Até o final de 2030 o índice de dióxido de carbono (CO2) deverá ter uma redução de 10% no Brasil por causa do iminente crescimento da frota de carros elétricos
Setor elétrico está preparado para absorver a demanda com a expansão dos veículos elétricos no País (Divulgação)
Até o final de 2030 o índice de dióxido de carbono (CO2) deverá ter uma redução de 10% no Brasil por causa do iminente crescimento da frota de carros elétricos, segundo estudos elaborados pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), por meio do desenvolvimento do projeto P&D Emotive — que desde de 2013 vem utilizando a Região Metropolitana de Campinas (RMC) como um laboratório de mobilidade elétrica, com o objetivo de impulsionar o mercado de veículos no País. Esses testes vêm sendo realizados com 16 carros elétricos, que são abastecidos em 25 eletropostos públicos instalados em Campinas e em rodovias na altura de Jundiaí — o corredor elaborado é o primeiro do Brasil para veículos elétricos. Nestes cinco anos de desenvolvimento, o projeto-piloto da CPFL tem avaliado o impacto dos veículos elétricos no mercado e na estrutura elétrica brasileira. Segundo o estudo, a expansão dos veículos elétricos trará benefícios para a sociedade e para o meio ambiente, já que eles são mais econômicos e não produzem emissão de poluentes. Além disso, a tecnologia ainda seria capaz de diminuir a dependência do petróleo para se locomover e, de quebra, reduziria em até 10% o consumo total de gasolina automotiva até 2030, o equivalente a um volume de 10 bilhões de litros do combustível. Em um cenário mais conservador, sem levar em consideração nenhum tipo de incentivo, os carros elétricos e os híbridos podem alcançar 3,8% da frota nacional de veículos do País até 2030, representando 7,6% das vendas anuais totais de automóveis. Essa participação, contudo, depende do nível de estímulo que os governos municipais, estaduais e federal concederem para incentivar a mobilidade elétrica no País. As projeções da CPFL apresentam ainda benefícios para o bolso dos proprietários. O projeto Emotive mostrou que o valor do quilômetro rodado de um automóvel comum a combustão é de aproximadamente R$ 0,30. No carro elétrico, esse custo é de R$ 0,11, o que corresponde a um terço do gasto com um carro convencional, fruto do combustível mais barato e da menor despesa com manutenção. “Para que a mobilidade elétrica se consolide no País, a CPFL Energia propõe um modelo de negócio aberto para a infraestrutura de recarga ao cliente, o que viabilizaria a expansão do número de eletropostos pelo País e estimularia o aumento de usuários de veículos elétricos”, diz o diretor de Inovação e Estratégia da CPFL Energia, Rafael Lazzaretti. De acordo com o gerente de Inovação da CPFL Energia, Renato Povia, o avanço dos carros elétricos e híbridos na frota nacional, mesmo com a ausência de qualquer tipo de incentivo, deverá alcançar cerca de 7% da frota de veículos de combustão até 2030. Segundo ele, com essa expansão, haveria um impacto de apenas 5,84% no setor elétrico, caso todos os veículos fossem elétricos daqui 12 anos. “Os estudos mostraram que, caso haja estímulo financeiro do mercado e avanços tecnológicos, o cenário deve ser favorável à expansão dos veículos elétricos” , comentou. No entanto, o fortalecimento da mobilidade elétrica no País, ainda depende de alguns fatores, como a diminuição do alto custo do veículo elétrico (devido à ausência da produção nacional e tributação) e a infraestrutura da recarga incipiente, que atualmente possui autonomia para rodar apenas 200km. “Atualmente essa tecnologia ainda é muito cara. O custo inicial de uma bateria de um carro elétrico é R$ 200 mil. Um custo extremamente elevado”, explica Povia. Infraestrutura de distribuição é compatível Uma das principais conclusões do projeto Emotive é que o setor elétrico brasileiro está preparado para absorver o crescimento da demanda por energia elétrica com a expansão do número de veículos elétricos em operação no País. Os testes realizados mostram que, considerando uma taxa de 5% de penetração de veículos elétricos na frota total, 80% das redes de distribuição não apresentaram nenhum dano ou problema. Ou seja, não precisariam de adequações ou investimentos adicionais para atender essa nova demanda. Para efeito de comparação, apenas Noruega e Holanda superam, atualmente, os 5% de participação de veículos elétricos em suas frotas. Outros quatro países - Suécia, França, Reino Unido e China - possuem penetração um pouco superior a 1%. Portanto, a infraestrutura de distribuição do Brasil não é um impeditivo para o avanço da mobilidade elétrica no País, e o sistema elétrico está preparado para o crescimento dessa frota. No lado da oferta de energia, as projeções da CPFL Energia apontam que o uso da tecnologia ampliaria entre 0,6% e 1,6% o consumo total de energia em 2030, considerando uma frota de carros elétricos variando entre 4 milhões e 10,1 milhões de unidades.