REGIÃO METROPOLITANA

RMC tem 2024 positivo nas importações, superando o ano passado

Acumulado total de 2023 já foi superado com o desempenho positivo obtido de janeiro a novembro deste ano; resultado mostra recuperação econômica e aumento da atividade industrial

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
21/12/2024 às 09:31.
Atualizado em 21/12/2024 às 09:31
O bom desempenho da atividade industrial e o aumento dos investimentos feitos têm contribuído para que a economia continue se recuperando e crescendo; uma multinacional do ramo automotivo anunciou recentemente investimento de R$ 1 bilhão até 2030 em duas de suas fábricas, uma delas a de Sumaré, na Região Metropolitana de Campinas (Divulgação)

O bom desempenho da atividade industrial e o aumento dos investimentos feitos têm contribuído para que a economia continue se recuperando e crescendo; uma multinacional do ramo automotivo anunciou recentemente investimento de R$ 1 bilhão até 2030 em duas de suas fábricas, uma delas a de Sumaré, na Região Metropolitana de Campinas (Divulgação)

As empresas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) importaram até novembro US$ 14,75 bilhões (R$ 90,72 bilhões), superando em 0,27% o acumulado de US$ 14,71 bilhões (R$ 90,02 bilhões) em todo o ano de 2023. O resultado dos 11 primeiros meses é o segundo melhor para o período em 12 anos, atrás apenas dos US$ 17,03 bilhões (R$ 104,22 bilhões) de 2022, de acordo com a Comex Stat, plataforma de balança comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Para analistas, o resultado indica a recuperação econômica e aumento da atividade industrial, com perspectiva de continuidade desse processo em 2025.

“O aumento da importação mostra basicamente a recuperação econômica. A indústria brasileira atingiu neste ano 83,4% da sua capacidade produtiva, que é um número bastante positivo”, afirmou o economista Rafael Mendes. “Para produzir, a indústria precisa basicamente de máquinas, equipamentos e insumos, muitos deles importados”, completou. 

Já o relatório Economia Brasileira 2024-2025, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontou para uma alta de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviço produzidos, apesar da sinalização do Banco Central de aumento da taxa básica de juros, a Selic. No documento, a entidade representativa do setor industrial elevou de 3,4% para 3,5% a expectativa de crescimento da economia em 2024, mais do que o dobro em relação à estimativa anunciada no final do ano passado. “No ano passado o crescimento foi muito puxado pelas exportações, devido à safra recorde e ao bom desempenho da pecuária. Não foi um crescimento muito equilibrado. Já neste ano o crescimento é puxado por fatores internos, com alta significativa da demanda, e todos os segmentos da indústria e o setor de serviços crescendo”, afirmou o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Rafael Lucchesi. 

TRANSFORMAÇÃO 

Os indicadores apontam que os setores de automóveis, alimentos e siderurgia estão em alta, e todos investindo bem mais neste ano do que em anos anteriores. “É preciso chamar a atenção para o crescimento da indústria da transformação, que paga melhores salários, investe mais em inovação, e causa mais demanda em outros setores, e para os investimentos, que criam a base para que a economia continue crescendo", acrescentou Rafael Lucchesi. 

Diante desse cenário, uma multinacional fabricante de peças para o segmento automotivo anunciou nesta semana investimento de R$ 1 bilhão entre 2025 e 2030 para aumentar a produção em duas de suas oito fábricas no país, entre elas a de Sumaré. A unidade na RMC é responsável pela área de sistemas eletrônicos, soluções para freios e kits de reparos para veículos e passará a produzir, a partir do próximo mês, o IEBS, sistema de freio eletrônico inteligente para aplicações em reboques. 

A partir do início de 2025, o equipamento passará a ser obrigatório para as carretas. O objetivo é reduzir acidentes causados por tombamentos. O novo sistema faz o controle inteligente de estabilidade do veículo, e a meta da empresa é alcançar cerca de 50% de participação de mercado do IEBS. 

Inicialmente, a planta de Sumaré produzirá com base na versão atual do IEBS, iniciando a fabricação de um novo modelo em dezembro do próximo ano. Em meados de 2026 a unidade passará a fazer o conjunto completo, com capacidade de produção de até 110 mil unidades por ano. O investimento previsto para o Brasil inclui ainda a planta de Limeira, que passará a produzir câmera frontal para veículos. 

REFLEXO DOS JUROS 

De acordo com o CNI, a retomada do ciclo de alta da Selic pelo Banco Central é um dos principais fatores para a desaceleração do crescimento, apesar de não ser o único. No dia 11 passado, Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa de juros básicos em 1 ponto percentual, passando para 12,25% ao ano. Também foram antecipadas outras duas elevações de 1 ponto percentual em janeiro e março. 

“A alta dos juros deve conter o consumo e os investimentos, devido à menor concessão de crédito, mas há outros fatores, como a evolução mais lenta do mercado de trabalho depois de três anos bastante positivos e a redução do impulso fiscal, ou seja, as compras dos governos federal, estaduais e municipais”, afirmou o presidente da entidade, Ricardo Alban. 

No acumulado de janeiro e novembro de 2024, as importações da RMC tiveram aumento de 8,53% em relação aos US$ 13,59 bilhões (R$ 83,17 bilhões) de igual período do ano passado. O resultado foi atingido após as compras no exterior no mês passado somarem US$ 1,25 bilhão (R$ 7,65 bilhões), alta de 6,84% em comparação ao US$ 1,17 bilhão (R$ 7,16 bilhões) de igual período de 2023. 

Para o economista Rafael Mendes, o aumento da atividade industrial beneficia toda a população. “Há uma retomada dos investimentos e da indústria, o que é bom inclusive do ponto de vista de controle da inflação, porque essa retomada significa aumento de oferta”, avaliou. As exportações da Região Metropolitana somaram US$ 423,97 milhões (R$ 2,59 bilhões) em novembro, alta de 0,76% em relação aos US$ 420,79 (R$ 2,58 bilhões) do mesmo mês do ano passado. 

OUTROS RESULTADOS 

No acumulado dos 11 primeiros meses, as vendas ao exterior acumularam US$ 4,52 bilhões (R$ 27,66 bilhões), queda de 10,32% em relação aos US$ 5,04 bilhões (R$ 30,84 bilhões) de 2023. Com isso, o déficit da balança comercial da RMC de janeiro a novembro ficou em US$ 9,24 bilhões (R$ 56,54 bilhões), aumento de 7,94% na comparação com os US$ 8,56 bilhões (R$ 52,38 bilhões) do ano passado, de acordo com os dados da Comex Stat. 

No mês passado, a balança comercial teve saldo negativo de US$ 832,23 milhões (R$ 5,09 bilhões), alta de 10,42% em relação aos US 753,72 (R$ 4,61 bilhões) de 2023. O pneu é o sexto produto mais exportado pela Região Metropolitana, de acordo com o estudo do Observatório PUC-Campinas. Nos últimos 12 meses, as exportações do produto somaram US$ 156,1 milhões (R$ 903,87 milhões). A primeira posição no ranking é ocupada pelos medicamentos (US$ 330,23 milhões), vindo depois tratores (US$ 245,6 milhões), automóveis de passageiros (US$ 221,16 milhões), óleos de petróleo ou de minerais betuminosos (US$ 192,06 milhões) e partes e acessórios de veículos (US$ 184,65 milhões). 

Já os principais produtos importados são os agroquímicos, com o total de US$ 1,92 bilhão (R$ 11,11 bilhões) nos últimos 12 meses. Os produtos mais importados pela região são, na ordem decrescente, circuitos eletrônicos, compostos heterocíclicos exclusivamente de átomos de nitrogênio, aparelhos telefônicos, sangue humano e animal para uso terapêuticos e vacinas e ácidos nucleicos e seus sais. 

A China é a principal origem das importações das empresas da RMC, seguida pelos Estados Unidos, Alemanha (US$ 1,08 bilhão), Índia e Coreia do Sul. O ranking das exportações traz nas primeiras colocações os medicamentos, tratores, automóveis de passageiros, óleos de petróleo ou de minerais betuminosos e partes e acessórios de veículos (US$ 184,65 milhões). Os maiores destinos dos produtos exportados pela região são os Estados Unidos, Argentina, México, Alemanha e Chile.

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