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RMC registra o primeiro caso da nova variante da covid-19

Mulher de Indaiatuba, de 54 anos, foi contaminada com a XBB.1.5 após viagem aos EUA

Ronnie Romanini/ [email protected]
07/01/2023 às 08:51.
Atualizado em 07/01/2023 às 08:51
Mulher toma dose da vacina contra a covid: para os especialistas em virologia, a vacinação é a grande responsável pela paciente com a nova variante ter se recuperado de forma tão tranquila e rápida (Gustavo Tilio)

Mulher toma dose da vacina contra a covid: para os especialistas em virologia, a vacinação é a grande responsável pela paciente com a nova variante ter se recuperado de forma tão tranquila e rápida (Gustavo Tilio)

O primeiro caso confirmado da nova variante XBB.1.5 (Kraken) no Brasil foi identificado na Região Metropolitana de Campinas (RMC), na cidade de Indaiatuba. Trata-se de uma paciente, de 54 anos, que se contaminou com a cepa da covid-19 ainda em novembro e teve apenas sintomas gripais leves. Ela recebeu alta no mesmo mês, depois de um isolamento domiciliar, informou a Secretaria de Saúde de Indaiatuba em nota divulgada na sexta-feira (6) à tarde. O sequenciamento foi feito pela rede de saúde integrada Dasa na quarta-feira (4).

A mulher tinha histórico de viagem para o exterior, especificamente para os Estados Unidos da América, onde, atualmente, a nova sublinhagem representa uma boa parcela do total de contaminados. Os parentes que estiveram em contato com a paciente não apresentaram sintomas da doença.

A secretária de Saúde de Indaiatuba, Graziela Garcia, revelou que a paciente estava com todas as doses na caderneta de vacina. "É por isso que acreditamos que ela tenha apresentado apenas dois dias de sintomas leves para a nova variante da covid-19 (...) É a vacinação a grande responsável pela paciente com a nova variante ter se recuperado de forma tranquila e rápida. A vacinação é o que nos permitiu seguir nossas vidas normalmente. Portanto, a vacinação é a grande responsável pelo combate ao coronavírus. Com isso você freia óbitos, internações e, principalmente, a transmissibilidade."

Em Indaiatuba, a vacinação está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 16h30, exceto aos feriados. Como a infecção aconteceu em novembro, a secretária também se manifestou em relação a um possível aumento no número de casos e internações, o que não aconteceu. 

Sobre a XBB.1.5

O virologista e pesquisador científico do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), Anderson F. Brito, explicou que a XBB.1.5 é uma mistura de duas variantes que já circularam juntas em algum local do mundo e em um momento houve uma espécie de mescla entre elas. 

O também virologista e superintendente de pesquisa da rede de saúde integrada Dasa, José Eduardo Levi, explicou que a variante surgiu em agosto no Sudeste Asiático, com o primeiro sequenciamento tendo sido realizado na Índia. "É uma Ômicron também. E ela tem uma peculiaridade que é a da recombinação entre duas linhagens de Ômicron, o que resultou na XBB. A letra X tem sido usada nos nomes para indicar recombinação."

Ele também esclareceu que, nos estudos in vitro, essa variante se mostrou a mais competente em escapar da resposta imune de anticorpos de todos os tipos, sejam eles desencadeados por vacinação ou por infecção natural. E explicou a evolução das variantes da Ômicron. "2022 começa com a Ômicron 'original', com nome BA.1, que causou um pico enorme de casos em janeiro de 2022. Ela foi substituída pela Ômicron BA.2, que, por sua vez, foi substituída pela BA.5. Depois, veio a BQ.1. Agora, o que a gente acredita que está acontecendo é a substituição por essa XBB. No entanto, é importante dizer que os dados não mostram uma onda causada por XBB. A gente vê que ela se torna mais frequente entre os casos positivos, mas o número de casos não está aumentando, o que é bom, sugerindo que não teremos uma onda nova agora em janeiro por essa variante, mesmo ela se tornando predominante."

Por enquanto, a rede Dasa sequenciou 1.332 amostras de novembro de 2022. De todas, apenas 33 eram XBB e uma XBB.1.5. Agora, em janeiro, estão sendo sequenciadas cerca de 1,5 mil amostras de dezembro do Brasil inteiro. Levi explicou que há evidências indiretas de que a XBB pode ser a variante de 20% a 30% dos casos de covid-19, entre XBB e XBB.1.5. 

"Isso deve se confirmar com o sequenciamento que estamos fazendo agora em janeiro. Vamos ter os dados de dezembro saindo ao longo do mês. Na semana que vem sai alguns e, até o fim de janeiro, completaremos todo o sequenciamento de dezembro, em torno de 1,5 mil amostras do Brasil inteiro."

Reinfecção pode gerar riscos

O virologista do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), Anderson F. Brito, acredita que dificilmente teremos cenários semelhantes às primeiras ondas da pandemia, muito devido à vacinação em massa. Entretanto, é preciso ficar atento e evitar de se contaminar, pois a reinfecção e múltiplas infecções podem ser extremamente danosas.

"A BQ.1 está circulando, infectando muitas pessoas de novembro para cá. Essas pessoas dificilmente seriam novamente infectadas ao ponto de conseguir transmitir a XBB para frente. Então são infecções mais brandas, curtas, com menor carga viral. Isso torna o ambiente menos favorável a uma nova variante circular."

Graças à vacinação, ele acredita que dificilmente teremos cenários como os vivenciados nas primeiras ondas da pandemia. No entanto, é preciso se manter atento e evitar ser contaminado, pois múltiplas infecções podem ser danosas. "A covid tem mostrado o seu potencial danoso enquanto enfermidade, não apenas durante a infecção crônica, mas também após a infecção. A infecção termina, mas as sequelas no organismo persistem", alertou Brito.

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