RMC formará um comitê para enfrentar a febre maculosa

O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), apresentou na sexta-feira (16) a proposta de criação de um comitê na Região Metropolitana para enfrentar a febre maculosa, que foi aprovada. A sugestão foi feita após o município registrar, na última semana, quatro mortes por essa doença e há outros dois casos suspeitos – são mulheres internadas que aguardam os resultados dos exames que estão sendo feitos pelo Instituto Adolfo Lutz. A formação do grupo de trabalho foi apresentada durante a reunião, em Campinas, dos 20 municípios da RMC com o governo estadual para discutir projetos estratégicos até 2040. 

O presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC e prefeito de Jaguariúna, Gustavo Reis (MDB), apoiou a formação do comitê, que deverá fazer a primeira reunião de trabalho nos próximos dias. Dário Saadi defendeu dois pontos básicos a serem adotados que são a capacitação dos médicos para diagnóstico rápido da febre maculosa, o que pode evitar as mortes, e campanha de esclarecimento da população sem causar pânico.

“É fundamental que as ações de enfrentamento à febre maculosa sejam articuladas além dos limites do município, que seja de maneira conjunta. Somos uma região com cerca de 3 milhões de habitantes e é importante a união neste momento de enfrentamento a uma doença tão complexa quanto a febre maculosa”, afirmou Saadi. A Região Metropolitana tem muitas cidades conurbadas e um intenso trânsito de pessoas para trabalhar, estudar ou lazer.

Dos quatro óbitos registrados, um casal é de Jundiaí, uma moradora é de Hortolândia e a outra é de Campinas. Todas estiveram em uma festa na Fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, em Campinas, o que levou a prefeitura a tratar o quadro como surto. 

AÇÕES EM ANDAMENTO

Os sintomas da doença são parecidos com o de outras, o que gera o risco de retardar o tratamento com antibiótico e avanço do quadro clínico até o óbito. A febre maculosa causa febre, dor pelo corpo, dor de cabeça e manchas avermelhadas, quadro muito parecido com os sintomas de dengue e de leptospirose.

A comitê regional de enfrentamento deverá ter a participação dos 20 municípios da RMC, além da Secretaria Estadual de Saúde. Antes mesmo da formalização do grupo, municípios da região já anunciaram nos últimos dias ações de prevenção da febre maculosa.

A Secretaria de Saúde de Valinhos anunciou que realizará nos próximos dias 21 a 29 a capacitação dos médicos da rede básica de saúde e das Unidades de Atendimento a Urgência para que se atentem aos casos suspeitos, pois a cidade está em uma área de transmissão. A prefeitura também recolocará placas de alerta sobre a presença de carrapatos – o da espécie estrela é o transmissor da febre maculosa - em áreas verdes e será feito um novo mapeamento das áreas de risco, considerando locais onde já foram registrados casos positivos anteriormente.

Valinhos não registrou casos da doença este ano. Além disso, equipes da Vigilância em Zoonoses iniciou na quinta-feira a distribuição de panfletos e orientações sobre cuidados, sintomas e tratamento para os usuários da rodoviária e do Poupatempo. Na próxima semana a ação será ampliada para a iniciativa privada, com a campanha sendo realizada em empresas da cidade.

Os agentes de Combate às Endemias farão o trabalho de orientação e entrega de folder com explicações também sobre a febre maculosa durante as ações de campo, diretamente na casa dos moradores. Outros quatro municípios da RMC – Sumaré, Hortolândia, Holambra e Itatiba – anunciaram campanhas de alerta da população para procurar tratamento médico imediatamente caso apresente sintomas ou suspeita de febre maculosa.

Em casos mais graves, o paciente apresenta náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas e até mesmo paralisia. Hortolândia ainda identificou com placas dez pontos no município onde há risco de infestação de carrapato-estrela e orientou a população a evitar a circulação nesses locais. São áreas verdes ou que margeiam lagos e o Ribeirão Jacuba.

Holambra registrou os últimos casos de febre maculosa em 2015, quando duas pessoas morreram. “Muitas vezes o carrapato não é visto, não se percebe a picada, mas a pessoa pode ter sido contaminada. Daí a importância de, se apresentar os sintomas e tiver frequentado áreas verdes, procurar por atendimento médico e informar o profissional sobre a possibilidade de contato”, disse o diretor municipal de Saúde, Valmir Marcelo Iglecias.