CARTEIRA ASSINADA

RMC acumula em 5 meses a criação de 23.255 empregos

Observatório PUC-Campinas aponta que em maio foram 2.128 novas vagas de trabalho

Edimarcio A. Monteiro/ edimarcio.augusto@rac.com.br
01/07/2023 às 09:03.
Atualizado em 01/07/2023 às 09:03

Empresa logística anunciou a abertura de 187 novas vagas de trabalho para conferente, faturista, operador de empilhadeira, assistente de transporte e motorista para sua unidade em Paulínia (Divulgação)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou em maio o quinto mês seguido de saldo positivo na geração de empregos. No mês, foram gerados 2.128 novos postos de trabalho, de acordo com estudo divulgado pelo Observatório PUC-Campinas, com base em dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. O desempenho é o resultado da diferença entre as 48.497 contratações com carteira assinada e as 46.369 demissões ocorridas.

Apesar do saldo positivo, foi 66,55% menor em comparação a 6.360 vagas geradas em maio de 2022. A geração de empregos na RMC está em curva descendente desde março, após atingir o pico de 8.106 novos postos em fevereiro. Nos cinco primeiros meses do ano, a Região Metropolitana acumula a criação de 23.255 empregos, redução de 17,43% em comparação aos 28.161 novos postos gerados entre janeiro e maio de 2022.

Para a economista Eliane Navarro Rosandiski, responsável pela pesquisa do Observatório e professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, o quadro revela “uma política macroeconômica contraditória”. “Não dá para entender essa resistência para baixar a taxa de juros”, criticou a pesquisadora. Ela explicou que a política adotada pelo Banco Central (BC) está sufocando o consumidor e até mesmo as grandes empresas.

DESCOMPASSO

Na semana passada, o BC manteve a Selic, que é a taxa básica de juros, em 13,75% ao ano, a mais alta do mundo, pela sétima vez seguida. Para a pesquisadora, a decisão está em descompasso com a realidade do país, que não enfrenta uma alta da inflação por causa da demanda. Pelo contrário, a taxa inflacionária está em baixa, o Produto Interno Bruto (PIB) teve alta de 1,9% no primeiro trimestre, o dólar caiu e as exportações estão crescendo, pontuou Eliane Rosandiski.

Os juros altos, acrescentou, prejudicam o mercado consumidor, com alta da inadimplência, e freiam o aumento das vendas. A demanda estagnada está refletindo nas grandes empresas. Uma das principais fabricantes de automóveis do país anunciou esta semana a paralisação da produção por causa do alto nível de estoque. Além disso, redes de lojas de roupas e livros anunciaram o fechamento de filiais no país.

Apesar desse quadro, os sinais positivos da economia refletiram na expectativa das empresas, que estão otimistas para o segundo semestre. Pesquisada divulgada em junho pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) Campinas Interior Paulista mostrou que 95% dos entrevistados pretendem investir no biênio 2023/2024, 69% preveem aumento no faturamento e 83% devem manter ou contratar novos funcionários.

Outro indicador de desempenho favorável da economia é que os moradores da Região Metropolitana de Campinas devem gastar este ano R$ 149,27 bilhões, o que representa aumento de 7,33% em comparação ao R$ 139,07 bilhões de 2022. É o que apontou pesquisa Índice de Potencial de Consumo (IPC) Maps 2023, com o crescimento regional sendo maior que a média nacional, que é 2,7%.

EMPRESAS

Para a pesquisadora do Observatório PUC-Campinas, esse otimismo deve pressionar o Banco Central a reduzir os juros, que sinalizou adotar a medida a partir da próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), marcada para agosto. A perspectiva de um novo cenário levou empresas da região a prospectarem investimentos e geração de novos empregos.

Uma construtora acaba de anunciar sua entrada em Campinas, com um empreendimento com 600 apartamentos. A obra no Jardim Ipaussurama, iniciada em junho, deve gerar em torno de 180 postos de trabalho. Um segundo lançamento deverá ser programado para outubro, com mais 200 unidades. A empresa quer chegar a oito empreendimentos na cidade até 2025, que somam um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 500 milhões. “Nos três primeiros meses deste ano, a incorporadora atingiu 524 unidades vendidas, gerando cerca de R$ 112,2 milhões em VGV, passando as 326 vendas realizadas no mesmo período de 2022, com cerca de R$ 56 milhões em VGV”, disse o CEO do grupo, Pedro Donadon.

Uma empresa logística anunciou esta semana a contratação de 187 novos funcionários para sua unidade em Paulínia. São vagas para diversas áreas, entre elas conferente, faturista, operador de empilhadeira, assistente de transporte e motorista. As entrevistas de interessados ocorrerão até o próximo dia 8. Atualmente, a empresa está presente em todas as regiões do país com 16 operações, cerca de 3 mil colaboradores e uma frota com mais de 1.000 caminhões.

SETOR

O setor de serviços é justamente o que mais gerou empregos em maio na RMC, com praticamente oito em cada dez novas vagas. Ele foi responsável pelo saldo de 1.636 contratações, que representaram 76,88% do total. Em segundo lugar ficou a indústria de transformação, com a criação de 982 postos, seguido pelo comércio (430).

Das 20 cidades da Região Metropolitana, seis registraram saldo negativo em maio, com um número de demissões maior do que o de contratações. O pior desempenho foi o de Holambra, com o fechamento de 995 vagas; depois vieram Pedreira (-98), Vinhedo (-66), Morungaba (-55), Nova Odessa (-49) e Santo Antônio de Posse (-9). De acordo com a professora da PUC-Campinas, as demissões nessas cidades ocorreram principalmente no setor agropecuário e já eram esperadas, pois eram contratações temporárias ocorridas nos meses anteriores que em maio venceram o contrato.

Campinas registrou a geração de 952 empregos em maio, queda de 47,35% em relação aos 1.808 criados em igual mês do ano passado. Na RMC, apenas três municípios tiveram desempenho positivo na comparação dos dois períodos.

Proporcionalmente, o melhor resultado foi o de Artur Nogueira, com alta de 58,33%. A cidade fechou maio com 33 novas vagas, contra 22 em igual mês do ano passado. Depois aparece Monte Mor, que criou 307 novas vagas, alta de 51,98% em relação aos 202 postos de maio de 2022.

O saldo em Santa Bárbara d´Oeste foi 13,77% maior, 567 vagas contra 501. A economista Eliane Rosandiski acrescentou que as admissões ocorridas na RMC têm salários menores na comparação com as demissões em todos os níveis de escolaridade. No caso do fundamental incompleto, a média salarial ficou em R$ 1.837, contra os R$ 1.902 que eram pagos aos funcionários demitidos. No caso dos trabalhadores em ensino superior completo, o valor ficou em R$ 4.729, menor dos que R$ 4.955 que eram pagos.

A pesquisadora do Observatório PUC-Campinas ressaltou ainda a baixa qualidade dos empregos criados na RMC. Do total, 1.848 novas contratações foram de jovens de 18 a 24 anos com ensino médio completo e média salarial de R$ 1.819. Esse valor é inferior a média do que é pago na Região Metropolitana, R$ 2.253,20. Para Eliane Rosandiski, esses valores são insuficientes para gerar um aumento de demanda que permita um crescimento sustentável da economia. De acordo com ela, isso ocorrerá quando houver uma retomada da atividade industrial que resulte em aumento significativo das contratações do setor, que normalmente é o que paga os melhores salários.

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