Campinas é a cidade que mais acumula mandados de prisão criminais não cumpridos desde 2012
Papelada incômoda: em toda a região, se amontoam mandados em aberto em diversas categorias criminais (Cedoc/RAC)
Dados do Banco Nacional de Mandados de Prisão, do Conselho Nacional de Justiça, apontam que a Região Metropolitana de Campinas (RMC) tinha até o último dia 6 9.942 mandados de prisão criminais em aberto desde 2012. Campinas lidera a lista com 3.879 mandados de prisão não cumpridos. Pedreira é o município com o menor número de criminosos condenados nas ruas (97). Das 20 cidades que integram a RMC, em Engenheiro Coelho, Holambra, Morungaba e Santo Antônio de Posse não constam relações de foragidos. Os números são tão expressivos que, caso a polícia conseguisse cumprir todos os mandados de uma vez só, a superlotação do sistema carcerário seria ainda mais pressionada, pois seriam necessárias a construção de 12 Centros de Detenção Provisória de Campinas, que têm capacidade para abrigar 822 presos. Outro exemplo é que se os mandados em aberto desde 2012 fossem cumpridos, excederiam em mais de seis vezes a capacidade das penitenciárias Odete Leite de Campos Critter e P-3 de Hortolândia, com capacidade para comportar 1.555 detentos. Dos 3.979 mandados em aberto em Campinas, 700 dizem a respeito a execuções criminais. Outros 594 são do Departamento de Excussões Criminais (Deecrim) e 156 do Juri Popular. O restante, das demais varas, inclusive 54 da Justiça Federal. A Secretaria Estadual da Segurança Pública também disponibiliza em seu site os índices de cumprimento de mandados de prisão em todo o estado. Segundo os números, a Polícia Civil de Campinas cumpriu até dia 29 do mês passado 1.380 mandados em 2017, 1199 em 2016, 1267 em 2015 e 1.325 em2014. “De 2014 até agora, foram cumpridos 8.313 mandados de prisão em Paulínia, Valinhos, Vinhedo e Indaiatuba. São números expressivos. Os mandados são cumpridos por todas as forças de segurança, como a militar, civil e Guarda Municipal. Só a Polícia Civil prendeu, através de mandado, 3.496 procurados”, disse o delegado assistente do Departamento de Polícia Judiciária São Paulo Interior 2 (Deinter 2), Luís Segantin. “Se em quatro anos cumprimos mais de 8 mil mandados, isso mostra que é bem maior que o número que temos em aberto num período de seis anos. O mandado de prisão saiu de uma investigação, que foi feita pela Polícia Civil” , destacou. Segundo Segantin, todo mês são realizadas operações para cumprimentos de mandados para que não ocorra acúmulo. Mesmo com a justificativa do delegado assistente, especialistas e policiais civis defendem que o número de mandados pendentes é grande e esse volume é consequência da falta de policiais civis, morosidade da Justiça para dar a sentença e falta de vagas nos presídios. Até o dia 26 deste mês, as unidades prisionais da região contavam com uma capacidade de 7.823 vagas e estavam com uma população carcerária de 12.336 detentos. Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária informou que na região administrativa de Campinas estão sendo construídos os Centros de Detenção Provisória de Aguaí e Santa Cruz da Conceição, com capacidade para 847 presos e reforçarão o número de vagas. Quanto ao número de policiais civis, segundo os sindicatos, o deficit é de 12.274 cargos vagos, sendo 2.777 apenas de investigadores e outros 615 de delegados. E a falta de policiais nas delegacias reflete no cumprimento de mandados. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública frisou que a pasta tem investido no efetivo da Polícia Civil e para a região de Campinas, desde 2011, foram contratados 441 policiais, sendo 173 enviados entre o ano passado e este ano. Também foi investido um total de R$ 13,8 milhões para a compra de 212 viaturas e que atualmente, estão em andamento concursos para selecionar 250 delegados, 600 investigadores, 800 escrivães, 300 agentes de telecomunicações, 200 papiloscopistas, 400 agentes policiais e 200 auxiliares de papiloscopistas. Sobre a demora nos julgamentos, o diretor da Cidade Judiciária, o juiz Luiz Alves Torrano, defende que há uma demora natural e há toda uma estrutura a ser seguida. “Não é só do Judiciário, mas também do próprio inquérito policial. O acusado não fica esperando na casa dele para ser preso. Enquanto corre o inquérito e sai a sentença, ele pode mudar de cidade, de Estado”, disse o juiz Luiz Alves Torrano..