NOVAS VAGAS

RMC cria quase 25 mil empregos nos primeiros quatro meses do ano

Comércio e indústria foram os principais responsáveis pelo desempenho da região no primeiro quadrimestre

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
04/06/2024 às 08:09.
Atualizado em 04/06/2024 às 08:36
Número de vagas com carteira assinada foi inferior apenas aos quatro primeiros meses de 2021, período de recomposição do mercado após o primeiro ano da pandemia de covid-19; setor do comércio fechou 336 vagas no primeiro quadrimestre de 2023 e agora, em 2024, abriu 748 novos postos (Alessandro Torres)

Número de vagas com carteira assinada foi inferior apenas aos quatro primeiros meses de 2021, período de recomposição do mercado após o primeiro ano da pandemia de covid-19; setor do comércio fechou 336 vagas no primeiro quadrimestre de 2023 e agora, em 2024, abriu 748 novos postos (Alessandro Torres)

O comércio e a indústria puxaram a alta na oferta de empregos no primeiro quadrimestre de 2024 na Região Metropolitana de Campinas (RMC), que fechou com o saldo de 24.838 vagas criadas com carteira assinada, o segundo melhor resultado para o período desde 2020, quando foi instituído o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. O resultado acumulado representou um crescimento de 17,33% na comparação com os 21.170 postos gerados entre janeiro e abril de 2023, dois períodos considerados em condições normais, sem impacto de fatores extraordinários, de acordo com o estudo feito pelo Observatório PUC-Campinas. O acumulado deste ano é inferior apenas aos 25.617 empregos criados nos primeiros quatro meses de 2021, período de recomposição do mercado após a avalanche de demissões em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19.

No primeiro quadrimestre de 2024, o comércio teve, proporcionalmente, o maior aumento, que foi de 322,62% na criação de empregos, saldo de 748 postos, após em igual período do ano passado ter sido marcado pelo fechamento de 336 vagas. A indústria foi o segundo setor com o maior resultado positivo, alta de 70,1%. O saldo de trabalhadores contratados com carteira assinada na área passou de 3.228 em 2023 para 5.491 de janeiro a abril de 2024. O setor da construção civil foi o terceiro com o melhor desempenho, com crescimento de 44,08%, com a geração acumulada de vagas passando de 3.344 para 4.818.

O setor de serviços registrou aumento de 8,46%, com o saldo passado de 12.556 de janeiro a abril de 2023 para 13.618 em 2024. Apesar de neste ano ter criado 163 postos, a agropecuária na Região Metropolitana registrou queda de 92,84% na comparação com os 2.277 empregos criados no ano passado. Para a economista Eliane Navarro Rosandiski, responsável pela pesquisa do Observatório PUC-Campinas, a alta na oferta de empregos reflete os resultados das políticas de governo, indicadores econômicos positivos e a retomada do crescimento do aumento de consumo. “Todo esse cenário traz uma onda de otimismo que gera essas contratações”, disse ela, que também é professora da PUC-Campinas.

No entanto, a especialista adota cautela quanto a uma manutenção do resultado positivo, ressaltando ser necessário aguardar os dados de maio para ter uma avaliação mais concreta. Eliane Rosandiski explicou que o mês passado será influenciado por alguns fatores, como os estragos provocados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, afetando a cadeia produtiva de determinados segmentos, aumentos das despesas federais, em virtude das medidas de socorro aos gaúchos, e a política do Banco Central de reduzir o ritmo de queda na taxa básica de juros, a Selic. “Embora não concorde, isso gera preocupação porque há quem veja que isso poderá ter impacto sobre a inflação. Isso contribui para reduzir o otimismo”, disse a economista.

REFLEXOS Depois de dois anos fazendo apenas bicos, a vendedora Daniele Françoise da Silva Peixoto comemora a possibilidade de voltar a ter registro em carteira. Ela está em fase de teste em uma loja na Rua 13 de Maio, o principal corredor comercial do Centro de Campinas, onde há vários cartazes de oferta de empregos. “É importante ter o registro, pois é a garantia que receberemos os nossos direitos”, disse Daniela Peixoto fazendo referência ao 13º salário, férias, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e outros.

Ela tenta efetivar a contratação em uma loja de confecções que está com duas vagas abertas e aumentará o número de vendedoras de seis para oito. A gerente do estabelecimento, Cássia Cristina Smaniotto, aposta na proximidade do Dia dos Namorados e na continuidade do frio para manutenção das vendas em alta. “O frio nos últimos dias de maio é que nos ajudou a bater as metas (de venda) do mês”, explicou. De acordo com ela, a onda de calor em pleno outono estava prejudicando as vendas, com a mudança na meteorologia revertendo o quadro. Nas vitrines e manequins das lojas predominam agora as roupas de outono-inverno.

Uma indústria de produtos para cuidados com a pele acaba de anunciar um investimento de US$ 6,5 milhões (R$ 34 milhões) para triplicar a capacidade produtiva da planta de Hortolândia. “O Brasil está entre os três principais mercados da empresa no mundo, com uma forte trajetória de crescimento no último ano”, disse a gerente-geral da empresa, Lígia Santos. Os recursos foram destinados para a compra do prédio da indústria, que antes operava por meio de leasing (uma espécie de aluguel), e aquisição de um terreno de 48 mil metros quadrados ao lado do prédio.

De acordo com a fabricante de dermocosméticos, os investimentos são para atender ao aumento das vendas e resultarão em contratação de funcionários. Essa é a segunda alocação de recursos da multinacional em Hortolândia, que destinou US$ 56 milhões (R$ 292,5 milhões) para montar a fábrica em 2015, ocasião em que criou 300 empregos.

SALÁRIOS E EVENTO

A pesquisa do emprego do Observatório PUC-Campinas apontou que, em abril, a média salarial dos trabalhadores admitidos foi de R$ 2.162, queda de 7,45% em comparação aos R$ 2.335,94 pagos em igual mês de 2023. Para Eliane Rosandiski, a diminuição da remuneração reflete a estratégia das empresas de cortar custos também através dos salários. “Essa característica está muito forte desde a reforma (trabalhista) de 2017”, afirmou a economista. De acordo com ela, essa realidade também aparece na contração de funcionários temporários, que representou 1.268 das 4.508 vagas criadas no quarto mês deste ano, o equivalente a 28,13% do total.

A professora da PUC-Campinas observou ainda que muitos dos trabalhadores temporários contratados foram para terceirização de atividades-fim do setor industrial, como embaladores e alimentadores da linha de produção. Em abril, quatro dos cinco setores econômicos apresentaram saldo positivo na criação de empregos. O setor de serviço gerou 3.806 postos, seguido por indústria (953), agropecuária (537) e comércio (373).

Apesar do acumulado positivo no quadrimestre, a construção civil terminou o quarto mês do ano com o fechamento de 1.101 vagas de trabalho. Das 20 cidades da RMC, cinco apresentarem queda no número de empregos: Paulínia (-1.503), Jaguariúna (-87), Santo Antônio de Posse (-19), Monte Mor (-15) e Pedreira (-10). Campinas registrou a criação de 2.829 vagas, o que representou 37,25% do total.

Em meio a esse resultado, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sedia hoje um evento para conexão de estudantes negros com o mercado de trabalho. A 3ª edição do Encontro com o UBN (Unicamp Black Network) acontecerá no Centro de Convenções da instituição, a partir das 17 horas. Estarão presentes alunos da universidade e representantes de 24 empresas. A iniciativa é gratuita e exclusiva para pessoas negras (pretas e pardas).

A expectativa é reunir mais de 400 estudantes em uma tarde de palestras e oportunidades. “A Unicamp é um celeiro de profissionais de alto nível e nosso evento tem como objetivo estabelecer a conexão entre nossos talentos negros e as organizações que buscam a diversidade com profissionais de excelência. Vale destacar que a UBN é a principal iniciativa, atualmente, no Brasil que foca no desenvolvimento da carreira de pessoas negras”, disse Matheus Gomes, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp, idealizador do UBN e, atualmente, consultor de projetos de saúde e educação no Banco Mundial.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por