MERCADO DE TRABALHO

RMC tem 7 cidades entre 50 que mais geraram empregos

No 1˚ trimestre de 2025, juntos os municípios da região criaram 13.652 postos

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
20/05/2025 às 13:37.
Atualizado em 20/05/2025 às 14:35
Entre os setores analisados pela Seade, o comércio foi responsável pela abertura de 402 postos de trabalhos nas sete cidades da RMC (Alessandro Torres)

Entre os setores analisados pela Seade, o comércio foi responsável pela abertura de 402 postos de trabalhos nas sete cidades da RMC (Alessandro Torres)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem sete cidades entre as 50 que mais criaram novos empregos no primeiro trimestre deste ano no Estado de São Paulo. Juntas, elas geraram 13.652 postos, o equivalente a 6,51% dos 209.656 com carteira assinada surgidos no Estado de São Paulo, apontam os dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), com base nas informações do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Considerando apenas o recorte das 50 com melhor desempenho, a RMC foi responsável por um em cada 11 postos criados. Ela teve participação de 9,54% entre os 143.147 empregos surgidos. 

O destaque ficou com Campinas, que liderou o surgimento de janeiro a março no interior paulista, com 5.540 vagas. A cidade ficou em terceiro lugar no ranking geral, atrás apenas de São Paulo, com o saldo de 48.250 contratações, e Guarulhos, 7.769. As outras cidades da RMC a aparecerem entre as com melhor desempenho são Paulínia, no 9º lugar e 2.638 novos empregos, Indaiatuba (28º, 1,472), Sumaré (30º, 1.319), Nova Odessa (38º, 907), Hortolândia (39º, 904) e Itatiba (44º, 872).

Para o economista André Barbosa Filho, o resultado é o de uma economia ainda aquecida no primeiro trimestre, levando muitos trabalhadores informais a voltarem a procurar emprego com carteira registrada. "A gente observa um crescimento dos trabalhadores formais, com carteira assinada, e isso acaba dando uma estabilidade maior para essa população ocupada. Com isso, o mercado de trabalho tem uma âncora maior e pode não responder tão rapidamente a estímulos como a alta na taxa de juros", afirmou.

"O setor formal paga mais do que o informal. Quando ele aumenta o seu peso na economia, o salário tende a subir. E o bruto das contratações, que antes era primordialmente informal, no pós-pandemia tem sido o setor formal de trabalho. A população mais qualificada colabora com isso", completou o economista.

SETORES

Entre os municípios da Grande Campinas que mais geraram empregos, o setor de serviços liderou a abertura de novas vagas, com 6.602 contratações. O mecânico e microempresário Gilson Sales se prepara para reforçar esse número. Após 42 anos dedicados ao conserto de motocicletas, ela inaugurou há duas semanas a sua primeira loja de veículos usados. "A intenção é contratar um mecânico para ficar na oficina e se dedicar mais à loja", afirmou, aberta ao lado da oficina, na Vila Industrial.

Além de motos, a nova unidade também comercializará capacetes. Gilson Sales e o sócio investiram cerca de R$ 20 mil na abertura da loja, principalmente na reforma do prédio. "Nós queremos ser uma referência, vendendo motos totalmente revisadas, como pneus novos. É pegar e sair viajando, se o cliente quiser", explicou o mecânico. As motos têm garantia de três meses ou 3 mil quilômetros.

A construção civil apareceu em segundo lugar na criação de novos empregos com carteira registrada. De janeiro e março, o setor abriu 3.850 vagas, média de 43 por dia nas cidades analisadas pela Seade. O bom desempenho acaba movimentando toda a cadeia do setor. "Está bom de serviço", disse o montador e técnico de manutenção de elevadores de serviço Adrian Rafael da Silva. Ontem, ele dividiu seu tempo entre duas obras em Campinas. Uma delas é um novo condomínio residencial, com três torres e 237 apartamentos, no Jardim Aurélia.

As unidades têm 69,38 metros quadrados (m2), com duas vagas de garagem. O empreendimento oferece ainda piscina, lavanderia, quadra poliesportiva, quadra de beach tenis, duas piscinas e campo de minigolf. A entrega está prevista para maio de 2028. A terceira colocação na abertura de empregos ficou com a indústria, com a geração de 2.589 postos. "Esse é um dado importante, já que o setor costuma ter uma grande absorção de trabalhadores formais e salário maior", explicou o economista André Barbosa Filho.

NA PONTA

Esse setor abriu 356 novas vagas em Itatiba, liderando as contratações no município. Uma fabricante de autopeças, que acaba de inaugurar uma indústria na cidade, contribuiu para esse desempenho. A planta tem 65 mil m² de área total e 25 mil m² de área construída. A nova unidade tem como objetivo ampliar a capacidade de produção e melhorar a qualidade dos seus produtos. A companhia fornece peças para mais de 20 segmentos diferentes no ramo de autopeças para linhas de reposição e mercado sistemista (rede de interações entre compradores, vendedores e outros atores relevantes para a negociação de um produto).

A empresa atua no mercado há 35 anos, com um portfólio de mais de aproximadamente 5,40 mil produtos voltados ao segmento de varejo (aftermarket). O novo espaço foi projetado para proporcionar mais eficiência operacional e melhorar os processos produtivos, segundo a companhia. Além da nova fábrica de Itatiba, ela tem unidades nos Estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Goiás e Rio de Janeiro.

Entre as cidades da RMC que mais criaram empregos, Nova Odessa é a menor delas, Segundo balanço divulgado pela prefeitura, desde 2021, ao menos 30 grandes empresas de instalaram no município, entre elas do setor de medicamento, logística e comércio. Nesse período, o acumulado é 4.164 novos empregos, o equivalente a 6,71% do total da população, 62.019, moradores, segundo o Censo 2022. De acordo com a administração, os novos postos são resultados da modernização da Lei Municipal de Incentivo (ProdeNO), a criação do Centro de Referência do Empreendedor e do Trabalhador (CRET) e o oferecimento de cursos profissionalizantes gratuitos.

SINAL AMARELO

Entre os setores analisados pela Seade, o comércio foi responsável pela abertura de 402 postos de trabalhos na sete cidades da RMC. Já a agropecuária gerou 209 vagas. Porém, o economista vê dificuldades para a manutenção do aumento na oferta de empregos a partir deste segundo trimestre em função da alta dos juros. O Conselho de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica, a Selic, seis vezes desde setembro, passando de 10,5% para 14,75% este mês, a mais alta em 19 anos.

"Com todo esse aperto monetário já vemos alguns sinais de desaceleração na atividade, e esperamos que isso chegue no mercado de trabalho, que tem surpreendido em grande parte por conta do suporte da política fiscal, que manteve a renda elevada", avaliou André Barbosa Filhos. Para ele, a alta dos juros vai gerar um impacto negativo, que eventualmente vai impactar a renda real.

A posição é compartilhada por setores empresariais. Os primeiros indicadores da cadeia produtiva da construção neste ano demonstram a persistência do crescimento do setor. Porém, o cenário macroeconômico, com inflação, elevação da taxa Selic e aumento das incertezas, poderá levar a indústria da construção a ter em 2025 um crescimento menor do que o inicialmente estimado, segundo análise de conjuntura feito pelo A análise pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). No começo do ano, a previsão era de crescimento de 3% em 2025, mas agora os empresários não arriscam um índice.

"Especificamente na região de Campinas, estamos prevendo que esse desempenho continue positivo no setor da construção civil ao longo do ano e que pode se manter até o primeiro semestre de 2026. Isso se deve ao fato de que nos últimos quatro anos Campinas apresentou aumento em torno de 37%, no número de alvarás emitidos para as obras", explicou o diretor da Regional Campinas do SindusCon-SP, Marcio Benvenutti.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou que a elevação da taxa básica de juros não é necessária para controlar a inflação e prejudicará o ritmo de crescimento da economia. "O nível atual da Selic, que implica taxa de juros real de 8,5% a.a., já tem impactado fortemente a economia, que apresenta desaceleração mais aguda do que a prevista, tanto pela CNI, como por diversos analistas econômicos. Essa desaceleração intensa da economia já seria suficiente para controlar a inflação", disse o presidente da entidade, Ricardo Alban. 

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