Um investigador registrou um boletim de ocorrência no plantão do 1ºDP alegando abuso de autoridade por parte de três policiais militares
Um investigador registrou um boletim de ocorrência no plantão do 1ºDP alegando "abuso de autoridade" por parte de três policiais militares (Cedoc/RAC)
Uma nova rixa entre policiais militares e civil de Campinas neste final de semana voltou a expor as duas corporações. Dessa vez, um investigador que atua na 2ª Delegacia Seccional registrou um boletim de ocorrência no plantão do 1º Distrito Policial(DP) alegando "abuso de autoridade" por parte de três policiais militares. A abordagem teria acontecido em uma feira livre. Além de ameaças de algema e retirada da arma, os militares teriam tomado as carteiras funcional e de habilitação, que depois foram devolvidas, revirado e retirado objetos do carro sem a presença de um superior ou da corregedoria da Polícia Civil. O constrangimento iniciou em frente a uma banca de pastel, na presença do filho pequeno do investigador e seria uma consequência de uma abordagem de trânsito. Informações extraoficiais dão conta de que o carro que o investigador dirigia estava com a documentação atrasada desde 2012 e quando ele seguia em uma determinada via da cidade, uma viatura da PM em patrulhamento fez sinalização para que o motorista parasse, mas ao em vez de parar, o investigador teria abaixado o vidro, se apresentado como policial e seguido viagem. Os policiais militares pesquisaram sobre a placa do carro, que está em nome de outra pessoa, e tempos depois seguiram até a feira, onde localizaram o veículo estacionado. Através de informações apuradas no local, os militares conseguiram encontrar o investigador e a partir daí deu-se início a um desentendimento. De acordo com portaria da PM, um policial, seja civil ou militar, tem que acionar os superiores, delegados ou corregedor, no caso de policial civil, tenentes e comandantes no caso de militares, para acompanhar uma abordagem que envolva policiais. Neste caso, segundo a vítima, a norma não foi seguida. O investigador teve o carro guinchado e ele mesmo registrou boletim de ocorrência de abuso de autoridade. "Não posso falar sobre a ocorrência em si porque não estava no local, mas foi uma abordagem desagradável e desnecessária. Tem regras e normas a serem seguidas e isso não foi observado" , disse o delgado da 2ª Delegacia Secional, José Henrique Ventura. "A atitude dos policiais será apurada na esfera administrativa e penal" , completou. O presidente do sindicato dos policiais civis (Sinpol) Aparecido Lima de Carvalho, o Kiko, disse que o Sinpol "repudia veementemente a abordagem feita por Policiais Militares" e "vê com preocupação este novo incidente e medidas serão adotadas para a devida apuração dos fatos" . "O problema foi exclusivamente de trânsito, portanto entendemos totalmente desproporcional a abordagem a revista e apreensão feitas" , frisou Para o advogado e especialista em Segurança Pública, Ruyrillo Pedro Magalhães, o que aconteceu demonstra falta de entendimento entre as corporações e que este evento demonstra que se trata de uma rixa desnecessária. "Poderia ter sido resolvido amigavelmente. A polícia tem coisas mais importantes para resolver e ela precisa trabalhar de forma integrada. Os policiais deveriam ter aplicado multa, seguido o que determina a lei. No meu ponto de vista, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) quem tem que resolver essa situação entre as policias" , comentou. Em nota o comando do 35º Batalhão da Polícia Militar, que responde pela área onde aconteceu o caso, informou que tomou conhecimento da ocorrência través da rede social e que já foi instaurado procedimento administrativo para a devida apuração dos fatos narrados. "A Polícia Militar reafirma o seu compromisso com a legalidade e a transparência e se coloca à disposição para eventuais esclarecimentos", frisou.