Segundo o secretário de Saúde de Campinas, Carmino Antônio de Souza, os locais mais preocupantes são os bairros do Campo Belo e Jardim Eulina, onde houve maior número de casos
Agentes percorrem casas ( Dominique Torquato/ AAN)
Dois terços das áreas abrangidas pelos 64 centros de saúde de Campinas já registraram casos de dengue entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano. Isso significa que, no território de 42 unidades de saúde, pelo menos uma pessoa já foi diagnosticada com a doença. Essas regiões passam a ser chamadas de “áreas de transmissão”. Segundo o secretário de Saúde de Campinas, Carmino Antônio de Souza, os locais mais preocupantes são os bairros do Campo Belo e Jardim Eulina, onde houve maior número de casos. Em terceiro lugar, está o Taquaral, que também já levantou alerta do governo, mas em proporção menor. Atendimentos Os dados da Prefeitura referem-se a pacientes que procuraram atendimento nessas regiões, incluindo os hospitais e prontos-socorros particulares. Também correspondem aos casos já confirmados e os notificados, quando o paciente é diagnosticado com dengue, mas ainda aguarda resultado de exame.De acordo com último balanço divulgado pela Prefeitura, na semana passada, Campinas já confirmou 211 casos de dengue em janeiro deste ano e outros 1.002 continuam em investigação. No ano passado, quando a cidade viveu a maior epidemia de sua história, com 41.218 casos, o município registrou 262 deles em janeiro. Um novo levantamento estava previsto para ser divulgado nesta semana, mas foi adiado devido ao Carnaval. Preocupante Para Carmino, o fato de a maior parte das áreas de Campinas já ter registrado casos de dengue é preocupante e mantém-se na mesma proporção do ano passado.“Gostaria que tivéssemos menos casos agora, mas nós não conseguimos acabar com a transmissão em 2014, pois tivemos casos em todos os meses. Esperava que em janeiro tivesse número menor, mas fomos atropelados pela conjuntura nacional”, disse o secretário. Carmino também afirmou que, neste momento, Campinas ainda não vive uma epidemia, mas disse que essa possibilidade não está descartada. “Não sabemos como 2015 irá se comportar, mas a impressão que dá é que (a epidemia) se antecipou. A situação de Campinas ainda é confortável, mas não sabemos se o cenário se manterá assim”, disse. Reflexo De acordo com ele, essa antecipação da epidemia em escala estadual pode ser reflexo da crise hídrica quando a população passou a armazenar água nas casas, formando locais propícios a criadouros do mosquito transmissor da dengue. Normalmente, o pico, período com maior número de casos, ocorre em abril de cada ano. Diante da situação, a Prefeitura tem intensificado as ações, principalmente nas regiões onde há notificação. Assim que há suspeita de um paciente doente, uma equipe da Prefeitura faz a vistoria na casa para identificar possíveis focos de mosquito. Imóveis vizinhos, num raio de cerca de cem metros, também são vistoriados. Apesar da situação, Carmino considera que em Campinas há aspectos positivos. O primeiro é que não há notificações de chikungunya — doença transmitida pelo mesmo mosquito da dengue, o Aedes Aegypti. O segundo ponto positivo é que a cidade só registrou transmissão do vírus tipo 1, o mesmo que circulou ano passado.Ações Entre esta quinta e sexta-feira (19 e 20) cerca de 30 bairros das regiões Leste e Sul de Campinas recebem intervenções, com mutirão de limpeza e organização dos espaços públicos para eliminar os focos de criação do mosquito da dengue. Os bairros abrangidos são todos do distrito de Sousas e nas regiões do Jardim Santa Eudóxia, Vila Lemos, Jardim Itatiaia, Jardim Proença, Guarani, Paranapanema e Baronesa. Durante esta quinta, o Jardim Fernanda, na região do Campo Belo, recebeu agentes da Prefeitura que fizeram vistoria nas casas e colocação de telas em caixas d’água.