Acumulado de janeiro a junho foi de US$ 7,49 bilhões, superando em 4,61% a melhor marca anterior de US$ 7,16 bilhões
No primeiro semestre, o déficit da balança comercial regional foi de US$ 5,12 bilhões (R$ 28,34 bilhões), alta de 17,17% em relação aos US$ 4,37 bilhões (R$ 24,29 bilhões) de janeiro e junho de 2023; Estados Unidos são o principal destino das exportações das empresas regionais (Kamá Ribeiro)
O resultado da balança comercial mostra a continuidade da retomada da atividade industrial da Região Metropolitana de Campinas (RMC) neste ano. No acumulado de janeiro a junho, as importações somaram US$ 7,49 bilhões (R$ 41,246 bilhões), valor recorde dos últimos 12 anos. O desempenho foi revelado pela Comex Stat, plataforma com dados do comércio exterior do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). “Ao contrário do que muitas pessoas pensam, esse é um bom sinal para a economia. Isso mostra o aumento da compra de insumos para produção. Como a região de Campinas é um grande polo industrial, indica aumento da atividade do setor”, explicou a economista Ana Cecília Barroso.
“As indústrias são responsáveis por algo em torno de 70% das importações do Estado de São Paulo, não são produtos para abastecer o mercado, como roupas e eletroeletrônicos, voltados para o consumidor final”, acrescentou. No primeiro semestre do ano, as importações tiveram aumento de 4,61% em comparação aos US$ 7,16 bilhões (R$ 39,62 bilhões) de igual período de 2023, que era o recorde anterior. Entre os dez itens mais importados pelas RMC, sete são insumos de produção, como agroquímicos, circuitos eletrônicos, partes e acessórios de máquinas e sangue humano e animal para produção de vacinas e uso terapêutico.
“O setor industrial está reagindo positivamente. No primeiro quadrimestre de 2024 a atividade industrial já acumula uma alta de 3,5% no Brasil. Em 12 meses, a atividade cresceu 1,5%. Mesmo com a queda pontual em abril, é possível observar movimentos interessantes”, afirmou Ana Cecília Barroso. Em abril, a produção industrial nacional apresentou uma queda de 0,5% em relação ao mês de março, na série com ajuste sazonal. O resultado marcou o fim de dois meses seguidos de crescimento, período em que acumulou expansão de 1%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
OUTROS DADOS
Entre janeiro e junho, as exportações acumuladas da RMC foram de US$ 2,37 bilhões (R$ 13,12 bilhões), o quarto melhor resultado da série histórica iniciada em 2013. Isso apesar de uma queda de 15,05% em relação aos US$ 2,79 bilhões (R$ 15,44 bilhões) do primeiro semestre de 2023, recorde do período. “No mercado externo, nós temos uma série de conflitos geopolíticos, como a Guerra de Israel, Guerra da Ucrânia, e isso tem afetado as demandas globais de produtos industriais. Sem contar que o nosso sistema tributário prejudica muito a competitividade da nossa indústria”, acrescentou a economista.
Apesar dessas barreiras, uma indústria de medicamentos instalada em Campinas, uma das três maiores do país e que faz parte de uma multinacional francesa, registrou faturamento de 200 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão) no primeiro trimestre deste ano, alta de 2,4% em comparação ao mesmo período 2023. O resultado foi superior ao estimado inicialmente, 1,6%. Para o presidente da empresa no Brasil, Fernando Sampaio, a capilaridade de atuação e o crescimento constante do setor nos últimos anos tornam a operação local estratégica para o grupo.
A empresa desenvolve um programa para ampliar a exportação de genéricos para a América Latina. Ela já está presente na Colômbia e tem ações para expandir a atuação no México, Venezuela e analisa países da América Central. Como parte da estratégia de aumento nas vendas, a farmacêutica está investindo R$ 100 milhões no aumento da capacidade de produção no triênio 20023-2025. De acordo com a empresa, a expansão será capaz de atender o crescimento projetado até 2028. Além desse valor, a unidade brasileira investe R$ 35 milhões ao ano em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos produtos.
MAIS EXPORTADOS
No primeiro semestre, o déficit da balança comercial regional foi de US$ 5,12 bilhões (R$ 28,34 bilhões), alta de 17,17% em relação aos US$ 4,37 bilhões (R$ 24,29 bilhões) de janeiro e junho de 2023. A indústria atua no setor da Região Metropolitana de Campinas que mais exportou nos últimos 12 meses. A lista traz, na ordem, medicamentos, tratores, automóveis de passageiros, partes e acessórios de veículos, e óleos de petróleo ou de minerais betuminosos.
Os Estados Unidos são o principal destino das exportações das empresas regionais, com participação de 18,42% no total. Depois aparecem a Argentina (16,77%), México (7,47%), Chile (5,29%) e Alemanha (4,85%). A China lidera as importações feitas pela RMC, sendo responsável por 23,24%. Os Estados Unidos ocupam a segunda colocação, com 13,63%, seguido pela Alemanha (7,02%), Índia (5,08%) e Coreia do Sul (4,54%).
Os dados foram fechados após as empresas da região terminarem junho com exportações de US$ 405,87 milhões (R$ 2,24 bilhões), queda de 15,95% na comparação com os US$ 482,91 milhões (R$ 2,67 bilhões) de igual mês do ano passado. As importações somaram US$ 1,28 bilhão (R$ 7,08 bilhões), alta de 12,28% na comparação com o US$ 1,14 bilhão (R$ 6,31 bilhões) de junho de 2023. Com isso, a balanço comercial apresentou resultado negativo de US$ 882,78 milhões (R$ 4,88 bilhões), aumento de 33,06% diante dos US$ 663,42 milhões (R$ 3,67 bilhões) do sexto mês do ano passado.
De acordo com os dados da Comex Stat, Campinas foi a cidade da Região Metropolitana que mais exportou em junho. As empresas do município venderam ao exterior US$ 75,03 milhões (R$ 426,36 milhões), com participação de 18,48% do total da RMC. A segunda colocação foi ocupada por Paulínia (US$ 66,58 milhões – 16,4%), seguida por Indaiatuba (US$$ 60,56 milhões – 14,92%). As três cidades ocupam também, na mesma ordem, as primeiras colocações nas importações.
As exportações da Região Metropolitana tiveram uma participação de 6,24% no total do Estado de São Paulo, queda em relação aos 7,42% de junho de 2023. De acordo com a economista Ana Cecília Barroso, isso está relacionado à redução da participação da indústria nas vendas ao exterior paulista. O motivo é o avanço da representatividade do agronegócio na balança comercial.
Levantamento realizado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) mostrou que as exportações da agropecuária aumentaram 12,8% no acumulado de janeiro a maio, alcançando US$ 11,76 bilhões (R$ 65,10 bilhões). Já as importações cresceram 7,3%, totalizando US$ 2,34 bilhões (R$ 12,95 bilhões). Este cenário resultou em um superávit na balança comercial do agronegócio paulista, atingindo US$ 9,42 bilhões (R$ 51,14 bilhões), aumento de 14,2% em relação ao mesmo período de 2023.
Com isso, a participação das exportações do setor no total do Estado foi de 42,5%, enquanto a participação das importações setoriais ficou em 7,8%. Segundo a pesquisa feita pelo órgão vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, houve aumentos significativos nos valores das exportações de suco de laranja (25%) e café verde (79%). Essa combinação de variações resultou em um recuo de 13,5% no superávit da balança comercial do agronegócio em maio de 2024 em relação ao mesmo mês do ano anterior. Ainda assim, no acumulado de janeiro a maio de 2024, o saldo da balança comercial do agronegócio permanece positivo (+14,2%).