PUJANÇA COMERCIAL

RMC emplaca três cidades na lista de 35 polos importadores

Campinas, Paulínia e Indaiatuba somam US$ 11 bilhões em compras no exterior

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
08/07/2023 às 11:10.
Atualizado em 08/07/2023 às 11:10
Terminal de carga do Aeroporto Internacional de Viracopos foi eleito um dos três melhores do mundo, segundo uma publicação internacional do setor: Campinas está no 18º lugar no ranking nacional de importações (Divulgação/ Viracopos)

Terminal de carga do Aeroporto Internacional de Viracopos foi eleito um dos três melhores do mundo, segundo uma publicação internacional do setor: Campinas está no 18º lugar no ranking nacional de importações (Divulgação/ Viracopos)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem três cidades entre as 35 do país que mais importaram em 2022, revela o estudo Panorama dos Municípios Brasileiros no Comércio Exterior elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria Comércio e Serviços (MDIC). Juntas, Campinas, Paulínia e Indaiatuba somaram US$ 11,57 bilhões (R$ 56,67 bilhões), o que representou 4,24% do total de US$ 272,611 bilhões (R$ 1,33 trilhão) em importações feitas no ano passado pelas 72 cidades com as maiores movimentações analisadas pelos técnicos do governo federal.

Para o economista e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, Paulo Ricardo da Silva Oliveira, que faz levantamentos sobre o comércio exterior, o resultado mostra a forte presença de indústrias na RMC. "Elas importam muitos insumos para a fabricação de seus produtos, tanto para abastecer o mercado interno quanto para exportar", explicou. Isso reflete no saldo da balança comercial da Região Metropolitana, que fechou os cinco primeiros meses deste ano com déficit acumulado de US$ 3,71 bilhões (R$ 18,16 bilhões).

De janeiro a maio, as empresas da RMC importaram US$ 6,02 bilhões (R$ 29,47 bilhões) e exportaram US$ 2,31 bilhões (R$ 11,3 bilhões). Uma pesquisa feita por Paulo Oliveira mostra que a RMC tem 1.814 empresas operando no comércio exterior, das quais 1.568 são importadoras e 802 exportadoras. Do total, 30,6% operam simultaneamente com as duas atividades, sendo que 64,5% dos importadores não exportam.

"Uma análise dos produtos mais importados pela Região Metropolitana mostra que tem tudo a ver com o perfil das indústrias que elas abrigam. Em Indaiatuba, são as autopeças; Campinas, máquinas, equipamentos e eletrônicos; enquanto em Paulínia são os agroquímicos", disse o Oliveira, que faz acompanhamento mensal da balança comercial da RMC.

DESEMPENHO

De acordo com o levantamento do MDIC, Paulínia, que é o maior polo petroquímico da América Latina, importou US$ 6,52 bilhões (R$ 31,92 bilhões) em 2022, o equivalente a 2,39% do total, o que colocou o município na 6ª posição do ranking das cidades que mais fizeram esse tipo de transação. A cidade ficou atrás apenas de Manaus/AM (US$ 14,15 bilhões), Itajaí/SC (US$ 13,52 bilhões), São Paulo/SP (US$ 9.83 bilhões), Rio de Janeiro/SP (US$ 8,64 bilhões) e São Luís/MA (US$ 7,34 bilhões).

Campinas, por sua vez, está no 18º lugar no ranking, com importações que somaram US$ 3,25 bilhões (R$ 15,92 bilhões). Indaiatuba aparece na 35ª posição, fechando a lista do Panorama dos Municípios Brasileiros, com o total de US$ 1,79 bilhão (R$ 8,76 bilhões) no ano passado. Na última década, as três cidades da RMC que aparecem no ranking do MDIC registram crescimento de 57,63% nas importações.

Em 2012, elas somaram US$ 7,34 bilhões (R$ 35,93 bilhões), de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do MDIC. A alta foi puxada principalmente por Paulínia, cujas as importações passaram de US$ 2,31 bilhões (R$ 11,3 bilhões) para US$ 6,52 bilhões (R$ 31,92 bilhões), ou seja, aumento de 182,25% entre 2021 e 2022.

No mesmo período, as exportações do três municípios registraram crescimento de 4,66%, passando de US$ 2,79 bilhões (R$ 13,65 bilhões) para US$ 2,92 bilhões (R$ 14,29 bilhões). Paulínia também registrou a maior alta, 29,36%, com as vendas ao exterior passando de US$ 757,97 milhões (R$ 3,71 bilhões) para US$ 980,51 milhões (R$ 4,8 bilhões). Porém, Campinas ainda lidera no quesito exportações, somando US$ 1,02 bilhão (R$ 4,99 bilhões) em 2022.

As três cidades da RMC aparecem na lista do MDIC das 72 que mais vendem ao exterior, mas estão fora do ranking das 35 maiores. Nesse quesito, o ranking é liderado pelo Rio de Janeiro, com US$ 21,88 bilhões (R$ 107,12 bilhões) no ano passado, com participação de 6,55% no total de US$ 334,16 bilhões (R$ 1,63 trilhão) das cidades analisadas. O município paulista melhor colocado é Santos, na 7ª posição, com US$ 4,69 milhões (R$ 21,83 bilhões), participação de 1,41%.

DIVISÃO

São Paulo é o Estado com o maior número de municípios exportadores. São 435 cidades, o que representa 67,44% do total de 645, de acordo com o estudo do MDIC. A participação é maior que a média nacional. Em 2022, o Brasil contou com 2.407 municípios que exportaram, ou seja, 43% dos 5.570 existentes. Foi a maior quantidade de cidades exportadores desde o início da série histórica do Panorama dos Municípios Brasileiros no Comércio Exterior, em 1997.

De acordo com o levantamento, Minas Gerais é o segundo Estado na lista (362), seguido pelo Rio Grande do Sul (247), Paraná (221), Santa Catarina (211) e Bahia (148). O Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), mantido em uma parceria entre a Faculdades de Campinas (Facamp) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), teve a participação de 145 empresas de Campinas entre 2021 e o mês passado. O número representa 8,1% do total do perfil previsto pelo projeto, que inclui os setores de agricultura, pecuária, aquicultura, produção florestal, pesca, indústria de transformação e extrativa mineral.

"Podemos deduzir que há um grande potencial na RMC para iniciativas privadas e políticas públicas de fomento à exportação e com isso aumentar o número de empresas exportadoras", disse o gerenteexecutivo do PEIEX Campinas, Olavo Henrique Furtado. "É um mito que apenas as grandes empresas exportam. Os microempreendedores individuais (MEIs) e as micro e pequenas empresas representam 40,8% dos exportadores, mas somam 0,9% das vendas externas brasileiras. As grandes empresas, entre elas as multinacionais, se destacam pelo volume que movimentam", explicou Furtado.

Para ele, é significativo o interesse das empresas da região no comércio exterior. Recentemente, ele realizou apresentações do PEIEX em Jundiaí, Campinas, Vinhedo e Americana, sempre com casa lotada. "As empresas que têm um pé lá fora se recuperaram muito mais rápido do impacto pandêmico (da covid-19) do que aquelas que estão fechadas apenas para o mercado interno. Isso ocorreu em todo o mundo", disse o gerente-executivo do programa em Campinas.

Uma multinacional investiu no ano passado R$ 135 milhões em seu conjunto químico de Paulínia, onde emprega 800 funcionários, em novas tecnologias, processos e produtos para aumentar a competitividade da empresa. O complexo reúne 27 fábricas de produtos químicos destinados a indústrias nacionais e do exterior nas áreas de cuidados pessoais e com a casa, alimentos, tintas e vernizes, automóveis e vestuário, entre outras.

A produção anual da empresa é de aproximadamente 1,2 milhão de toneladas. "Temos muitas ambições de crescimento e vamos continuar aplicando a receita que usamos para fazer com que o conjunto de Paulínia, um dos maiores complexos industriais da empresa no mundo, se torne uma referência cada vez mais forte na química verde. Nossa receita inclui investimentos constantes, muita inovação tanto em produtos como em processos e práticas de sustentabilidade avaliadas internacionalmente", afirma a presidente do grupo na América Latina, Daniela Manique.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por