poluentes

RMC propõe a redução de gases do efeito estufa

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) assumirá o compromisso de reduzir em 31,8% até 2060 as emissões dos gases do efeito estufa

Maria Teresa Costa
06/04/2019 às 10:42.
Atualizado em 04/04/2022 às 10:08

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) assumirá o compromisso de reduzir em 31,8% até 2060 as emissões dos gases do efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global, e em 30,3% os poluentes atmosféricos a partir de um conjunto de ações especialmente nos setores de transporte, indústria e energia, os mais emissores. O plano de ação será apresentado pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) aos gestores municipais da RMC na próxima semana. Ele é resultado do inventário, que teve adesão dos 20 prefeitos ao trabalho coordenado por Campinas. O plano propõe reduzir em 4% as emissões em 2020, em 7,9% em 2030, 15,9% em 2040 e 31,8% em 2060. As metas são ousadas, mas atingíveis, disse o secretário do Verde, Rogério Menezes. Uma das premissas para a definição das metas é que elas estejam dentro do realizável, considerando a realidade dos municípios. Para que sejam adotadas, disse, é preciso que os municípios assumam o compromisso por meio de uma legislação municipal, o que não impede a construção de uma resolução conjunta intermunicipal para fortalecer essa integração. O documento, de 202 páginas, propõe para o setor de transporte que toda a frota municipal seja movida a biodiesel, estímulo à circulação de veículos elétricos, ampliação dos corredores de ônibus e faixas exclusivas, requalificação da malha ferroviária para transporte de passageiros, criação de um centro de abastecimento de cargas para o aeroporto Viracopos. Para reduzir as emissões geradas por resíduos, o plano sugere ampliação da coleta seletiva, aterros sanitários apenas para rejeitos, aproveitamento energético do metano em aterros sanitários, uso de novas tecnologias, entre outras medidas. No setor de energia, propõe a ampliação dos sistemas de energia fotovoltaica, e uso energias renováveis, campanhas de conscientização, reduzindo o consumo de energia e o desperdício em edifícios residenciais, comerciais e de serviços públicos, adoção de medidas para melhoria na eficiência e na resiliência do parque de iluminação pública com luminárias mais eficientes. O efeito estufa é um processo físico que ocorre quando uma parte da radiação infravermelha é emitida pela superfície terrestre e absorvida por determinados gases presentes na atmosfera, os chamados gases do efeito estufa. Como consequência disso, parte do calor é irradiada de volta para a superfície, não sendo libertada para o espaço. O efeito estufa dentro de uma determinada faixa é de vital importância pois, sem ele, a vida como a conhecemos não poderia existir. Serve para manter o planeta aquecido e, assim, garantir a manutenção da vida. Além de medidas de redução dos gases, o plano traz propostas para mitigar as emissões, como incentivo ao estabelecimento de diretrizes metropolitanas de redução de poluentes, como o dióxido de carbono, gás essencial para a fotossíntese e vida, porém, em altas concentrações, agrava o efeito estufa. O plano propõe plantio arbóreo e manutenção dos fragmentos vegetais em meio urbano; criação de novas áreas verdes, como praças e parques, bem como manter e qualificar as áreas já existentes; conter a expansão das manchas urbanas municipais; reurbanizar as áreas com ocupações informais, prevendo a oferta de moradia de interesse social e estimulando a criação de zonas de interesse social em meio ao tecido urbano provido de boas condições de infraestrutura, entre outras. De acordo com o documento, os resultados das metas de redução foram elaborados a partir de estimativas de redução adotadas por outras cidades ao redor do mundo, permitindo obter metas a partir de projetos efetivos de redução de emissões. Existem, no entanto, incertezas inerentes às projeções econômicas de crescimento da economia que indicam cautela quanto às projeções, especialmente no longo prazo, informa. Uma das incertezas é em relação ao potencial de expansão de Viracopos, que pode ter impacto positivo ou negativo na taxa de crescimento das emissões. O Aeroporto tem enorme potencial econômico e seu plano de expansão tende a se concretizar, porém, as incertezas sobre a dinâmica futura da economia brasileira podem afetar esse cenário. Se a expansão não se concretizar por conta da intensificação da crise brasileira, a tendência é que as emissões da RMC fiquem abaixo do cenário projetado. Após o plano de ação, o próximo passo, segundo Menezes, será a avaliação das metas propostas quando da elaboração da lei da Política Municipal de Enfrentamento à Mudança do Clima, para então serem adotadas por legislação. Transporte é o principal vilão, segundo inventário O inventário detectou que a maior parte (42%) das 11,25 milhões de toneladas de gases do efeito estufa (GEE) emitidas na RMC vem do transporte. São 4,67 milhões de toneladas desses gases responsáveis pelo aquecimento global liberadas pelo setor, a maioria por carros, caminhões, ônibus e motos. Outras 850 mil toneladas são emitidas por aviões: 89% pelas aeronaves que pousam e decolam do Aeroporto Internacional de Viracopos, outros 10% vêm de Paulínia, especialmente helicópteros, enquanto o movimento aéreo de Americana, Monte Mor e Vinhedo corresponde a 1%. O inventário mostra que os processos industriais também têm peso importante no quadro geral das emissões, com 2,43 milhões de toneladas liberadas pela atividade industrial não relacionadas ao consumo de combustível para a geração de energia. Paulínia é a maior emissora, com 98,3% das emissões, ou 3,49 milhões de toneladas. Nessa área, a liderança é da Refinaria de Paulínia (Replan), responsável por 86,5% das emissões da RMC e por cerca de 20% do total das emissões de processo industrial da Petrobras. Sumaré vem em segundo lugar, com 1,46%, seguida de Valinhos e Vinhedo, com contribuições abaixo de 1%. METAS DE REDUÇÃO DE EMISSÕES PARA RMC Setor              2020        2030       2040          2060 Energia            3,40          6,80       13,60          27,20 Agricultura       5,90         11,80       23,60         47,20 Transporte       5,30         10,60       21,20         42,40 Indústria          2,69         5,38        10,76          21,52 Resíduos          3,60         7,20        14,40          28,80 Total                4,0           7,9          15,9           31,8 Poluentes         3,80         7,59        15,19          30,37 Fonte: Inventário das Emissões de Gases (em %)

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