CARTEIRA ASSINADA

RMC criou 5,3 mil postos de trabalho em março

Desempenho foi o melhor para o mês nos últimos três anos, segundo estudo realizado pelo Observatório PUC-Campinas, a partir de dados do Novo Caged

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
29/04/2023 às 09:42.
Atualizado em 29/04/2023 às 10:26
A construção civil continua figurando entre os setores da economia que mais geram empregos com carteira assinada na Região Metropolitana de Campinas (Rodrigo Zanotto)

A construção civil continua figurando entre os setores da economia que mais geram empregos com carteira assinada na Região Metropolitana de Campinas (Rodrigo Zanotto)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou em março a criação de 5.368 empregos, o melhor desempenho para o mês nos últimos três anos. É o que revela estudo feito pelo Observatório PUC-Campinas com base nos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O resultado é 5,13% maior do que os 5.106 postos gerados em março de 2022, número que praticamente empatou com o do mesmo período do ano anterior, quando foram feitas 5.104 contratações com carteira assinada.

O resultado do mês passado também foi o segundo melhor dos últimos sete meses na RMC, inferior apenas aos 8.381 novos empregos abertos em fevereiro deste ano. A Região Metropolitana fechou o primeiro trimestre de 2023 com a criação de 16.450 de vagas, o que representa uma leve queda de 0,22% na comparação com os 16.486 postos mesmo período do ano passado.

De acordo com o Observatório PUC-Campinas, os setores responsáveis pela criação do maior número de vagas em março na região foram serviços (2.992 empregos), seguido pela construção civil (1.196), agropecuária (1.140) e comércio (261). O desempenho negativo no mês ficou por conta da indústria, com o fechamento de 221 postos de trabalho. "A geração de empregos é positiva, mas essa estabilidade mostra que a recuperação econômica está abaixo do que gostaríamos que estivesse", analisa a pesquisadora do Observatório e professora de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, Eliane Navarro Rosandiski.

Para ela, o desempenho da agropecuária e da construção civil se deve à sazonalidade. Muitos contratos são temporários "por conta da safra ou obras específicas", explica. Porém, ela destaca o volume de vagas formais surgidas na região, que teve um desempenho melhor do que outras do Estado de São Paulo ao longo do primeiro trimestre.

Em março, a RMC foi responsável por 10% dos novos postos criados em todo o Estado, participação que havia sido de 12% em fevereiro e 14% em janeiro. Nos três meses, o índice ficou acima da média histórica da Região Metropolitana de Campinas, que é de 7%.

CENÁRIO

Para Eliane, é preciso que haja uma redução da taxa de juros no país para haver um ambiente mais favorável para investimentos que resultem na criação de um número maior de empregos. A economista considera que a Selic de 13,5%, que é a taxa básica de juros do Banco Central, está em discrepância com as medidas do governo federal de estimular o consumo para acelerar o crescimento econômico.

A pesquisadora do Observatório PUC-Campinas cita como resultado desse descompasso o baixo volume de empregos gerados pelo comércio e o resultado negativo da indústria na região. Ela explica que, recentemente, a indústria automobilística deu férias coletivas por conta dos estoques altos, decorrentes da queda nas vendas, situação que impacta toda a cadeia produtiva. Foi o que ocorreu com o segmento industrial na RMC, que conta com várias fábricas de autopeças.

Dos 20 municípios da região, 18 tiveram saldo positivo na geração de empregos em março. As duas cidades onde o número de demissões superou o de contratações foram Americana, com o fechamento de 43 postos no mês passado, e Nova Odessa, com 5. No acumulado do primeiro trimestre, o desempenho negativo ficou por conta de Jaguariúna (-142) e Engenheiro Coelho (-38).

Das 815 vagas criadas em Hortolândia entre janeiro e março deste ano, 500, o que representa 61,34% do total, foram geradas por um atacadista inaugurado esta semana. Um dos novos funcionários é Gustavo Lima, de 23 anos, que estava desempregado há mais de um ano. Ele comemora voltar a ter carteira registrada.

A nova loja recebeu um investimento de R$ 80 milhões. A unidade faz parte de uma rede que tem 310 filiais em todo o país e que espera crescer 22,58% este ano. O plano de expansão da empresa, pertencente a um grupo multinacional do setor supermercadista, prevê a inauguração de 70 novas lojas no Brasil em 2023.

OUTRAS CIDADES

Em março, o município de Campinas registrou a criação de 1.412 postos de trabalho, acumulando 5.001 novas vagas no primeiro trimestre. Na cidade, apenas os setores de serviços, com 1.254 vagas, e construção civil, 267, tiveram saldo positivo no mês passado. O comércio fechou 78 postos, a indústria, 17, e o agro, 14.

No primeiro trimestre, o setor industrial foi responsável por praticamente três em cada cinco novas vagas criadas em Vinhedo. As indústrias geraram 261 empregos, o que representou 58,65% das 445 novos postos de trabalho. "Dos 42.645 empregos formais, esse setor responde por 45,83% total, ou seja, 19.545 postos", diz o economista Gildo Canteli, assessor econômico e financeiro da Prefeitura de Vinhedo.

No município, a segunda colocação é do setor de serviços, com uma participação de 33.8%, com o comércio aparecendo em terceiro lugar (17,43%). A construção civil, com 2,78%, e agropecuária, com 0,17%, fecham o balanço. Na RMC, o segmento de bares, restaurantes e hotelaria gerou 2.415 empregos no primeiro trimestre, aponta o Caged. As contrações feitas de janeiro a março representam 55,32% do total de 4.365 novos empregos acumulados nos 12 meses de 2022, ressalta a entidade do setor.

SALÁRIO

As cinco cidades da RMC que registraram o maior saldo de emprego nos três primeiros meses deste ano foram Campinas, Paulínia (2.165), Indaiatuba (2.112), Sumaré (1.180) e Holambra (1.030). Em março, o salário médio dos trabalhadores admitidos na Região Metropolitana de Campinas foi de R$ 2.190, valor superior à média nacional, que foi de R$ 1.960.

O estudo do Observatório PUC-Campinas aponta que 64,51% das contratações no mês passado foram de pessoas com o ensino médio completo. Foram criadas 3.463 vagas para pessoas com esse nível de formação. As mulheres representaram 60,6% dos empregos criados em março, assumindo 3.253 vagas. Os homens ficaram com 39,6% do total, com 2.115 colocações.

Março fechou com uma estimativa na RMC de estoque de 961.167 empregos, aponta o Observatório. São Paulo foi o Estado com maior saldo de empregos formais em março, segundo dados do Novo Caged. Ao todo, foram gerados 50.768 postos, o que representou 26,01% das 195.171 contratações com carteira assinada feitas no Brasil.

No acumulado deste ano, de janeiro a março, São Paulo também foi o que mais gerou postos formais de trabalho, com uma performance de 136.604 postos, o equivalente a 56% dos 243.893 empregos formais abertos na Região Sudeste no mesmo período.

Com os números registrados em março deste ano, o Brasil atingiu um estoque 42,97 milhões de vagas formais ativas, o maior já registrado desde março de 2002. Os empregos criados em março de 2023 representam quase o dobro de postos gerados em março de 2022, mês que fechou com saldo positivo de 98.786 no país. No acumulado do ano, entre janeiro e março, o saldo ficou positivo em 526.173 postos formais.

O setor de serviços foi o grande destaque de março no país, responsável por 122.323 postos, ou 62,6% do total. A administração pública (defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais) obteve o maior resultado (44.913), especialmente na educação (22.334) e saúde humana e serviços sociais (14.214).

O setor de construção civil foi o segundo maior gerador de postos de trabalho no mês, com saldo de 33.641 postos formais. O destaque ficou para obras de infraestrutura, com saldo de 14.279 postos de trabalho. Em seguida veio a indústria, com saldo positivo de 20.984 postos, e comércio (18.555). A agropecuária foi o único setor com resultado negativo em março, com o fechamento de 332 vagas.

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