NATUREZA

RMC tem 17 mortes causadas por raios

Inpe considera dados de 2000 a 2019 e aponta ainda que as descargas elétricas aumentaram 76%

Daniel de Camargo
daniel.camargo@rac.com.br
09/05/2020 às 12:25.
Atualizado em 29/03/2022 às 12:06

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou 17 mortes provocadas por raio entre 2000 e 2019. Dentre as vítimas da fatalidade, 71 % (12) eram homens, 29% (5) mulheres, 41 % (7) tinham de 20 a 29 anos de idade e 31% (5) dos óbitos aconteceram em área descampada (campos de futebol, por exemplo). Os dados são de um levantamento inédito elaborado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O ELAT informou que houve um aumento em torno de 76% na incidência das descargas elétricas de nuvens para o solo na RMC entre 2018 e 2019, período foram registradas 28.904 e 50.860 ocorrências, respectivamente. É necessário um estudo mais aprofundado para explicar essa diferença. Contudo, os especialistas esclarecem que o fenômeno está associado a tempestades severas e tem maior incidência no Verão e Primavera. A estatística reforça a importância do estudo, que reúne informações coletadas pelo Departamento de Informações e Análise Epidemiológica (CGIAE) do Ministério da Saúde, veículos da imprensa e dados de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e visa analisar as mortes e orientar como as pessoas devem se proteger. A análise aponta que o Brasil é o líder em incidência de raios no mundo, com cerca de 77,8 milhões de descargas para o solo a cada ano. Quanto ao número de mortes provocadas pelo fenômeno, o País ocupa a sétima posição mundial: neste século já foram registrados 2.194 casos; uma média de 110 casos por ano no período. Entre os principais resultados, o levantamento assinala que o Sudeste é a região com mais representatividade no número de casos (26%, cerca de 570 óbitos) e que 67% das mortes, ou seja, 1.470 delas, ocorreu no Verão e Primavera. Os homens representam 82% (1.799) dos casos, enquanto as mulheres representam 18% (395) dos óbitos. Dentre as principais circunstâncias de fatalidades, os maiores percentuais são aqueles associados a circunstâncias de agronegócio: 26% (570). Estar dentro de casa próximo a rede elétrica ou hidráulica, 21% (460), seguidos por atividades na água ou perto de praias, rios ou piscinas com 9% (197), mesmo número das ocorrências registradas em baixo de árvores. As estatísticas evidenciam também que 175 pessoas morreram, no período, em áreas cobertas que protegiam da chuva, mas não dos raios. No que diz respeito a áreas descampadas, o número de óbitos cai para 153. De acordo com o estudo do ELAT, 131 pessoas morreram vítimas de raios próximas ou em veículo abertos, enquanto 88 óbitos foram registrados em rodovias, estradas ou ruas, sem estar dentro de veículos. Outras 88 pessoas morreram próximas a cercas, varal ou similares, e outros casos não especificados totalizaram 131 óbitos. “Não há nenhum registro de fatalidade dentro de veículos fechados; esta é a circunstância mais segura para se abrigar durante uma tempestade”, informa.Probablidade Com base nos dados aferidos, o ELAT estima que a probabilidade de uma pessoa morrer atingida por um raio no Brasil ao longo de sua vida é de uma em 25 mil. “Embora pareça pequena, a chance é maior do que aquela de ser mordido por um cachorro (uma em 100 mil). Essa probabilidade aumenta em até 2,5 vezes se a pessoa estiver desprotegida em uma área descampada durante uma tempestade típica, que produz cerca de três raios por minuto – neste caso, em apenas 30 minutos, a probabilidade de morrer atingido por um raio é em torno de uma em 10 mil, similar à de sofrer um acidente aéreo”, calcula o coordenador do ELAT-INPE, Osmar Pinto Junior. O estudo esclarece que, nem sempre um incidente provocado por um raio é fatal. Para embasar a afirmação, o ELAT detalha que mais de 300 pessoas sobrevivem por ano após serem atingidas por um raio. Desafiando as probabilidades, existem pessoas que sobrevivem a dois raios. Neide Maria Cardoso, que reside em Curitiba, capital do Paraná, é uma delas. Aos sete anos de idade, um raio atingiu sua casa pela parede dos fundos e atravessou a sala onde ela estava. O estrondo causou a perda de 80% da audição do ouvido direito. Anos depois, já adulta, ela foi novamente atingida por um raio quando estava num galpão de seu condomínio. Desta vez, as sequelas foram mais graves, com queimaduras pelo corpo, perda de memória parcial e anos de terapia para superar o trauma.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por