FUNDAÇÃO SEADE

RMC registra menor taxa de desocupação em cinco anos

Região fechou o 2˚ trimestre de 2024 com 6,4% de pessoas economicamente ativas sem emprego

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
19/09/2024 às 06:50.
Atualizado em 19/09/2024 às 07:07
Entre janeiro e junho deste ano, a RMC registrou a criação de 25.279 novos postos de trabalho com carteira registrada: “Apesar de os resultados de maio e junho terem apontado uma perda de dinamismo, o saldo do 1º semestre ainda está acima do observado em igual período no ano passado”, analisou a economista Eliane Navarro Rosandiski, pesquisadora do Observatório PUC-Campinas (Kamá Ribeiro)

Entre janeiro e junho deste ano, a RMC registrou a criação de 25.279 novos postos de trabalho com carteira registrada: “Apesar de os resultados de maio e junho terem apontado uma perda de dinamismo, o saldo do 1º semestre ainda está acima do observado em igual período no ano passado”, analisou a economista Eliane Navarro Rosandiski, pesquisadora do Observatório PUC-Campinas (Kamá Ribeiro)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) fechou o 2º trimestre deste ano com a taxa de desocupação de 6,4%, o menor índice dos últimos cinco anos. O número de pessoas economicamente ativas sem emprego teve uma redução de 0,3 ponto percentual em comparação a igual período de 2023, a taxa mais baixa anterior, de acordo com estudo divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de dados (Seade). Em 2019, último ano antes da pandemia de covid-19, a taxa era de 12,6%, O levantamento foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado dos 20 municípios da RMC é o sexto menor entre as áreas analisadas e é a mesma média do Estado de São Paulo. Segundo o levantamento, a menor taxa de desocupação foi verificada na região Central paulista (3,5%), enquanto a maior foi no Entorno Metropolitano Oriental (9,6%). Esse recorte da Região Metropolitana de São Paulo é formado por 19 municípios, entre eles Guarulhos, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul.

Para a economista Eliane Navarro Rosandiski, pesquisadora do emprego do Observatório PUC-Campinas, a taxa de desocupação na Grande Campinas mostra uma retomada da atividade econômica e recuperação da geração de empregos. “A dinâmica do emprego na Região Metropolitana de Campinas neste segundo trimestre ainda confirma o cenário de recuperação do emprego em 2024. Apesar de os resultados de maio e junho terem apontado uma perda de dinamismo, o saldo do 1º semestre ainda está acima do observado em igual período no ano passado”, afirmou.

Entre janeiro e junho deste ano, a RMC registrou a criação de 25.279 novos postos de trabalho com carteira registrada, revelou a pesquisa do Seade realizada a partir dos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Com isso, a região fechou o primeiro semestre com 1,823 milhão de pessoas empregadas, aumento de 4,88% em comparação às 1,734 milhão de junho de 2023. Em 12 meses, 89 mil pessoas conquistaram um posto de trabalho, média de 244 por dia. O total é equivalente à soma das populações de Vinhedo e Morungaba, ou seja, é como se todos os moradores dessas duas cidades conseguissem uma colocação. 

EM ALTA

A inauguração há quatro meses de uma loja de informática na Avenida Francisco Glicério, no Centro de Campinas, gerou 16 novos postos de trabalhos. Entre os contratados está o coordenador de vendas do estabelecimento, Danilo de Souza Dutra, que mudou recentemente para a cidade e não ficou desempregado após deixar a colocação anterior na capital.

“Em São Paulo, a qualidade de vida é menor, enquanto a concorrência é muito maior. Para conseguir um emprego CLT (registrado) com o mesmo salário em São Paulo eu teria de ter pós-graduação. Não parei de estudar, eu gosto, mas lá a exigência é maior”, explicou.

Ele já conhecia Campinas, onde residiu antes de ir para a capital. “Aqui é mais estruturada, organizada. É uma cidade de oportunidades”, afirmou Danilo Dutra, explicando os motivos de optar pela mudança de residência. Ele está à frente da única loja física no país de uma fabricante de equipamentos de informática de Santa Catarina. A empresa, porém, atende todo o mercado nacional a partir do site próprio e da presença nos maiores marketplaces do país, espaço que reúne diversas marcas, lojas e produtos.

O vendedor Johny Barros também conseguiu um novo emprego rapidamente após deixar o Rio de Janeiro e vir para Campinas. Ele se mudou em junho, mesmo mês em que foi contratado. “O Rio é uma cidade em que se vive sempre com medo”, disse Johny. Esse foi motivo que o levou a optar por se transferir para Campinas, onde tem amigos. Agora, o vendedor quer trazer os pais idosos para morar com ele.

OPORTUNIDADES

A taxa de participação teve redução de 0,8 ponto percentual no primeiro semestre deste ano na Região Metropolitana de Campinas. Ela mostra a proporção de pessoas ocupadas e desocupadas em relação à População em Idade Ativa (PIA), formada por pessoas com 14 anos ou mais. De acordo com o estudo da Seade, a taxa fechou o segundo trimestre deste ano em 65,2%, contra 66% na comparação com o mesmo período de 2023.

Dos cinco setores analisados, o Novo Caged divulgou que houve alta na oferta de empregos em quatro no primeiro semestre deste ano na RMC. O crescimento foi puxado pelo setor de serviços, com a geração de 13.313 novos postos de com carteira assinada. Na sequência estão a indústria (5.974), construção civil (5.063) e comércio (1.062). O único a ter o número de demissões superior ao das admissões foi a agropecuária, com o fechamento de 278 vagas.

Campinas foi a cidade da Região Metropolitana que mais criou empregos no primeiro semestre. O município gerou 9.631 novas vagas, o equivalente a 38,32% dos postos surgidos na RMC. O Novo Caged apontou também aumento de 5,3% na média de remuneração dos admitidos no segundo trimestre na região, que em R$ 2.353,87. No ano passado, no mesmo período, a média foi R$ 2.338,74. A elevação dos salários ficou acima da inflação de 3,6% acumulada no 12 meses encerrados em junho. “Isso garante a ampliação do poder de compra”, explicou a pesquisadora do Observatório PUC-Campinas.

Os dados do Novo Caged evidenciam uma forte recuperação na geração de empregos na indústria da RMC. O setor registrou o saldo de 7.782 vagas criadas no acumulado de janeiro a julho deste ano, um crescimento de 197,82% em comparação aos 2.613 empregos gerados pela indústria em todo o ano passado. “Isso traz um benefício forte para a demanda. Nós conseguimos observar que o comércio da Região Metropolitana tem um comportamento positivo”, avaliou Eliane Rosandiski.

Isso ocorre porque o setor industrial é considerado um dos que geram as vagas de melhor qualidade, com os melhores salários. A economista indicou, porém, fatores que podem prejudicar a geração de novos empregos na Região Metropolitana a curto prazo, como alta da inflação por conta da elevação do dólar, fatores climáticos e retomada do aumento dos juros. “Taxa de juros alta prejudica investimento real na economia. Essa discussão, muitas vezes, é ideológica no país, mas não importa se você é de direita ou de esquerda, não existe uma economia saudável do ponto de vista real que consiga sobreviver com uma taxa de juros alta”, afirmou a pesquisadora do Observatório PUC-Campinas.

FEIRÃO DO EMPREGO

A Secretaria de Trabalho e Renda de Campinas realizará amanhã o Feirão de Emprego e Oportunidades, com a oferta de cerca de 800 vagas. O evento terá oportunidades para diversas funções, entre elas 30 vagas para motorista carreteiro, 30 para auxiliar de linha de produção, além operador de caixa, repositor de mercadorias, auxiliar de logística, operador de telemarketing, entre outras.

Para se candidatarem às vagas de emprego, os trabalhadores devem levar Carteira de Trabalho, currículo e documento com foto. Oito empresas estarão com equipes de recursos humanos no local para fazer a primeira etapa do processo seletivo, entre elas do setor de varejo, hotéis, saúde e transportes. O Feirão do Emprego será realizado no Campinas Shopping, das 9 às 16 horas. O atendimento acontecerá de acordo com a ordem de chegada dos interessados, com um número limitado de senhas. 

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por