SAÚDE AMPLIADA

RMC propõe ratear custo de hospital com outras cidades

Governo de SP e SUS também participariam da manutenção da futura unidade

Rodrigo Piomonte
26/04/2022 às 08:29.
Atualizado em 26/04/2022 às 12:43
Hospital de Clínicas (HC): edificação de nova unidade hospitalar em área cedida pela Unicamp viria para desafogar o atendimento na unidade, que recebe pacientes de outros estados (Ricardo Lima)

Hospital de Clínicas (HC): edificação de nova unidade hospitalar em área cedida pela Unicamp viria para desafogar o atendimento na unidade, que recebe pacientes de outros estados (Ricardo Lima)

O projeto de implantação do hospital regional metropolitano em uma área cedida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) teve na última segunda-feira (25) mais uma rodada de conversas. O prefeito de Jaguariúna e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (RMC), Gustavo Reis (MDB), esteve reunido com o reitor da universidade, o professor Antônio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé, oportunidade em que reiterou a importância do empenho do órgão que preside na construção do hospital.

Em visita ao presidente-executivo do Correio Popular, Ítalo Hamilton Barioni, para a entrega do livro sobre a RMC, intitulado "RMC - 20 anos de Integração", o prefeito Gustavo Reis comentou sobre a agenda de trabalho do Conselho de municípios com o reitor da Unicamp. No encontro, ele fez menção a uma articulação que está sendo construída pelos municípios da RMC, visando a levantar os custos da implantação do novo hospital. O objetivo do trabalho é viabilizar o projeto junto ao governo do Estado ainda este ano.

De acordo com plano estabelecido, o futuro Hospital Metropolitano teria a Unicamp como gestora do contrato, mas a operação e custos seriam tripartite, divididos entre a União, através do SUS (Sistema Único de Saúde), a Secretaria Estadual de Saúde e a outra parte dividida entre os municípios.

Pela proposta do Conselho, a ideia é que, pelo menos, mais duas ou três dezenas de cidades, além dos 20 municípios que fazem parte da RMC, entrem no rateio impulsionando o principal entrave do projeto, que é justamente o custo operacional. A estimativa é a de que o novo hospital tenha um gasto anual de cerca de R$ 250 milhões. "Já existe a área, o apoio da universidade e do governo estadual para a instalação do hospital. O detalhe está na forma de custeio. Nós já nos colocamos à disposição em encontros com o governador, aqui eu falo como municípios, se disponibilizarem e dividir essa conta", disse.

O novo hospital tem previsão de contar com 350 novos leitos de internação disponíveis à população da RMC, estimada em cerca de 3,3 milhões de habitantes. O investimento previsto para a construção da unidade é de R$ 320 milhões. A proposta é que ele seja instalado em uma área cedida pela Unicamp na Fazenda Argentina e tenha gestão técnica da Universidade.

Segundo Reis, apesar de algumas resistências, as conversas com os prefeitos já estão bem avançadas no sentido de se encontrar uma solução e viabilizar os próximos passos para a implantação do projeto. "Acho que dá para avançar. Nós estamos esperando a possibilidade do governador anunciar o investimento do Estado. Depende dele. Os estudos, a concordância a anuência em ratear, nós já demos. Mas nós dependemos muito do Estado sinalizar com o recurso", disse.

O crescimento da RMC acima da média do Estado e até da média nacional tem sido o argumento para justificar a necessidade do aumento de leitos na região. "Nos últimos anos percebemos muito interesse das pessoas se mudarem para a nossa região pela qualidade de vida, pelo alto índice de desenvolvimento humano. E isso acaba incentivando muitas pessoas a saírem da capital e vir para cá. Até mesmo pela própria geração de emprego de alta qualidade, que acaba fazendo com que a região tenha esse crescimento populacional. E a região não teve crescimento de novos leitos de hospital nas últimas décadas", disse.

Segundo Reis, o fato do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp já realizar o atendimento não somente de municípios da RMC, mas também da região administrativa de Campinas, que envolve muitos outros municípios, aparece também como argumento nas tratativas de buscar uma maneira de dividir os custos da operação do futuro hospital entre todas as prefeituras que se beneficiam do atendimento e assim agilizar o investimento.

"A gente consegue ratear essa conta, não só com os 20 municípios da RMC, mas sim com umas três ou quatro dezenas de outros municípios. A gente usaria toda a expertise que a Unicamp tem e mais uma parte do SUS para custear esse novo hospital", disse.

De acordo com Reis, os últimos leitos construídos para a RMC datam da década de 90. "A gente gostaria de aproveitar essa oportunidade que o governo do Estado está tendo para a gente reforçar o entendimento de que a RMC cresceu mais. E agora seria o momento de se investir na ampliação de leitos em nossa região", disse.

O prefeito de Jaguariúna e presidente do Conselho da RMC, Gustavo Reis, em visita à sede do Correio Popular (Ricardo Lima)

O prefeito de Jaguariúna e presidente do Conselho da RMC, Gustavo Reis, em visita à sede do Correio Popular (Ricardo Lima)

Outros assuntos

O presidente da RMC também comentou sobre a convocação de um representante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para prestar esclarecimentos na próxima reunião do Conselho sobre a demora na licitação do Trem Intercidades. "A intenção neste caso é pedir mais agilidade no lançamento do edital de licitação. O Trem Intercidades é de extrema importância. Não é possível num país como o Brasil a gente continuar tendo uma linha férrea sucateada e apenas o modal rodoviário", disse Reis.

O entrave no lançamento do edital está numa questão envolvendo um trecho da malha férrea da União e que é de responsabilidade da concessionária MRS Logística. A concessionária será responsável pelas obras de segregação das vias entre a região de Jundiaí e o centro de São Paulo. Para isso, acertou a extensão do seu contrato com o governo federal mediante investimentos de modernização e ampliação da malha ferroviária. O projeto também está sendo revisto após a realização de consulta e audiência pública. Entre as mudanças, estão a ampliação do prazo de concessão de 30 para 35 anos e o aumento do investimento.

Reis também comentou sobre o trabalho do Conselho na questão da expansão do Aeroporto Internacional de Viracopos. Segundo ele, foi consenso entre os prefeitos da região a manutenção da área atual do sítio aeroportuário de Viracopos, de 27 quilômetros quadrados, o que possibilita a expansão com a construção de mais duas pistas de decolagem e a instalação de galpões de logística e centro de convenções. "A expansão do Aeroporto de Viracopos é fundamental para o futuro da região e do Estado", conclui.

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