GESTÃO DE SAÚDE

RMC apresenta detalhes do futuro Hospital Metropolitano

Número de leitos pode chegar a 400 e o investimento de até R$ 320 milhões

Ronnie Romanini/ [email protected]
18/03/2023 às 08:44.
Atualizado em 18/03/2023 às 08:44
Evento Infratech - Gestão Pública Inteligente realizado em Campinas apresentou um diagnóstico da Saúde na RMC por meio de um estudo feito pela Unicamp e a necessidade de implantação imediata do Hospital Metropolitano, que garantirá um atendimento de excelência aos moradores da região (Rodrigo Zanotto)

Evento Infratech - Gestão Pública Inteligente realizado em Campinas apresentou um diagnóstico da Saúde na RMC por meio de um estudo feito pela Unicamp e a necessidade de implantação imediata do Hospital Metropolitano, que garantirá um atendimento de excelência aos moradores da região (Rodrigo Zanotto)

Prefeitos da Região Metropolitana de Campinas (RMC), secretários estaduais, empresários e deputados federais da região se reuniram na sexta-feira (17), no Royal Palm Hall, em Campinas, para a apresentação do diagnóstico da Saúde na região, o primeiro de seis eixos estruturantes do Infratech - Gestão Pública Inteligente, plataforma criada para auxiliar a gestão dos serviços públicos e melhorar a integração entre as cidades da região contando com um grande banco de dados que municiará os gestores. O estudo, apresentado pela Unicamp, explicitou algumas dificuldades regionais na área e reforçou a necessidade de, entre outras medidas, a implantação de uma estrutura hospitalar, no caso, o Hospital Regional Metropolitano, uma das iniciativas que mais estão sendo demandadas pelos prefeitos e autoridades em Saúde da RMC.

O diretor-executivo da Diretoria Executiva da Área da Saúde (Deas) da Unicamp, Oswaldo Grassiotto, foi o responsável por apresentar a avaliação do SUS na RMC pensando em alternativas para o desenvolvimento de redes de atenção à saúde. Ele também forneceu mais detalhes sobre o projeto para o Hospital Metropolitano. 

O hospital teria gestão técnica da própria Unicamp e seria administrado pela Fundação da Área da Saúde de Campinas (Fascamp), com atendimento eletivo e de urgência referenciados. O número de leitos poderia chegar até a 400 e o custo de investimento seria de R$ 320 milhões, com um custeio anual de R$ 250 milhões. O Hospital Regional Metropolitano ficaria em uma área da Fazenda Argentina de cerca de 40 mil metros quadrados, cedida pela Unicamp para o projeto. A necessidade de novos leitos é destacada pelo dado apresentado por Grassiotto de que entre 2008 e 2017 houve uma queda progressiva de aproximadamente 19% no número de leitos hospitalares SUS cadastrados. Em 2020 e 2021, houve um leve crescimento, mas insuficiente para repor a perda notada nos últimos 15 anos. 

O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé, argumentou que a melhora na assistência à Saúde pode trazer benefícios em outras áreas. Uma das possíveis consequências seria ampliar a industrialização na região, fazendo com que inovação, ciência e tecnologia sirvam para a instalação de novas empresas.

"Nós queremos contribuir para reduzir as desigualdades, para garantir sustentabilidade, inclusão social e que as empresas tenham lucro, mas um lucro voltado à resolução dos problemas da nossa sociedade. É a nossa disposição como instituição e não é possível fazer isso sem uma relação estreita dos órgãos públicos. A proposta do Hospital Regional vem nessa direção. Ela permitirá não apenas um salto de qualidade no atendimento e assistência à saúde, mas também para um grande desafio, que é ampliar as áreas oncológicas na estrutura do nosso HC, Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), Hemocentro...". 

Tanto o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), como o prefeito de Jaguariúna, Gustavo Reis, (MDB), também presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC (CD-RMC), elogiaram a iniciativa de integração regional e defenderam a criação do novo hospital. 

"A Unicamp sofre uma carga porque muitos pacientes são mandados para cá [CAMPINAS], pois nossos hospitais não têm capacidade e o Estado de São Paulo não abre novos leitos na RMC desde a década de 80, com exceção da cidade de Sumaré. Portanto, o Hospital de Clínicas (HC) está congestionado, superlotado e precisamos de novos leitos. Vamos precisar de apoio de todos os secretários e peço reforço junto ao governador (Tarcísio de Freitas). Essa região é pujante e precisa de muito apoio", afirmou Reis. 

Gustavo também citou que a Infratech seria o início de um longo ciclo de desenvolvimento com foco na regionalização e na tecnologia em benefício do bem-estar social e da qualidade de vida dos moradores da RMC.

"Desde que assumi a presidência do CD-RMC, definimos como meta a integração cada vez mais efetiva dos municípios e execução de projetos, ações conjuntas, que buscam dar cada vez mais a qualidade de vida dos moradores e o desenvolvimento na nossa região, sempre em parceria com todos os prefeitos. Temos que ver os problemas que são comuns e trabalhar de maneira coletiva. A plataforma Infratech visa à criação de uma infraestrutura de rede de informações dos municípios em seis eixos. Hoje estamos falando da Saúde, o segundo que faremos será Educação", concluiu Gustavo. Os demais eixos são Mobilidade, Segurança, Saneamento e Energia. 

Dário lembrou que uma das grandes vantagens que o HC terá a partir da criação do Hospital Metropolitano será o foco em atendimentos de alta complexidade. Atualmente, o hospital não consegue focar no que seria a sua especialidade, a alta complexidade. 

"Eu faço coro com o Gustavo Reis, com todos os prefeitos da região, no sentido de ter não apenas um investimento maior do governo do Estado na assistência e na abertura de novos leitos, mas também para deixar o HC da Unicamp voltado a atendimentos mais complexos, que são extremamente difíceis de conseguir, mesmo no setor filantrópico e privado. O HC tem essa capacidade. É o uso racional da estrutura hospitalar do HC.” 

Dados da Rede Regional de Atenção à Saúde15 (RRAS15) em 2021 indicam que 81% das internações nos hospitais da rede de saúde na RMC ocorrem em caráter de urgência. 

O subsecretário de Assuntos Metropolitanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação, José Police Neto, e os secretários de Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima, e de Turismo, Roberto de Lucena, estiveram presentes representando o governo estadual.

Leitos pediátricos 

O prefeito de Campinas aproveitou que o tema era a saúde regional e fez questão de abrir a sua fala fazendo um aceno ao governador Tarcísio de Freitas para que o Estado auxilie o município na atual crise pediátrica. 

"Nós estamos vivendo uma crise no atendimento de pediatria na RMC, principalmente atendimento materno-fetal, e, sem nenhuma crítica, tivemos dificuldades com o governo estadual anterior. Não pela falta de vontade, mas pela falta de cumprimento dos cronogramas que foram apresentados para a abertura de novos leitos, principalmente de pediatria, UTI e neonatal. Agora, temos com o governador Tarcísio um ótimo relacionamento e a boa vontade que ele demonstrou em resolver e ajudar os municípios da RMC nessa questão urgente do atendimento pediátrico e maternofetal."

Infratech 

O Infratech é um programa desenvolvido em uma parceria entre o Instituto Movimento Cidades Inteligentes (IMCI) e o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (CDRMC). A plataforma digital Infratech foi criada para gerir os serviços públicos e foi lançada em agosto do ano passado, em reunião do CDRMC. Um dos objetivos é capacitar os agentes públicos para entendimento dos benefícios que o adequado gerenciamento de dados pode trazer aos municípios e o impacto evolutivo que a tecnologia pode oferecer. O desenvolvimento leva em conta a Internet 5G. 

Nos meses de setembro e outubro, mais de 40 servidores participaram de um curso e foram capacitados, estando agora aptos para trabalhar com a coleta de dados, com segurança e de maneira normatizada. De abril até agosto, os outros cinco setores estruturantes terão os seus diagnósticos apresentados em outros eventos, um por mês. 

A Região Metropolitana de Campinas foi criada em 2000 e congrega 20 cidades, que somam 3,3 milhões de habitantes, o equivalente a toda população do Uruguai. Os municípios somam um Produto Interno Bruto (PIB) - que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - de R$ 210 bilhões, maior do que o de seis estados brasileiros.

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