11.580 homens, ante 10.449 mulheres. Ou seja, 1.131 a mais. Já o estudante de matemática Matheus Gabriel da Silva, de 19 anos, morador do Jardim Amanda, comentou que se formou no Ensino Médio em 2017. Na ocasião, disse, os meninos eram maioria na sala de aula. Na sua faixa etária, dos 15 aos 19, existem quase 500 homens a mais. Também residente do Jardim Amanda, Pedro Henrique Andrade Ramos, barbeiro de 22 anos, falou que nunca se atentou a isso. Profissional de um segmento voltado exclusivamente para o público masculino, se baseia no fluxo intenso e frequente de clientes na Barbearia Corte Nobre, na Rua Zacarias Costa Camargo, no bairro Remanso Campineiro, para concordar que os homens podem ser maioria em Hortolândia. "Alguns dias, eu nem consigo almoçar", disse. Para o jovem, a diferença de 1.138 homens a mais na cidade é muita coisa. De 16 faixas etárias categorizadas na métrica, os homens são predominantes na primeira metade, entre zero e 39 anos. Na segunda, que vai dos 40 a 75 anos e mais, as mulheres são maioria. A faixa etária com maior representatividade masculina aponta para pessoas com idade entre 25 a 29 anos. Ao todo, 11.580 homens. Já das mulheres, entre 40 e 44 anos, onde elas são 9 mil. Mulheres Há aproximadamente 61 mil mulheres a mais do que homens na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Segundo projeção da população por faixas etárias quinquenais da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos (Fundação Seade), as mulheres representam 50,96% da população da RMC, ou seja, 1,62 milhão do total de 3,19 milhões de habitantes. De acordo com a gerente do setor de demografia da instituição, Bernadette Waldvogel, há um equilíbrio populacional até os 34 anos. Acima dessa idade, as mulheres se tornam maioria. "A expectativa de vida das mulheres é, em média, seis anos superior à dos homens", destaca. Além disso, explica que as mulheres, tradicionalmente, são mais atentas a questões de saúde, costumam procurar atendimento médico preventivamente. Os homens, postergam e, quando o fazem, muitas vezes o problema já foi agravado. "De modo geral, os homens ocupam mais postos de trabalho que geram desgaste físico", completa. Esses condicionantes resultam em maior mortalidade para os homens. Bernadette chama atenção para o dado de que, no Estado de São Paulo, a análise indica a proporção de 180 mulheres com mais de 80 anos para cada 100 homens nessa faixa etária. Apesar da diferença de expectativa de vida entre os sexos estar diminuindo - no passado, já foi de nove anos -, ela analisa que uma maior representatividade feminina na população da RMC e do Estado deve se manter por longa data. No Estado, mulheres são 51% do total De acordo com as informações da Fundação Seade, as mulheres no Estado, em 2020, representam 51% da população total, ou seja, 22,9 milhões. Possuem idade média de 37,3 anos e apresentam expectativa de vida de 80 anos, portanto, vivem, em média, seis anos a mais do que os homens.Os dados em nível estadual apontam ainda que, em média, as mulheres se casam com 32 anos e têm 1,7 filho. Espera-se que 612 mil sejam mães em 2020 e que nesse período nasçam 299 mil meninas. A idade média feminina (37,3 anos) é 2,2 anos superior à dos homens (35,1 anos). As idades reprodutivas (15 a 49 anos) concentram pouco mais da metade da população feminina (53%). Há equilíbrio entre a participação de jovens (18%) e de idosas (17%). A faixa etária com maior contingente é a de 35 a 39 anos. A população feminina é menor do que a masculina até a faixa etária de 30 a 34 anos, devido principalmente à maior ocorrência de nascimentos do sexo masculino. Na grande maioria dos municípios, a idade média feminina supera a masculina e em apenas 13 cidades isso não acontece. Maiores idades médias: Santana da Ponte Pensa (45,4 anos) e Floreal (45,2 anos). Menores idades médias: Bom Sucesso de Itararé (31,4 anos), Nova Campina (32,0 anos), Bertioga (32,4 anos) e Araçariguama (32,5 anos). CIDADES COM MAIS HOMENS Cidade            Homens    Mulheres    Total       Homens a maisEng Coelho      10.661      9.874        20.535     787Holambra        7.329       7.164        14.493     165Hortolândia      115.703   114.565    230.268     1.138S. A. de Posse  11.441     11.408      22.849       33Totais              145.134    143.011    288.145    2.123Fonte: Fundação Seade

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